segunda-feira, 30 de junho de 2014

No princípio, sempre.

No princípio parecia uma surpresa, recordar da condição pré
(ou extra) nascimento ou surgimento...
E destas outras instâncias de agora's' múltiplos... depois,
lembrei-me claramente ao ponto de saber que sempre havia
mantido de alguma forma esta conexão, ainda que 'veladamente',
porém, com uma forte e constante negação ... Pulso?
Contudo podem ser apenas ilusões químicas, biológicas...
produção do cérebro, simplesmente...
Não sei, quanto tempo tenho agora nesta realidade..?
Ou se rumo para algum estágio de evolução ou qualquer
outro tipo de apoteose do 'ser', ou conclusão, alguma
entropia ou distropia... estas memórias, esta consciência
seriam uma disfunção ou algo natural, ou uma forma
complexa de imaginação?
De qualquer maneira, tudo é tão relativo e a realidade
parece como uma corda, com fibras de significâncias
que são acrescentadas dia a dia, como numa roca...
Lembrar-se talvez seja irrelevante.
Mas, lembro... e de forma bastante clara, desta linha
que me liga a quem eu 'fui'...Tão complexa é a questão de '
ser algo', que me soa engraçado...
Lembro curiosamente, da entidade em que me transformei,
depois de deixar de ser um ente humano...
Lembro, do meu continuado apego aquela antiga
identidade que minguou e também, da liberdade e da
estranha capacidade de fazer algo como 'permear' as coisas...
Recordo também destes 'eventos', como alguma coisa
parecida com a sensação que descreveria como 'velocidade',
mas que era algo mais, algo como experimentar uma
'circunstância' e não como realizar um deslocamento...
Parte destas lembranças extrapolam os signos e as
codificações, resgata-las significa submete-las à uma
lógica restrita que certamente às empobrece e distorce...
Pois uma 'realidade' necessita de uma linguagem...
e esta pode ser um cárcere. Mas ainda há um fragmento,
uma ligação infinita, uma impressão, algo como uma memória,
há um elo até a mais longínqua história, antes da história...
como? Algo de mim, estava lá? Ainda está...
Como se nunca tivesse um começo, como se fosse uma
migração constante, sem um real princípio, onde, ainda
resta esta única ligação, sempre e sempre desdobrada,
mas inquebrantável... E surpreendentemente é algo inextinguível ...
Em que há e sempre haverá o mesmo 'onde', 'quando' e 'enquanto',
no entanto, nenhum deles é necessário...
Uma força maior que qualquer quasar, pulsar e que todas as
galáxias e que a tudo conecta...
Ela nos liga ao que conhecemos como o infinito e a forma
mais próxima de expressa-la e evoca-la em nós é tocando-a.
Esta disponível, sempre acessível...
A conhecemos como uma espécie de 'espaço' vazio ou,  silêncio'.
ralleirias -'Das mortes não morridas - fragmento



sexta-feira, 27 de junho de 2014

minha própria identidade...

Quais os limites que sustentam os significados das palavras?
se há saberes que extrapolam a língua
e conhecimentos que transcendem a linguagem
são elas um espírito das coisa físicas
ou lhes vestem como roupagem..?

Que limites sustentam nossos pensamentos?
Saberes aonde são contidos os nossos mundos
conhecimentos que constroem a verdade
em que só há um mundo físico....
e suposições do que é realidade?

Em que pensamentos e palavras eu estou contido?
Sou mesmo uma singularidade?
quais as crenças e caminhos que persigo
buscando o fio da meada de minha identidade?

Não quero mais as certezas...
Algumas sim...mas que não sejam
presunção de absoluta verdade...
apenas móveis certezas
que permitam alguma continuidade...
até que definitivamente
eu dilua e extrapole
minha própria identidade...
ralleirias




Não é também a certeza que constrói o impossível..?

No limite do que é impossível
quem guarda a fronteira
é a suposição da verdade...

E aponta restritos caminhos
mas estes, não são realidades...

Pois o possível, se faz bem antes
de quaisquer transitoriedades...

