domingo, 31 de agosto de 2014

Continuamente...

Vi continuamente
quando vivi, até todos 
que eu conhecera,
terem partido,
e também, até testemunhar
todos voltarem,
e não terem me reconhecido...

quando eu fui executado,
quando eu fui salvo,
quando me suicidei,
quando morri afogado, 
esmagado, soterrado, 
devorado por feras...

quando como eremita,
fiquei isolado,
quando em meio à multidão
também fiquei sozinho,

quando fui odiado,
quando fui muito amado,

quando fui absolvido, 
sendo culpado,
quando fui condenado 
sendo inocente,
quando fui calado,
quando me deram voz e menti,
quando falei a verdade
e assim, ofendi...

quando não fui compreendido,
quando também não compreendi...

e tantas vezes fui herói anônimo,
fazendo o impossível,
tantas vezes fui covarde e sujo,
infiel e bandido,

e santo, e verdadeiro, e falso, 
e iluminado, e idiota,

 e novamente martirizado, desonrado, apedrejado,
decapitado, sufocado, enforcado, morto por inanição,
sede e frio, e desidratado no calor escaldante...

e conheci a glória, e então fui triunfante e extremante feliz ...

Quando vivi várias vezes, estes mesmos instantes
e lembrei terrivelmente, cada detalhe mil vezes... 
e mais mil, só então, deixei de me importar
e apenas, comecei a observar....

preso dentro deste circuito perpétuo,
ainda que como agente, mas, impotente diante
do turbilhão de acontecimentos causais e casuais
agora,  como observador,
me descobri livre...

Aos poucos, todas estas vidas inteiras
começaram fazer algum sentido,
tudo aparentemente,
mostrou-se como nada além do próprio
e intenso desejo de vive-las e revive-las...

e depois, dissolvendo-se,
veio daí, algo como um despertar ...

Então, crescente e daí, transcendida 
mesmo a lucidez,
o vácuo continuado de presença 
e silêncio se fez comigo,
por incontáveis éons e éons...

e para meu descanso
e minha suprema paz,
aconteceu...

Ainda que só num ínfimo instante,
cheguei ao bendito nada..!

Mas... nunca,
nunca num tão esperado
finalmente...

Pois, eu desejo sempre tudo
'acreditando' novamente...
Continuamente.
-Das asceses místicas


quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Vitória? Derrota? Caminhos...

Uma ou mais derrotas não perpetram
necessariamente fracassos.
Há derrotas, das quais colhe-se bons resultados,
ou desdobramentos
muitas vezes, melhores que em uma vitória...
O que se faz depois de uma derrota...
Como vivenciamos nossas retomadas isto sim importa.
O que podemos desenvolver em nós, à partir daí é o que importa...
Conceitos, significações, metas ... e mesmo o deslumbramento de
uma ou mais vitórias...
Nada é páreo para a felicidade, quando se descobre que apesar de tudo,
podemos fazer dela, uma opção simples e não dependemos nem mesmo
de um mundo externo para atingi-la...
ralleirias


uma proposição

Existe uma proposição,  que atinge o imaginário moderno,
onde nos é imposta a certeza de que devemos nos enquadrar
num modelo idealizado de ente, que vive em permanente sucesso,
cercados num arcabouço de extrema felicidade lírica e
de realizações e conquistas objetivas quanto aos amealhamentos
dum sistema de consumo insano e destruidor.
Instigam-nos a crença sobre nosso fracasso, se assim não vivermos
e isto potencializa também a tristeza e me parece, que isto facilita
muito o que conhecemos hoje como depressão.
Mas acontece, que não apenas antônimos são a  felicidade e a infelicidade.
São elas, também os lados de uma mesma moeda que atribui valor real ao
nosso desenvolvimento. Este valor está ligado a nossa condição de humanidade.
Talvez a estratégia deste sistema, seja justamente fomentar este desiquilíbrio,
para que tentemos suprir nossas angústias propositalmente com as aquisições
destes pequenos pacotes de felicidade idealizada, vendida num mercado
oportunista e à varejo...
ralleirias - das lutas de classe

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Quando o mal, permanece nas sombras, oculto...

Quando o mal, permanece nas sombras, oculto,
ele pode se passar, por qualquer coisa... inclusive virtude.
Quando o mal, não está revelado, e não pode ser nomeado
nem reconhecido, ele pode agir sobre a realidade e corromper
a verdade.

Assim, travestido de virtude, então o mal, pode acusar à qualquer
entidade, sentimento ou ação, vontade e entendimento ou mesmo
concepção, de serem o próprio mal...
O mal potencializa o desconhecimento, e serve-o não como ignorância,
mas como estupidez.
O mal entrelaça-se com a pré-concepção e fabrica assim o preconceito.
O mal corrompe o interesse, transforma-o em ganância, e o vicia pela vaidade...
Corrompe também as boas intenções e fomenta-lhes assim a escassez ..
E daí, distorce-as e às prostitui  e usa-as então, como ferramenta aliciatória.
Ele transforma a união de grupos naturais, em maléficas facções.
Dos desentendimentos, ele faz guerra, e brutaliza...
Divide para conquistar, corrói, dessensibiliza.

Nas suas veias, correm ácidas, a velhacaria e a malícia...
Bebe das ingenuidades... o mal transforma a certeza em fanatismo cego.
Insufla o ego e constrói à partir das opiniões comuns, o extremismo e o fascismo...
É utilitarista, é só pragmático, excludente, o mal é enfático.

O mal não se importa com nenhum sofrimento, a não ser que lhe seja útil.
O mal deseja o ódio, o mal não concede perdão, ele tortura, ele cala...
O mal é besta, é fanático, é vastidão árida e inóspita, o mal é fútil...
Não tem pena, a lógica ele subverte... o senso, ele desacata.
O mal deseja a discórdia, ele ofende, encarcera, envenena...
Quando o mal, permanece nas sombras, oculto, ele também mata.

ralleirias (Das lutas de classe - fragmento)


Damos nascimento, para todo o instante...