Constrói-se ele, nas certezas
são elas que moldam os mundos
mas não como as almas das vontades...
e sim, como ingênuos fantasmas moribundos

presos nos restritos desejos
até o nível atômico
sempre num mesmo cortejo
mantêm-se num limbo randômico
ralleirias
Imagem: SUNTRIBE

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Onironauta

Após uma experiência de sonho lúcido, ele foi atrás dos segredos
que observou nas entrelinhas das histórias de Carlos Castanheda.
Encontrou de fato algumas respostas, o que o incentivou a continuar.
Experimentou várias técnicas e mesmo as xamânicas da arte de sonhar,
haviam muitas variações com diferentes resultados.
Técnica é uma palavra muito pobre para descrever estas sabedorias.
Logo, estava tomado por uma ascese deste multiverso de sonhos...
O mundo onírico já representava uma grandeza mais que absoluta em sua vida,
e parecia às vezes que nada além disto importava...
Surpreendentemente não muito diferente
do que a maioria faz,  inconscientemente...
Mergulhava em realidades que não eram paralelas, tão belas e
eram tão próximas de sua vida cotidiana, que esta prática
já tomava caminhos perigosos e mesmo, parecia seguir rumo à loucura.
Contudo agora estava realmente acordado e por isto, começava a
duvidar então do que chamamos e reconhecemos ser a própria sanidade...
O mundo agora, era um sonho... feito de ilusões sobre a realidade.
Tal qual o mundo que todos pensamos ser de verdade.
ralleirias

Diário de um suicida (pouco resoluto) I

- Ontem não morri...
De tanto pensar na morte, me esqueci.

- Hoje não consegui morrer...
Muito havia para fazer.

- Amanhã, acho que não vou me matar...
Mas pensando bem, porquê não adiar?

- Pois afinal, não haverá amanhã...
Ele nunca vai chegar.

Fim.
ralleirias


terça-feira, 24 de junho de 2014

este maldito momento

Como foi que eu te deixei entrar na minha vida?
Minhas coisas preferidas
Preteri por ti...

De que forma transformaste todo o meu mundo?
Distorceu cada segundo
De todo o tempo que eu até então vivi...

E nada sobrou do que eu tinha
E daí, a vida já não era mais a minha
E só porque tu não tá aqui...

Qual foi mesmo este maldito momento
em que o 'eu' deixou de existir?
E nem houve um insistir num eu sem ti...

Com ti...sem ti,
O então é não! E o eu, desiste.
Por ti... sim...por ti doeu...
E eu, desisti...
ralleirias


Espaço, tempo e matéria

Eternidade, pode não ser mito,
mesmo havendo um número imenso de átomos
ainda que enorme, contudo, não seria infinito...

Porém, em arranjos
intermináveis e
constante mutação,
tantas e tantas vezes
que haveriam muitos, mas,
apenas por repetição...

Danações randômicas
pelas plagas atômicas...

Sempre, e de novo e novamente....
Esta seria a saga do 'eterno'
Seu nome, sua vida, seus dilemas,
seu mundo, sua alma... seu inferno.

e sempre
os seus
mesmos
problemas.

'ad aeternum'... '

ralleirias

te faz sorridente?

Teu conhecimento não vai interessar....
A não ser que sirva à propósitos temporários
e reconhecíveis, pela perpetuação de algo já sabido...

Novidade não há sobre a terra.

E teus sentimentos não importam, além de teu umbigo...
A não ser que te salvem a vida e te livrem das cotidianas guerras.
Valente ou acovardado, corres entretanto os mesmos perigos...

Estás há um passo da eternidade, mas ela não está na tua frente.

Por tantos destes milhões e milhões de anos foste nada,
porque mudarias em algo futuramente?

No limbo cósmico das junções covalentes,
teus átomos, seguirão errantes e renitentes...

Segues o destino maior de ser nada, aí está a suprema liberdade...

Tudo está fadado ao deixar de existir, voltar ao inexistente...

O todo ainda contudo não é maior que o nada...
Eis que então, o nada é tudo, e todo teu!

E isto, ainda não te faz sorridente?
ralleirias - das lutas de classe


segunda-feira, 23 de junho de 2014

Mais do mesmo, o que todo mundo sabe, quer e mesmo anseia...