Damos nascimento, para todos os instantes... E à diferentes entidades.
Estas, ainda que mesmo internas, conduzem-nos até um novo ente,
e este, embora desdobrado de nós, também será outro...
Será movido por sonhos frágeis, como em bolhas de sabão...
E desdobrar-se-á sempre em mundos novos e novas identidades,
e sempre em aparentes novas descobertas e fascinações...
Até o cerne de nosso ser perceber, que está onde sempre esteve.
Como um observador integrado ao todo e com potencial infinito...
E toda criação, será percebida como co-emergente de nossa razão.
Somos muito mais que a persona e a mente.
Somos a consciência que esteve e estará sempre presente.
ralleirias


Mudou novamente...

Existe um universo diferente entre uma piscada e outra...
Um turbilhão de fatos se sucedem, em milhares de historias diferentes...
muitos seres viventes, transformam-se em poucos segundos, em novos entes...
Novos mundos... permanentemente... Você não sente?
Ops! Mudou novamente...
E foi... na sua mente!
ralleirias


Legitime este momento...

Esteja aqui,
seja em qual for o tempo...
Ao olhar o passado,
legitime este momento, daqui.
Ao projetar a vontade,
construa sua próxima realidade,
um além, o lá, o futuro...
apenas à partir daqui.
Será verdade, se for de inteiro sentimento...
Sua atenção dará o consentimento,
mas daqui, deste momento...
O tempo acontece,
mas sua história,
é você quem tece...
e, aqui...
ralleirias




Absolutamente imprevisíveis...

Vivi momentos terríveis de felicidade...
Devastou ela, o meu mundo.
O poder... ah! O poder não é nada!
Havia uma ideia de quem eu era...
Agora, não há.
Meus sonhos de conquistas, como uma quimera
foram ilusões muito fáceis de dissolver e então abdicar...
Perdi a noção de tempo.
Foi mesmo um imenso, imenso momento...
Arrasto-me sequelado.
Os danos parecem irreversíveis.
Nada mais, nunca será como antes...
À minha frente, agora, há cascatas de mundos impossíveis.
Em que os amores, são muito maiores que tudo, e absolutamente imprevisíveis...
ralleirias

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Deixei que o sol esquentasse minhas asas...

Deixei que o sol esquentasse minhas asas...

E o vento então, já  mostra-se favorável ao voo...

Mas, é inútil uma partida sem objetivos pensados.

Não pelo controle, mas em zelo...

Pelos recursos vitais, tomados e empregados...

Alço então, num pulo pleno ao abismo

Confiança, apenas na profundidade do mergulho...

Nesta imensidão, incerta e multifacetada...

Rogo, não cometer os mesmos erros e enganos...

Pois afinal, a vida, às vezes, não sobrevive nem às metáforas...

E o tempo é curto ... e assim, como ele passa !
ralleirias

A visão utilitarista do outro...

Uma certa docilidade, por vezes, esconde a visão utilitarista do outro.
Mas contudo, é uma cordialidade velhaca e bipolar facilmente detectável...
Render-se nas vontades alheias, e voluntariamente, não chega a ser um
problema se houver consciência e concordância no ato.
Mas, pactos não são duráveis se houver servidão desigual em um dos lados...
Na geração destas dívidas sentimentais há sempre uma discordância na
paridade de valores...
Há esforços simples para alguns, que são sagas homéricas para outros...
Daí costumam surgir as cobranças impossíveis de serem saudadas,
pois na contagem de cada um, estas pendências assim,
nunca serão equalizáveis .
ralleirias

Na origem de suas ideias, quem lhe fala mais alto, seu amor ou seu medo? Pense!

Uma ideia, carregada em uma ou num conjunto de palavras, leva pensamentos expressos, e vai mesmo, além do entendimento...  cada vez que é falada é sempre e sempre replicada... associa-se à outras palavras, que não lhe são refratárias... em comum, agora  um pensamento, uma vontade, um sentimento, não necessariamente permeados por mentiras ou verdades... assim, na configuração de sua essência há uma estratégia ainda que involuntária que lhes dá permeância, mesmo nas mais complexas ou nas mais simples mentes desavisadas...  E assim, tomam os seus sentimentos, conduz as razões, e configuram entendimentos e comovem corações...  Ocorre uma ocupação sistemática na mente... Para o bem ou para o mal, a vontade é agora a impostura destas ideias de um caminho único, como se apenas isto fosse a legítima manifestação de uma real expressão... e um caminho supostamente de perfeição... Até que um conjunto de novas ideias, que vai se agregando, cause outra mutação.

Suas ideias e conceitos não são sua essência.  São sim, frutos da cultura, expressão de costumes, de vontades e interesses que necessariamente não são os seus...
Isto, pode não ser um problema... Mas inevitavelmente carreiam sempre interesses alheios e que legitimamente seus lhe parecem. Contudo, existem algumas associações benéficas, mas, outras não... Há ideias que nutrem nossas vidas de forma benfazeja, mas também há parasitas ... Algumas palavras tem como forte motor, os sentimentos que emulam.

O ódio por exemplo, consegue ser muito mais fluído que o amor, a resposta violenta é tão mais espontânea, do que a resposta da paciência e do amor.  Me parece bem claro, que primordialmente, as respostas do medo nos deram vantagens evolutivas e de sobrevivência por serem mais rápidas diante de qualquer dúvida ou risco...
O amor também nos conduziu em nossa evolução, mas a ambientação em que ele se dá, é um tanto mais tranquila... na maioria das vezes.
O amor bebe na fonte do desejo, da ternura e da tranquilidade.
O ódio e a violência, bebem na fonte do medo... e as palavras que tem neles o seu motor, nos convencem sem a necessária complexidade e demora da razão... são respostas inconscientes e subjetivas que tem caminho fácil em nossas expressões objetivas.

Então, pode acontecer de um conjunto de palavras, nos manter reféns de suas enganadoras, encarceradoras expectativas de um temerário porvir...
O ódio e o medo brotam de forma contundente em nós, e acreditaremos claramente, que elas são nossas profundas vontades... e damos assim uma resposta... Revestida de violência.  Com a vontade transfigurada, buscamos agora uma felicidade às avessas, e  belicosamente, isso poderá nos levará a uma servidão cíclica e randômica .