Mais do mesmo, o que todo mundo sabe, quer e mesmo anseia...
E ainda, nossas tranquilidades repousam num sono frágil sobre
o óbvio, sonhando aquilo que todo mundo pensa que quer esperar...
este provável, desejável vir à ser, com o qual todos estão
acostumados, sem abalos, sem novidades que destruam
suas expectativas de mundo...
Mergulhar no cerne da realidade, não costuma atrair
atenções, de fato parece que causa tensão e repulsa,
talvez pelo medo da própria incerteza...
Schrödinger que o diga... O que agora está sustentando
as realidades de cada um...
talvez sejam essencialmente suposições dos fatos,
muito parciais, patrocinadas pelas confortáveis ilusões próprias...
significações treinadas, papeis prontos, cenários reutilizados
com uma boa dose de medo e preguiça.
Ninguém quer a confusão de perceber, que tudo é como é,
mas nada é o que parece ser...
A incerteza pode incomodar, mas pode proporcionar
também uma percepção mais ampla, aonde existem
possibilidades infinitas. Ampliar nossas capacidades
de apreciar a diversidade e a pluralidade nos faz
crescer no nosso poder humano mais próprio,
a adaptabilidade. Então, o bom ou ruim,
já não são tão simples assim...
E talvez seja isto, o que mais assuste...
ralleirias (das mortes não morridas)

É raro e complicado

É raro e complicado perceber e mesmo respeitar e entender
os próprios defeitos e mais ainda, os dos outros.
Os sonhos e valores aprendidos culturalmente e o desejo vívido,
quando praticado irracionalmente, são cúmplices quase canalhas...
Empoderamentos indevidos...
Todos estamos previamente condenados a um fim...
mesmo com todas as fantasias de sustentação das realidades,
personas, posições e mundos...
Realmente a única coisa que temos como certeza é a própria fragilidade
e esta destinação de decadência e dissolução...
A cegueira de uma paixão quando acaba, costuma ser cruel.
Mas ... maldito inferno, como é bom amar e mesmo pensar 
que se é amado...
ralleirias -Metateatro


espécie rara

Então um raça de seres fantásticos, contatou nosso herói, através de seus sonhos.
Desesperados contaram-lhe que precisavam muito de socorro, pois uma raça de gigantescos e grotescos seres, surgida não sabem de onde, invadiu seu planeta e estavam destruindo tudo e os matando e os devorando e arruinando seu legado e todas as suas milenares tradições de integração, sua filosofia pura e ajustada tão perfeitamente com o seu meio. Agora já estavam prestes a sucumbir.
Nosso herói inexplicavelmente atravessava pelos seus sonhos, um portal e isto lhe permitia ser como um deles, viver a sua cultura, compartilhar seus saberes e viver como eles viviam.
Um mundo tão diferente, seres tão esplêndidos, valores tão ricos. Era angustiante  e terrível o destino de tão nobres entidades, de tão lindo mundo... Não sabia o que fazer, como ajudar, como chegar até aquele mundo? Já tinha tantos problemas como humano, o dia a dia, família, contas, viagens, a mudança e a incorporação de suas empresas... a maldita obra de sua casa na praia, que havia sido embargada por conta de um pedaço de mangue estúpido que não servia para nada, a não ser como viveiros de uma insignificante e estúpida espécie rara de caranguejos...
ralleirias (Das fábricas de ruínas)



 Imagem : Kaishu Katsu

sábado, 21 de junho de 2014

sustentam nossos mundos

Mesmo coisas aparentemente pequenas sustentam nossos mundos,
como, as palavras escolhidas e o silêncio, ante as furiosas certezas alheias.
Mas eis que esta modéstia também é feia... e pode ser então incômoda,
quando descoberta como arrogância travestida.
São estas forças, geralmente ocultas e reais em todas as vidas.
Mas existe uma energia perene, mesmo quando no mais raso nível da razão,
e que supera e doma a ignorância e ainda toda a sabedoria...
Filha mais nobre da incerteza, o nome que damos para ela é humildade.
Traz a leveza de não ter nem mesmo a certeza, que absolutamente tudo
é desprovido de eternidade e por isto, migra, tornando-se parte
do que conhecemos como... liberdade.
E assim, para tudo dá sustentação.(ou não...)
ralleirias (fragmento)

Imagem: The Imaginarium of J.P.W III

Apenas possivelmente...

Coragem, é uma coisa que na maioria das vezes
desconhecemos que temos...
Principalmente, quando possuímos de verdade.
Já a valentia e estupidez, têm um limite tênue e às vezes,
compartilham fronteiras, com a covardia e com a maldade...
E ainda, enfim, são todas filhas do desejo e da vontade.
Mas, apenas 'possivelmente'... pois algumas são bastardas,
e assim, não têm compromisso com a verdade...
ralleirias


Imagem: The Imaginarium of J.P.W III

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Consegue ultrapassar...

O quanto cada 'estória' por ti contada, sobre ti,
e então por ti acreditada, é verdade num devaneio?
O quanto o que tu chamas de 'realidade' em teus contos
é um artifício de proteção, uma equivocada autoimagem,
do que julgas ser a tua personalidade ideal de existência 
em vida..? O quanto estas fábulas enganam a ti próprio,
prendendo tua mente em questões menores, que impedem 
o teu real desenvolvimento como ser humano íntegro, 
livre e autodeterminado?

Esta persona que está tomando o papel principal
em tua história, por acaso não está te anulando e matando?

Estes simulacros que em troca vives, de papeis secundários,
e fugazes, determinados por um modelo pronto que não é teu,
e que não diz respeito a tua verdadeira identidade e felicidade,
valem a pena? Porquê, para quem?
A tua liberdade, a real, e teu desejo por ela, conseguem ultrapassar 
o teu medo e a tua preguiça?
ralleirias - das lutas de classe


Reveladora sentença...

Reveladora sentença esta... 'meu amor'.
Talvez não exista algo, além de apenas nossas impressões,
sobre o que é esta explosão de 'gostar intenso'.
Outros seres vivem decerto uma ilusão idêntica
de emanação, também confundem-se com as
realidades que partem deles próprios...

Por acaso, vi ela fazendo compras, eu acho...
Aliás não, não era ela de fato... apenas o corpo(aquele belo corpo)
pois, faz tempo que a alma que um dia habitou
ali e a quem eu amava, se dissolveu, volatilizou...

Mas o que é estranho, definha diante do bizarro...

Aquele belo corpo me atraiu novamente, pela possibilidade
de uma outra alma sublime, ali agora morar por eventualidade.

Acho que isto é mais sobre a possibilidade de ser novamente feliz...
O que é a verdade ante a multiplicidade de realidades?

Infelicidade é um preço amargo à pagar pelos erros,
um maldito troféu dos atropelos...mas quando já o temos
que melhor aposta há para fazer? Daí, o que há de fato para perder?

Eu sei que o mudo é causal, mas gosto de pensar que há também
casualidades... Foda-se minha dignidade, se for este o preço, sou
novamente então um alegre candidato à possível infelicidade...

Então dei meia volta, entrei na loja e esbarrei nela... 'por casualidade'.
ralleirias

toda a sanidade

Mas, quem sabe é temporária, toda a sanidade ...
E na verdade, louco de fato é o mundo?
E é um devaneio toda a realidade...
Eis um grande mistério... profundo...
São tantas as similaridades
Quando invariavelmente, sempre certos estamos
Que nas nossas certezas de realidade
Então, quase nos afogamos...
E exatamente como na loucura...
Mergulhamos... Mergulhamos...
ralleirias

segunda-feira, 16 de junho de 2014

condicionado

Já perdi a conta... Há quantas noites que tento o contato?
A lua já mudou de fase e as chances agora são mínimas...
Segui todos os passos, também eliminei todos os alimentos
sintéticos, estou bem e durmo como nunca, mas não está
bastando. Não consigo pensar em outra coisa.
Me sinto, como se estivesse em desterro.
Em cada instante, 'aquela' existência, é na qual quero estar...
Onde a realidade é significante, mesmo que inconstante.

A primeira coisa da qual me recordo, é que vagava como uma
espécie de força múltipla, onde toda as possibilidades fluíam.
A última coisa de que me lembro, foi a agonia de descobrir-me
preso num ente condicionado.