Veja, que mesmo os vermes que futuramente em nosso derradeiro ocaso, comerão nossa carne, nos devolverão como minerais à terra, numa ciclicidade que gerará novas vidas.
Mas, estes parasitas disformes e intangíveis, que são como assombrações de intenções más e torpes, travestidos de conceitos, de certezas na purificação pelo ataque e exclusão, nestes ideais de perfeição na violência e prepotência do poder do mais forte, consomem nossa mais pura essência humana e provavelmente nos jogarão à guerra e à morte... são vermes que proliferam-se assim, comendo nossos destinos, dignidade e nossa sorte...
Na origem de suas ideias, quem lhe fala mais alto, seu amor ou seu medo? Pense!
ralleirias- das lutas de classe


segunda-feira, 25 de agosto de 2014

O quanto fundo poderíamos chegar?

O quanto fundo poderíamos chegar?
Longe da luz, com nossos fôlegos apenas...
Dispomos de quanto ar?
Nossas chances, parecem tão pequenas...
parece que há, uma imensidão abismal para explorar...
e bastante restritos estamos, ao nosso meio...
À que veio a humanidade? O homem, à que veio?
Tanta potencia e tanta fragilidade...
Tanta ignorância e tanta capacidade...
Decerto descobriremos...
ralleirias- fragmento


imagem: Dobbiamo accettare la realtà per continuare a vivere " - Etty Hillesum (1914-1943)

Transitoriedades...

E então, somos instantes.
Carregando como um arcabouço da existência
o conhecimento de tudo que supomos verdades
do agora e do antes.
Uma lufada dum vento de percepção da realidade.
A certeza enquanto resistência...
Somos assim, às próprias transitoriedades...
E então, somos instantes.
ralleirias- ouroboros 

Imagem: "Memoirs of an Invisible Man" by ambiaso

Poderes imaginários...

Poderes sobrenaturais, entidades imaginárias declaradas onipotentes
e onipresentes, no entanto, muito facilmente também possíveis de serem
descritas, como sádicas e chantagistas... existem...
Cada ente às configura, e no seu imaginário, tudo ao seu redor permeia-se
assim destas pífias certezas... E isto, pode condena-las à viver num sonho
infantilizado, longe da responsabilidade, sobre a sua saga humana de dores
e glórias, e sem dignamente enfrentar e construir seus mundos e destino, e
principalmente, de transformar-se evoluindo nos seus próprios caminhos.
ralleirias

imagem: Lucio, 29 anos - Calote

Assim, o heroísmo se faz radiante...

Há uma metáfora fabulosa nesta representação...
As facas que o atacam compõe e justificam o escudo que leva na mão.
O herói se constrói e se reforça, no próprio enredo ...
O afiador de facas está em sua mão, eis aí o segredo...
O desafio é tão valorante quanto o seu potencial cortante...
Sua estória, no fio da faca se consagra...
Este, quanto melhor, só aumenta sua saga...
Então assim, o heroísmo se faz  radiante...
No que é encontrado, e amolado... sempre adiante...
ralleirias


Imagem: Clever Knife Block Design.jpg

Momento após momento...

Tinha, quase à certeza de que a vida
não mudava em nada.
No entanto... mudava!
E sem ela intervir, assim, só piorava!
Em cada dia que passava,
em cada noite em que sonhava...
o mundo sorrateiramente se transformava...
E ela, tranquila e bela,
àquele novo mundo, assim se acostumava...
e nada notava... nada...
Então um dia, finalmente despertou!
viu no mundo a maldade,
o mau ela notou!
pois ele, já transformava-se daí, em crueldade...
E indignada, viu que era assim que o tempo passava...
Era distraída por ele... ele à dominava e a enganava...
foi então, que também entendeu,
que ela, não apenas sonhava...
era assim inerte que ela autorizava
este mundo mau, que recebeu!
E neste ponto, uma reviravolta ! E então, um alento...
Descobriu que o mundo, se constrói...
muito pelas nossas vontades, e atitudes, e sentimentos...
E estes, são desencadeáveis
momento após momento...
E foi daí, que ela compreendeu,
que um mundo novo repleto de boas vontades...
pode mesmo à partir deste novo agora, ser seu...!
ralleirias -

Pra querida J.D. ...

domingo, 24 de agosto de 2014

metamorfizar...

- há...! se eu pudesse metamorfizar... me libertar, transformar tudo...
*- Mas é o que tá acontecendo agora mesmo com todo mundo, todos
 nós estamos em constante mudança, e...
- não! nada disto, falo de mudar de forma radical, como de lagarta para borboleta.
*- Tudo é possível, guardadas as dimensões e proporções sempre tem um
comparativo possível e realizável, capaz de acontecer no mundo que tu ocupa...
- Pois é... sabe o que é que eu gostaria?
*- Ficar rico do dia para anoite, ganhar na loteria...
- Exato... eu gostaria de ganhar um prêmio de loteria...
*- E poder fazer merda na vida dos outros...
- É, mais ou menos...
*- Ficando rico,  tu iria te satisfazer por algum tempo, inventar coisas, comprar
o desnecessário, desperdiçar recurso tempo e dinheiro...
e meter o bedelho na vida de muitas pessoas...
- provavelmente...
*- foder com tudo que tu conhece como teu mundo atual... tá mesmo preparado?
- Não, claro que não e quem tá?
*- Então esta insatisfação juvenil, iria continuar estabelecendo os caminhos da tua vida?
- Provavelmente...   !!(suspirão)!!  .... certamente, amor...
*- Então ainda bem que tu nem joga...
- Então eu sou como uma pupa de mosca e não de borboleta...
*- Quando tu ganhar asas, vai continuar circulando em cima da merda...
- Meu amor, porque tu é assim comigo?
*- porque eu falo a verdade... e quero que tu mude, mas pra melhor, talvez porque te amo...
- Que bom... e que merda...
*- Moscão.
ralleirias

Então, um novo jogo é jogado...

'Jogavam' ele e ele...
E sentava do lado de lá, realmente como um oponente...
Do lado de cá, prometia não ser um jogo fácil...
Finalmente um adversário à altura, mas contudo, certamente não páreo...
Horas à fio, jogadas bem pensadas, peças suspensas na mão, olhar perdido
num futuro de possibilidades... antevia três, sete jogadas...
Do lado de lá, tinha cuidados redobrados, quadruplicados,
pois o adversário é ardiloso, velhaco e malicioso...
Semana saía, semana entrava, o jogo evoluía, o tabuleiro 'sangrava'...
Difícil jogo, daqui pensava... difícil jogo, de lá balbuciava...
Então cometeu um disparate, num rompante de confiança em si
propiciou para seu eu adversário, que julgava distraído, ali, o cheque-mate!
Inusitado foi o que aconteceu, acusou-se de sabotador,
ao tabuleiro irrompeu, jogou-o ao chão, com tamanha fúria e ardor...
Calma, então alto gritou... se fizestes assim, se quem venceu fui eu,
e porque, o que realmente importa é que eu gosto de mim, muito mais do que eu!
Recolhe as peças do jogo, seu semblante, agora acalmado...
Olhar perdido por um muito longo instante, do qual sai com uma expressão triunfante!
E propõe assim,  num simples enunciado: Melhor de três é que vence!
Então, um novo jogo é jogado...
ralleirias


Eis aí a tal caverna...

Tudo posto, e o que já não foi dito e repetido?
O ego tem gosto por não correr perigo...

Da mais longínqua ancestralidade,
registrada por esta marca,
a qual demarca
também, as nossas vaidades.

Este nosso umbigo...

Eis aí, a tal caverna da qual
ainda não saímos de verdade...
ralleirias - das lutas de classe


sábado, 23 de agosto de 2014

O teu legado - II

O teu legado,
mesmo que seja dado
em um breve recado,
num pequeno momento...
Pode gerar um duradouro encantamento.

Pode, deixar uma semente,
em que um mundo já transformado, esteja latente.

Algo melhor, um tanto mais humano, quem sabe?

Quem sabe, um mundo menos tirano...

Onde o real sucesso, seja algo como a própria arte!

E a arte, tem este condão mágico... embora autocrata
Não existe arte com um só ente...
Ela urge ser também, essencialmente democrata.

E o teu legado, semeado
há de trazer, o bem novamente...

Realimentando esta corrente
será assim este 'bem'
para todos, perpetuado...
ralleirias


É uma afronta à toda razão...

É uma afronta à toda razão...
Acho, que nada poderia ser pior
para qualquer coração... tão solitário.
E parece mesmo, coisa de otário,
como boba, mas, poderosa ilusão...
De uma instável  instância,
onde o mundo, fica melhor!
E ainda que, com toda a perdição...
Sim... ainda poderia ser pior!
Esta maldita entrega,
incerta e inesperada,
que nos faz uma paixão!
É maravilha inusitada?
Ou é mesmo uma malvada,
e que nos maltrata, o coração..?
ralleirias


Powerful Love...(Powerful Love...)



sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Quem nos dera houvessem monstros...

Quem nos dera houvessem monstros...
O mal estratificado, personificado e identificado.
Há quem diga, que um dia, realmente houveram.

Se há, agora, devem estar muito bem escondidos...
Acho que eles certamente, assim como os demônios,
teriam medo da competição com a cruel maldade humana.

Eis que a humanidade, já  transformou o próprio inferno numa coisa
real, é uma espécie de lixão. Todos sabem quem fabrica o lixo, certo?
E o diabo? Ele que já foi como um corruptor político odioso,
em véspera de eleições, agora, comporta-se como um mamulengo
tosco, é garoto propaganda da indústria do entretenimento
religioso, comandando um show, num eterno programa de televisão
onde prega o ódio e a avareza e maliciosamente, nos entrega isto
como as virtudes das quais necessitamos, para alcançar a glória...
ralleirias


Imagem: Scenic Curtain for the Night Scene in "Petruschka," Nina & Nikita Lobanov-Rostovsky, 1911
(via Paraphilia Magazine).

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Fraqueza que se faz de fortaleza... Fúria do medo.

O ódio, já me disseram, é o filho primogênito do medo.
Quem dera o amor tivesse a capacidade de resposta
que o ódio tem em nós... O ódio costuma ser imediato!
Acho que em suas veias, ferve a essência liquefeita do mal...
Pesado fardo... Terrível é seu fado... Mas me parece um fato.

Assim, conseguimos mesmo, odiar facilmente até quem já amamos...
E o ódio, não tem nenhuma pressa em nos possibilitar o contrário....
Então, chegarmos ao 'cúmulo' de amar, quem nós já odiamos...
É quase impossível, às vezes até mesmo, impensável e incompreensível...

Fraqueza que se faz de fortaleza... Fúria do medo.
O ódio não é como o amor, ele, o ódio... dificilmente faz segredos.
O ódio brincando, gosta de fazer vinganças...
E quando se reveste na sua sorte,
ele faz o pior... e trás até a morte...
O ódio acredita-se! Pensa que nunca acaba,
tenta, mas sabe que nunca alcança...
Odiar mais, odiar mais....
Esta é a base de sua esperança.
ralleirias





Mais que tudo, mantenha-se humano...

Não é nada esotérico, pensar na dependência
que temos em relação à tudo que nos cerca,
como algo essencial para parametrizar e
confirmar quem nós somos...
Tudo em que acreditamos, também compõe
quem somos... simples...

Quantas pessoas realmente lhe conhecem?
Quantas sabem o seu nome, ou algo sobre você,
como, alguma historia sua, ou uma opinião sua
sobre algum assunto importante ou não?
Para quantas e quais delas, a sua existência é
verdadeiramente relevante?  Essencial?

E você lembrou de incluir neste inventário,
aqueles dos quais você não gosta,
ou que você supõe que não gostam de você?

Todas estas pessoas, que dão quorum e existências, para suas personas
(sim com 's'... cada um enxerga e evoca um 'você' diferente...), são parte
importante do seu mundo 'real'...

Se eu conseguisse voltar no tempo,
 e aconselhar o meu eu, ainda no passado, diria:

Valorize todos os pilares de sustentação, destes seus mundos...
Lute por todos, e até ame todos(se possível...) , mesmo os que não
parecem ser seus amigos, pois essencialmente, também estes fazem
o equilíbrio do fiel da sua balança, e contribuem e sim,
são responsáveis por lhe ajudar a ser quem você é,
e provavelmente pelo que você virá a se tornar...

Mas, mais que tudo... mantenha-se humano!
ralleirias - crônicas das lutas de classe

imagem: Pesc_Arte

Nada indica...

Nada indica que alguém sobreviverá ao mundo...
então... melhor não ser tão raso...
mas também, nem tão profundo.
ralleirias

imagem: The Big One - Bastien Grivet

O que posso te dar?