Agora, continuo seguindo incansavelmente,
uma intermitente ponte se abre entre estes mundos
E mesmo preso, limitado, formatado,
mergulho dela, no bardo onírico,
margeado por esta mente que me assiste.
O mundo infinito e o mundo legado...
Num, estou preso em um deus.
Noutro... eu penso que sou gente.
Mas, em qual deles mesmo,
em que eu estarei desacordado?
ralleirias - Cartoon escrito


Imagem: Rise in the water level
Forest pic : Justine Lebas

Legado ígneo

Se consideras reais tuas forças,
ainda o é por suposição.
Instala-se o conceito e a métrica...
Pondera-se por comparação.

O que trabalha nas engrenagens da simbologia
e de cada lógico signo?
Quais forças empurram e puxam como
seu legado ígneo?
Onde ocorrem todas estas compreensões?

Cada medida feita,
ainda o é, por prévias determinações.
O método, a prova e o conceito,
tudo são invenções...

Num antes ou num depois
das tuas percepções...
ralleirias (fragmento)

O que temos afinal?

O que temos afinal é o amor que damos.
E o carinho que é dispensado, ele é 'auto recompensado',
retorna em plena satisfação, independentemente de ser
reconhecido por quem o recebeu ou não...

O que temos é a emoção vivida, efetivamente é só.
Somos muito humanos,
e disso, parece que às vezes não temos noção...
Para o bem e o mal, apenas humanos.

Todos aqueles que com ou sem aviso partem,
nos levam junto, em parte...
E deixam parte de si, pelo menos um pouco, em nós.

Amores desencontrados...
Amigos desolados...
Entes queridos...
Na verdade nunca são esquecidos...

Quanto do seu tempo foi dado ao ser amado?
Provavelmente, esse é o tempo que você viveu de verdade.
Foi seu maior e melhor investimento.
Ativo intangível de alto valor agregado...
E estava ali, do seu lado...

Então, que palavras você diria,
se soubesse que seu amor
de um  momento em diante, não mais existiria?

Palavras de inconformidade e dor?
Seriam sobre recordações de satisfação e alegria?

Invistam no amor meus caros...
mesmo sabendo que ele vai acabar, de alguma forma...
Pois, o que temos afinal é o amor que damos...
ralleirias - bravo amar



sábado, 14 de junho de 2014

Armas... e escudos.

A violência e truculência são reflexos da desinformação e do despreparo.
No entanto todos são bem treinados para o cumprimento de suas tarefas.
Qual é a lei que eles protegem, quando infligem os direitos mais básicos?
A lei do mais forte. A polícia brasileira, uma das que mais mata no mundo,
mata bandidos, mata inocentes e morre também...
Vivem num mundo violento e miserável, como quase a maioria daqueles que matam.
A polícia protege a ordem. E refiro-me à ordem não 'de' mas... 'para quem'.
Não são nem mesmo os comandantes que determinam às ordens,
eles apenas às transmitem. Não são também os políticos...
Há um script invisível, e por invisível se faz mesmo 'incrível'.
A ordem a ser protegida é a das engrenagem dos privilégios elitizados,
da qual eles não fazem parte, a não ser como armas... e escudos.
ralleirias


o ainda...

Se posto um referencial
do todo, se nada é
...não acontece...
Mas, em tudo
há o ainda...
ralleirias

Imagem: Quadrinhos Insones

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Nós damos quorum para isto.

O poder e sua conquista, quase abarcam todos os motivos pelos quais
não compreendemos tanta estupidez em todo mundo...
A ignorância com a qual todos nascemos, tende a se dissipar,
mas tem sido sustentada pelas distrações, sejam elas relacionadas
a dificuldades ou (pseudo) prazeres ...
Somos parte desta equação...
Nós permanentemente, damos quorum para isto.
ralleirias


Vai ter copa...

Vai ter copa, cozinha, cacetada, comemoração, vai ter desvio de verba, e alienação, vai ter mais do mesmo, vai ter continuação, vai ter mudança, vai ter voto e eleição, esperança e sim, vai ter transformação, mas vai ter confusão, vai ter patrimônio entregue pro povo e pro ladrão, vai ter ganho pra população, vai ter gente ficando rica,  vai ter polícia batendo em cidadão, vai ter quem negue, vai ter o que acorde ou não, vai ter gente burra resgatada e inteligente enterrada, vai ter quem resista a transformação...
E vai ter tanta coisa de roldão...
ralleirias
imagem: PEZ

O próprio nexo...

Nesta compulsão pelas novidades
Talvez apenas a loucura então
Nos possa suprir, com novas realidades...
Mas, neste 'talvez', reside um universo tão complexo,
onde às vezes perde-se em entretenimento e distrações,
mesmo o próprio nexo...
ralleirias


Não somos contra os moinhos.

Um mundo novo é preciso
desde sempre
       e sempre será.

Assim dizendo, conciso,
            pra quem já sabe,
                  não precisa explicar.

Não somos exatamente contra os moinhos...
A nossa luta é com o gigante que ali habita!

Ao qual, como reféns dedicados
entregamos
da flor ao grão
       e do trabalho
                ao pão...

Gigantes?
     E quem nisto acredita?

Seus donos gigantes, não posso ver
                            mas, os moinhos...
                              nestes eu posso crer.

Pois o lutar é mais sobre o conquistar,
             e acreditar, e nem tanto sobre o ganhar
                                          e perder...
ralleirias (Das lutas de classe)


quinta-feira, 12 de junho de 2014

Igualmente tudo e nada...

Disse-me, que aguardava
como semente
e aspirava
um destino ascendente:
- Nada sei do solo, nem da água
nem dos tempos ou sol, nada.
- Não sei do corte, das quebras no vento
do fogo, do raio ou qualquer porvir de acontecimento.
- Mas, do devir, do frutificar,
ocupar e transformar,
o meu ser e mesmo,
transcender o meu lugar...

A latência,
guarda a potência
independentemente
das certezas,
ainda que o fruto
seja o produto
de uma realidade já encarcerada,
todo destino, ali promete
igualmente tudo
e também, nada...

ralleirias(fragmento)


quarta-feira, 11 de junho de 2014

é um conceito...


1- Idéias não merecem respeito, seres merecem respeito.
2 -Mas quando o ser configura-se em idéias erradas?
1- Ainda o ser merece respeito.
2- Mas às idéias que constituíram o ser, não merecem respeito?
1- Idéias não merecem respeito. O ser sim.
2- Onde acontecem as idéias?
1- Talvez no ser.
2- E idéias não merecem respeito? O ser se faz então de quê?
1- O ser merece, as idéias não.
Talvez o ser esteja além das idéias, e mesmo do ente físico,
talvez seja uma complexidade indefinida, assim como a realidade.
2- A realidade é indefinida?
1- Indefinida como o ser.
2- E o que é indefinido merece respeito?
1- Se for uma ideia, não, se for um ser, sim.
2- Como assim, o ser e a realidade são indefinidos? então inexistem?
Que tipo de idéias são estas?
1- Se são definidos por idéias de identidade e contextualizados, existem apenas
em determinados instantes históricos singulares e existentes apenas para quem deles participa - e veja, esta é uma das idéias, destas que não merecem respeito.
2- Estupidez!
1- Estupidez é um conceito, é como as idéias que  não merecem respeito.
Idéias não questionam, o ser é quem questiona através das idéias.
Os conceitos são idéias de significação de realidades.
2- Absurdo, não aceito isto.
1- Agora estamos no caminho certo.
2- Vá pro inferno!
1- O inferno também é um conceito...
ralleirias - (fragmento - do Rabo do Diabo)

Imagem:Omar Rayyan

Mais que tudo, vontade

Para quem evoca um nexo e vai ao passado
e então, resgata-se pela repetição de padrão...
O que chama lembrança, é uma  reconstrução
daquilo que lhe parece que foi e é conclusão...
Remetido à um antigo significado,
do que lhe é correspondido e
intrinsecamente guardado...
A mensagem... além da informação
contém, talvez mais que tudo, a vontade.
Suporta-se para além da verdade,
a imaginação...
Na liberdade, ou não..!
ralleirias - meta teatro


segunda-feira, 9 de junho de 2014

A volatilização das vontades

Se houvesse comparativa escala
de teu cosmológico dimensionamento
serias tão infimamente menor
que mesmo o menor dos pensamentos...

No entanto, todos aí,
estão contidos ... por ti?
Senão, então o que há aqui?

Somos nossas idéias em persistência...
Qual motor há em nossas consciências?

E ainda que todos somados, sejamos
sopros em frações de instantes imaginados
e insignificantes...