Mais que o amor?
O que posso, eu te dar?
Todos os sonhos, 
os teus e os meus.
Meus caminhos... 
E os teus? Os perdeu?
Já nem falo da vida, 
esta, comprometida...
Já nem cito a morte... 
E quem sabe, agora ela é sorte?
O que posso te entregar? 
O que te dá satisfação?
O meu ar? Meu olhar, 
o meu céu, o meu chão?
Toda minha paixão 
parece tão pouco...
Pois agora que minha razão 
se dilui, já sou um louco...
Mas, te dou... mais um pouco, 
mais um pouco...
Até que enfim eu acabe,
pois nada além de ti
agora, há em mim e
me mantém e me cabe...
ralleirias - bravo amar

Imagem: Finders Keepers - by Chiara Bautista / Tucson, Arizona, USA
http://goo.gl/nwceIt


Controla o mundo...

Há um ditado que diz:
'Quem controla a mente controla o próprio mundo,
e quem controla a respiração, controla a própria mente...'

Imagem: Metanoia

O medo da entrega...

O medo da entrega...
contorce a regra, e
trás involução?
Já foi tudo orquestrado...
Para poder ser amado
dilui-se primeiro o ser,
numa avassaladora paixão...
ralleirias
Imagem:
"I'll die the day you find me... & I'll die the day you die."
by Chiara Bautista / Tucson, Arizona, USA  - http://goo.gl/nwceIt

Dorme enquanto podes...

Dorme enquanto podes, pois a guerra
ainda não foi abertamente declarada...
Violenta suja e malvada...
Pelo império, construtor do nada.
Manchando com sangue, toda a terra
Abominavelmente azul, branca e encarnada...
Listrada e estrelada...

Dorme, enquanto ainda tens água...
Enquanto ainda podes saciar tua fome e as sedes
Dorme enquanto o fogo não arde...
Nas casas, nas portas, janelas, paredes...

Dorme, enquanto o império não te ataca...
Não te decepa, não te rende, não te empala, nem te estaca...

Dorme, enquanto eles moem apenas a tua cultura
Tua língua, teus credos, costumes e palavras...
Enquanto eles não poem seus tanques de guerra em tuas ruas
Enquanto apenas te fazem servo
Te fazem gado
Te deixam surdo, mudo e cego... e muito amuado

Dorme enquanto tens o privilégio do sono
Embora, não dos sonhos...
Pois mesmo destes
Já nem és bem o dono...

Não percebes o açoite?
Dorme ainda hoje! é um abono!
Dorme agora,  tens ainda noite após noite...
Enquanto o império, que contra a ti trama,
não te impõe o derradeiro sono...
Em tua última e eterna cama....
ralleirias-  Das lutas de classe


quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Lapso temporal II

Na capital Gaúcha, Porto Alegre, próximo à rua Uruguai com a esquina da
rua Sete de setembro, há vários prédios muito antigos, com modelos
arquitetônicos lindos, e também há becos, galerias e ruelas, e alguns destes
lugares são quase tão antigos quanto a própria cidade...
Mas o que define um lugar?
O espaço, o tempo, a sua arquitetura, suas referências, a memória sobre ele?
Seriam as pessoas que ali habitavam e  habitam ou suas histórias?

Ali naquela área, alguns incidentes misteriosos relacionados ao desparecimento
de pessoas ocorreram em diferentes momentos históricos, e em distintos pontos,
mas todos muito próximos uns dos outros, segundo registros, ao longo dos
últimos 200 anos.

Um engraxate, um vigia noturno, uma secretária executiva de um importante
banco, um garçom, um hóspede estrangeiro de um conhecido hotel que
há por ali... São estes alguns dos desaparecidos que constam ainda num dos
poucos registros que sobraram, e este, compõe o arquivo morto de um antigo
jornal da capital, que também já nem existe mais, além disto, há apenas a
memória fragmentada de algumas poucas pessoas, como os policiais aposentados
que investigaram parte dos casos, nas suas respectivas épocas de atuação na região.

Não há registros, de haverem encontrado, nunca mais, nenhuma destas pessoas
que por ali desapareceram.
Mesmo as suas histórias pessoais, parecem que se apagam também ao longo do
tempo, de fato restam ainda  muito poucas informações confiáveis, sobre quem
foram, e sobre suas vidas e tragédias. Mas há um caso pitoresco...

Há este, que é um dos  mais enigmático casos. O vigia noturno, que após
desaparecido,  enviou cartas à sua esposa, durante 27 anos, até esta falecer,
no final da década de 90.
No teor destas cartas, confessava solidão e saudade, e demonstrava que
acompanhava de alguma forma, o cotidiano dela e de sua filha, e então,
até mesmo o de sua neta.

As cartas não tinham envelopes, e eram escritas sempre no mesmo
tipo de papel, velho e amarelado, consistiam apenas de uma ou duas
folhas dobradas, sem pautas, a sua mesma caligrafia, escritas sempre
com diferentes canetas e tintas.
Ele  não dizia nelas, aonde estava,  nunca relatou as circunstâncias que
o fizeram sumir. Estas cartas, simplesmente apareciam na caixa de
correspondência.  Apenas numa breve referência na primeira carta,
dizia-lhes ser inacreditável o que havia  acontecido, que ele mesmo
não compreendia bem, e por isto mesmo não o relataria.

Recentemente, aconteceu mais um desaparecimento misterioso, uma
adolescente, estudante, que segundo o relato, praticamente como num truque
de ilusionismo, sumiu diante dos olhos de uma amiga que à acompanhava
e também diante dos olhares espantados dos seguranças do banco, cujo prédio
fica exatamente na esquina daquelas anteriormente referidas ruas...

Segundo o relato da amiga da estudante, aconteceu assim:
Após utilizar os serviços bancários no interior da agência,
além da sala de caixas eletrônicos, a estudante ao sair, ficou dando voltas
na porta giratória do banco, fazendo uma brincadeira com esta
sua amiga, que a esperava do outro lado,  então, a amiga decidiu brincar
também, e assim, entrou na porta giratória, quando daí, parece que simplesmente
e espetacularmente a estudante desapareceu durante um dos giros da porta!

Passados alguns meses, acalmada a comoção, seus familiares começaram a
receber mensagens enviadas pelo telefone que ela possuía quando sumiu.
A operadora não conseguiu identificar precisamente a área de transmissão,
embora pareça ser do mesmo local de onde ela desapareceu.

Segundo relatos dos familiares à polícia, a forma,  linguagem, expressões e
conteúdo das mensagens são inequivocamente dela, mas, contam histórias estranhas!
Nisto, não repetem o padrão das cartas do vigia noturno, com a exceção sobre o
segredo do que efetivamente ocorreu quanto ao seu desaparecimento...
O que ela, também não entende.
Mas agora, revela-se então, mais esta incrível ligação, que foi inesperada entre
estes dois casos!
O atual investigador, contou-nos sobre como desenvolve uma nova linha
de investigação:
Embora não consiga explicar o desaparecimento espetacular dela, ele supõe
que o provável autor dos sequestros e desparecimentos, seja um conhecedor
profundo destas histórias da região.

Para ele, não é apenas uma incrível coincidência, que a menina desaparecida
recentemente, envie mensagens para família, de fato ele descobriu que ela é a neta
do viga noturno desaparecido que também enviava cartas misteriosas à família.

O suposto criminoso,  na opinião do investigador, também é um sádico, sátiro,
maluco e perverso, mas muito inventivo, pois nestas mensagens que ele simula
ser a menina, enviando-as por telefone,  relata que está com o seu avô,  ele chama
a tenção para o fato de que, ela o conhecia apenas por antigas fotografias, também
nestas mensagens 'ela' diz que eles não envelhecem onde estão, segundo o que
ela diz, o que envelhece, somos apenas nós e a versão da cidade e desta realidade
na qual nós acreditamos.
ralleirias



A servidão ao dogma social...

A servidão ao dogma social, é como um tabuleiro,
aonde as liberdades fragmentadas, são as casas
aonde acontece o jogo.
Esta rendição que herdamos já no berço,
não nos permite, nem mesmo entender
nossa posição como servos, como pilhas,
como lenha desse enfogueiramento ...
Nos presumimos autônomos,
espertos, capazes, e diante da história
do mundo, nos achamos no alto de
 nossa pretensa modernidade,
realmente uma espécie de elite...
Nada mais antigo, do que ser escravo
pela vontade própria.
Nada mais batido, que a certeza ingênua,
 de nosso 'poder', diante deste mundo
que nos foi empurrado pronto.
Nossa condição, ainda carreia destino certo,
ante todas as incertezas...
Uma luta inglória até à morte,
aonde batalharemos cegos
em nossa total ignorância, para preservar
o 'privilégio' de nossos sucessores de
também morrerem assim como nós, escravos...
ralleirias - das lutas de classe


Para lembrar, provar, degustar, plantar e colher...

Melhor mesmo... é tentar usar a memória de forma seletiva,
Comemorando assim, as coisas que nos impulsionam para a
alegria e a felicidade.

Guardar o que não presta, é como cultivar um jardim de
espinhos,ou uma horta de plantas tóxicas e flores já mortas...
Contudo, mesmo um jardim morto tem solução.

Mágoas e tristezas, deixam marcas e ressentimentos.
Porém, 'nunca' esquece-las, é como carregar uma carga
pesada demais...
E mesmo que este 'nunca', dure muito pouco, tão pouco,
como apenas o nosso tempo de existência...

O que guardamos, mas talvez, muito mais o que descartamos,
pode ser de fundamental importância para qualidade do
desenvolvimento das nossas vidas...

Celebre com quem lhe apoiou e desista das suas mágoas.
Olhe para elas, como valiosas lições, revertendo seu sentido
em proveito de sua evolução... re-signifique-as.

Há coisas, que se tornam bem melhores com o tempo.
Veja bem, mesmo nossas alegrias, tendem a perder o
poder e a energia que tinham num primeiro momento,
contudo, algumas perduram...
Mas nossas tristezas, com o tempo, também podem
converterem-se em crescimento, e então, chegar mesmo
ao ponte de brilhar como sabedorias...

Acho, que temos pouco e incerto tempo para realmente viver.
E o que parece importante, é podermos sempre escolher...
O melhor, para lembrar, provar, degustar, plantar...
e assim, o que queremos colher...
ralleirias


do 'outro lado'

Aquela folha enorme, eu acho que era de taioba, caída no meio do mato,

intacta, não estava ressecada. O pé de 'taioba' havia sido esmagado há

meses, por um enorme galho de cinamomo que caiu durante um temporal.

Notei, ao segura-la, que uma espécie de rumor, de vibração saía dela,

achei muito estranho, poderia ser um inseto no seu interior? Mas o

caule parecia sólido e saudável. Ao aproxima-la do ouvido a vibração se

acentuava, mas era bem diferente, é como se houvesse realmente algo

no seu interior, a vibração parecia acontecer em um só dos lados.

Próximo ao talo, cortei com canivete, puxei um fino véu orgânico dela, e

me surpreendi quando vi mais uma camada, esta então com uma

textura acetinada uma espécie de película verde esbranquiçada, onde

enfiei meu dedo, que de maneira estranha ali afundou até rompe-la, e do

'outro lado' não tinha nada. Sessou o rumor e a folha, bem nas minhas

mãos, ficou quase que instantaneamente ressecada, e isto eu também

achei muito estranho, mas, não tanto quanto o que depois descobri:

Passaram-se três dias, desde que eu havia entrado naquele mato.
ralleirias(fragmento)


terça-feira, 19 de agosto de 2014

O segredo de todas as linguagens...

Ousaram desvendar o segredo de todas as linguagens...
Bilhões de mentes aguardavam o revelar daquele segredo.
Num esforço mundial, atingiram o colosso da lógica
entraram por suas veias... diluída foi a semiótica,
liquefeita em essência e razão...
Dali extraíram então os sentidos puros:
A bobagem, ganhou assim uma nova dimensionalidade.
Miragem, Verdade e Realidade, são três irmãs perversas
que brincam com a consciência, alimentado-a com promessas
Assim as linguagens, são delas meras concupiscências...
ralleirias

imagem: The Dark Side of the Psychedelic Freaks

Tal qual, o mais poderoso sol...

Notáveis, sem dúvidas...
Cada um de nós... realmente únicos.

Toda a complexidade do universo,
está entrelaçada em cada gesto nosso.

Nada houve ou haverá como o que somos.

E nada, absolutamente coisa alguma restará,
mesmo do mais grandioso ente...

Tal qual, o mais poderoso sol,
somos também impermanentes.
ralleirias
Imagem: The Dark Side of the Psychedelic Freaks

O possível, nos é servido requentado.

O possível colapsado, 
todo o dia,
nos é servido requentado.
Assim, não sentimos
o seu amargo
sabor de engano.

E mais uma vez,
suas sobras agora,
vem num 'assado'
mesmo que o gosto,
seja ainda mais estranho.

Agora, o possível ,
vem como sopa...
E, embora aos poucos,
sejamos envenenados,
o que nos interessa,
é novamente adiarmos
os desenganos.

No cardápio 
não há o impossível...
Nem nunca haveria!
Servido como pastel,
com recheio de factível
É o possível,
há o possível,
sempre! sim!
E nem mesmo 
é iguaria...

Até, definitivamente
fechar o restaurante,
quando somente
daí, o improvável
será tudo o que
haverá doravante...

E então, uma 
barraquinha abrirão. 
'Novos sabores de verdade'.
Servindo o delicioso 'incrível',
e ele, é muito mais crocante!
Mas, ainda tem o gosto 
de um possível
exatamente impossível
como antes...
ralleirias - Crônicas das lutas de classe



segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Um único lugar comum à todos os lugares.

Mais além, um único lugar comum à todos os lugares.
Abarca todo o nexo, mas repousa, aquém do complexo...
A mente, está!... por enquanto.
ralleirias



Ausências, por caso também não são uma agenda?

Ausências, por caso também não são uma agenda?
Ausências, 'por acaso' não são! Também são uma agenda.
Por acaso? Que 'acaso' decidiria ações e inações?
Sem acaso.... é o caso específico, o ocaso do problema
pelo colapso interno, externamente programado pela inação.
Dilui-se oculta a responsabilidade,
exime-se de culpa pela invisibilidade.
O poder necessita de conflitos para ser justificado
O poder não emana do povo, e ele não é do estado
O poder enseja manter-se espraiado, no entando, é muito localizado...
O poder, há muito foi loteado e elitizado...
Sequestrou o povo e o estado.
Necessita de vítimas para ser orquestrado.
Mais que pseudo pacificação técnica
é limpeza étnica... extingue-os, mas, vive
deste sangue, dos não empoderados...
ralleirias


Mais do que você sabe..?

Mais do que você sabe..?

A vida, costuma nos impressionar,
indo além daquilo que julgamos
como a realidade.

E assim, não se trata da sua ingenuidade,
mas, é muito mais sobre extrapolar
as suas certezas...

Como a chuva, que cai
criando inesperadas correntezas
e impensadas cascatas
de surpresas...
como uma estrela cadente 
que cai brilhante e surpreendente
Como ser brutal que acaba 
sendo gente

(...)
ralleirias





domingo, 17 de agosto de 2014

Transgredir a normalidade é regra.

Exceder esta posta realidade,
na verdade é nossa única ação.
Isto, é então a construção de cotidianos.
Essa habilidade transige como mera razão...
Assim, transgredir a normalidade
é regra, e nunca, nunca exceção...
ralleirias

Mudanças inesperadas...

Há mudanças inesperadas na natureza.
Desconheço razões e certezas, de tudo que isto implique...
É bom que se esclareça... ainda estamos no inverno.
E antes que, tudo floresça e frutifique.
Eu jamais esperaria sair do meu frio inferno...

Mas, que nem sereno, orvalhada, minha razão
foi se umidificando de ti...
Veio donde? Eu não fui pego! Sereno brota!
Escondido, eu tava dormente em minha grota...
De repente, já pingavam desejos febris.
Nesta folharada seca, em meio a geada...
que eu pensava serem meus sentimentos...
Minha alma gelada,
amornou-se em contentamentos
Agora, vivificam em mim... pensamentos primaveris...
ralleirias



Conjuro tuas forças essenciais!

Poder! Conjuro tuas forças essenciais!
E traga do cerne desta essência, a pureza!
Nela, como ígnea força, o amor se faça vida!

Liberdade! Conjuro tuas forças essenciais!
Dissipa os enganos associados à tua pureza!
Assim, essência e pureza, sejam superiores
à qualquer razão! Derrotem ainda no ventre
da estupidez, toda a corrupção dos sentidos humanos,
sobreponham-se ao medo, a maldade e a preguiça!

Morte! Te desvendo agora, sustentas o manto da eternidade!
Eu, assim então, te evoco como força para toda a vida!
Que nada te resista!
Serás sempre a suprema libertação de todos os enganos!
ralleirias

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Verdade e realidade em seus revesamentos...

Verdade e realidade em seus revesamentos,
carecem eternamente de autenticidade,
e consentimento
mas também, isto é um contexto pífio
ante à relatividade e sua continuidade.

... na 'real', não é 'verdade'?

E nem mesmo a relatividade
tem expressão
diante da eternidade
do não...
E eis que a verdade apenas 'é',
somente quando há 'então'.

à propósito, 'dá' a compreensão....

ralleirias


O inequívoco brilho de sinceridade em seus olhos...

E ela me disse,
que se acontecesse de morrer,
 morreria feliz,
e seu último suspiro,
seria antecedido por um sorriso de plena satisfação...

Havia vivido e amado com toda a intensidade possível,
mesmo não tendo todo o seu amor reconhecido,
mesmo não tendo sua dedicação compreendida...

Pois o seu amor
foi em devoção à vida,
foi celebração...

Não pude esconder minha expressão patética...
Eu tentei...
Gostaria de ter certeza de que ela estava fingindo...
Mas, era exatamente ao contrário...

O inequívoco brilho de sinceridade em seus olhos,
me fez sentir, como se eu fosse o pior dos vermes,
mal caráter do universo mais rasteiro...

Tive a certeza de ter conseguido agora
o posto de maior idiota do mundo,
era de mim que ela falava, era de nós...
E eu sentia, como se cada vez,
afundasse mais em meu próprio lodo...

ralleirias - Canalhas- fragmento.


quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Ouse viver, viva com inteligência...

Ouse viver, viva com inteligência...
prepare-se, organize-se, e quando estiver pronto,
exerça seu viver sem medo, e assuma dignamente
esta colheita advinda da sua autenticidade...
Saiba que é um trabalho incessante, às vezes árduo,
mas, sem dúvidas... não há nada mais gratificante
que viver de suas verdades...
ralleirias 22/03/13


Diário de um suicida (pouco resoluto) III

Mais um dia à menos, ainda bem.
Enquanto eu só perco tempo, é vantagem!
E há agora, menos uma noite também.
E eu, ainda morro...nesta viagem
Pois, mais dia, menos dia, a morte vem.
Vivo esperando a morte, sim,
até, com uma certa alegria...
Sei que amanhã, será mais um dia,
em que estou chegando, mais perto do fim!
... É... é um maldito looping enfim...
ralleirias-  Das punções de morte

Tua anuência!

No possível, há camadas...

Aderidas, de dogmas, credos e normas,
uma à uma, por nossas aceitações...

Mas, mesmo após aceitas, são só fachadas

os rótulos instituídos das instituições...

e nem sequer, lhes conferem reais formas...
apenas às mascaram: tudo é crença!

Parece ser a única e verdadeira norma
que, para existirem...

requerem o conteúdo, na tua anuência!

((((Diluição do impossível)sível)ível)vel)

ralleirias


quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Lapso temporal I

Quando soube o que havia acontecido, custei a acreditar.
A explicação que acompanhava a história, num primeiro momento, me pareceu proposição de ficção barata e novelesca, mas, dadas as circunstâncias, e apurados os eventos, e por conta da riqueza de detalhes da pesquisa histórica sobre os fatos, e que, eu vi e examinei com cuidado, e dei-me ao trabalho de conferir detalhes e minúcias, que sucederam-se e foram registrados algumas vez nos últimos 60 anos, tenho que admitir, que estou plenamente convencido, de que é verdade, é real, aconteceu e acontece.

Também fiquei bastante curioso, mas não ao ponto de arriscar um precioso tempo em fazer prova, ainda que no caso,  realmente não o perdesse, mas, o ganhasse, dada a circunstância pouco aprazível e confusa, e, acho que para qualquer pessoa comprometida com o andamento e progresso da própria vida, seria claramente refutável e indesejável tal prova... ainda que muito, muito interessante, seria mesmo estúpida.
Além disto, há o fato que, dada a resistência dos proprietários do local, que com isto, apenas contribuíram para reforçar as suspeitas, ou no caso, agora certeza, de que não se trata de mito ou devaneio coletivo (ainda que de um coletivo esparso e digamos 'forçado',  pois dispersam-se os relatos ao longo dos anos)...
Então, fazer tal prova, é mesmo agora quase impossível... E ainda, pesa que, ninguém quer passar por louco... Eu não faria prova... alguém se arriscaria?

Acontece que, exatamente no dia do solstício de verão, quando o sol fica à mais ou menos uns 45º para o poente, no paralelo 30º Sul, em Porto Alegre, capital Gaúcha, numa rua muito movimentada, e no alto de um prédio de um antigo café bastante conhecido,  há um local especial, onde talvez, por alguma concentração de energia telúrica ali, ou algo do tipo, acontece um fenômeno temporal absurdo e fantástico, transformando aquele pequeno espaço numa espécie de cela, um portal de tempo, onde adentrando uma vez, só se sai na próxima passagem do sol, no mesmo paralelo e meridiano e naquela mesma angulação, no próximo ano!

Contudo, parece que segundo os relatos, só acontece se neste momento apropriado o local estiver à sombra e ou escurecido. Quem ali adentra,  não envelhece durante um ano, ali o tempo não passa.
Muito estranhamente, o fenômeno não se aplica para a cronometragem do tempo externo do local, fora da sombra, é muito restrito. Não se sabe, se o que acontece para quem entra, ocorre no primeiro minuto, ou em cinco minutos, ou instantes, quem sabe aconteça apenas no tempo necessário para a escuridão se dar, e então desfazer-se, apenas talvez, por alguns momentos... Mas,  nos relatos disponíveis não há precisão alguma sobre tempo, senão,  apenas referências quanto à instantes, 'talvez' minutos, 'talvez' segundos...

É grande a confusão que fica na cabeça dos que vivenciaram o fenômeno e oportunamente deixaram registros, que aparecem em pequenas notas de jornal, geralmente como curiosidade, relato de devaneio, ou relatos em cartas de explicações à parentes, empregadores, esposas, filhos, ou em processos de retomada e litígios de recuperação de patrimônios e expedientes afins...
Há também, os que, dada a natureza do evento, assumem que não passou de uma loucura e por força da estranheza, acreditam realmente que ficaram loucos, pois eles próprios não aceitam o ocorrido e seus desdobramentos e a explicação, aparentemente com esta lógica esdrúxula.

De fato, quem cai neste 'fosso dimensional', não tem memória alguma sobre qualquer coisa em especial neste lapso temporal, o tempo próprio parece transcorrer na mais absoluta normalidade, e o indivíduo só saberá o que aconteceu, após descobrir e perceber que, o dia está diferente e não é o mesmo, e daí, posteriormente, ao sair do local, então, descobrir que também perdeu um ano inteiro no decorrer de sua vida, que já era dado como desaparecido ou morto por seus familiares e conhecidos, e suas coisas e negócios entraram em total colapso.
ralleirias  (Das diluições do impossível)



terça-feira, 12 de agosto de 2014

lugares breves...

Embora te digam os senhores
o que podes e o que deves...
o domínio destes impositores,
é apenas sobre lugares breves...

não tardas a descobrir
que os lugares que desejas
não demorarás à ir...
ainda que não os veja...

habitas não só no agora
ampla é tua existência
moras antes de tudo
no cerne de tua
consciência.
ralleirias

... enfim.

O fim, apreciado como meta,
descartado como certeza...
A mira pra ponta da seta,
catalizador de tua natureza...
Mesmo após todos os teus erros e enganos, e...
Tua migração desvairada, por cada um dos arcanos.
Na caminhada, irrelevante será mesmo a lucidez...
e a importância do sim ou do não ... mas, somente no talvez...
O fim, há de te contemplar... enfim.
Mas, nunca apenas uma vez...
O fim?
ralleirias