Sequer são teus estes pensamentos.
Mas não é por isto que tu não os cala
por nenhum momento.

Movem-se pela causalidade.
Decerto há uma confusão proposital na identidade.
Pois ela, não é de todo uma verdade... Há vacuidade.

A realidade é a expressão de um instante observado?

Os caminhos da expressão tem mundos próprios
a volatilização das vontades, nos mostra que talvez
sejamos a liberdade de transformação em plena mutação.

Se nada é maior do que tudo, há então um todo de nada...
Se há uma realidade?
Talvez, porque ela tenha sido desejada...
ralleirias
Imagem Weird Tales Magazine

sábado, 7 de junho de 2014

Imagem.

Como incorporar a velocidade do 'insight' pensado
na mensagem, de forma que se apresente ao receptor
com a mesma instantaneidade?
Imagem.
Como transcender o universo compreendido
do emissor de forma que abarque a maior parte
dos modelos e paradigmas possíveis
sustentados pela percepção dos diversos receptores?
Imagem.
Como apresentar-se idéias e mesmo, extrapolar a compreensão
corrente e estabelecer contato eficiente com futuras culturas e
dimensionalidades de percepção e realidade?
Imagem.
Como engatilhar um aporte de informação que dispare
eficientemente para toda percepção e que desvincule-se
da linguagem mas que perdure na mensagem?
Imagem...
Ígnea faz-se a lógica.
Prende, acua, encarcera mas depois se rende
incorpora, inconscientemente transcende, então persevera....
Mergulha no tempo, ativa as mentes atavicamente
imaginação é ação...e
Imagem.
Comunicação, transposição de realidades... e ficção.
Também letras e palavras o são...
Comunhão de transitoriedades...
Imagem...
ralleirias - meta teatro





Será que há em toda encruzilhada...


Será que há em toda encruzilhada
o diabo, ou perdição?
Quem sabe
nos espera aí
uma morte?

Seria esta morte
desviar-se do antigo norte?
(a morte da antiga opção)

Seria o diabo,
escolher não a via da virtude...
mas da tentação?

Simplórias metáforas
do transcender
a qualquer custo o desejo
e realizar...

Transgredir
e ficar impune,
quebrar as regras
do conquistar.

Este atalho é ruim ou bom?

 Se existe uma separação real,
um possível desequilíbrio,
ou um mal sem bem
ou mesmo bem ou mal?

Não existe par sem ímpar...
De algum(ou qualquer) jeito.

Mas eis que sim...

O impar
já é sem par,
e veja só,
é perfeito...

ralleirias(das mortes não morridas)

imagem -  Shirin Neshat Kültür Tava

amor se inventa.

Dizia eu, que amor se inventa.
E nem sempre perceberemos...
Embora saber disso não melhore nada.
E basta aparecer outra linda princesa necessitada...
A natureza (nossa mitologia também ajuda)
fala mais alto que qualquer razão e lógica.
Logo construiremos mundos 'oníricos' novamente...
Estaremos lá... em meio a saga...
o amor, ou melhor, a paixão..
é como uma praga
ou é maldição?
Ralleirias

Imagem Beauty, Brains & Sadism (Window Noir' - J.H. Murphy - )

sexta-feira, 6 de junho de 2014

A ousadia de estar e permanecer em qualquer posição...

Vivemos e assistimos agora, nestes tempos difíceis, o que parece ser
uma convulsão de degenerescências.
Por momentos, há inversão dos papéis 'clássicos', mas isto, realmente
demonstra, o quanto tudo em nossos mundos está em risco?
Esta crise (...ou qualquer crise), longe de ser apenas, um grave problema
é sim, também, uma grande oportunidade.
É este o momento, para dirimirmos todas as dúvidas quanto às nossas próprias
naturezas, capacidades e potencialidades. Mas principalmente, o que é
'melhor' e 'certo', têm então, oportunamente, condição de ser agora
discutido, estabelecido e quem sabe, até para melhor redefinido..?
Ainda que possamos errar, poder errar, é contudo, também muito importante...
Vamos até o 'acerto'!
E quando foi que, aquilo chamamos outrora de conquista, transformou-se
em apenas um lugar ou posição que nós imaginamos ser nosso por direito?
Morredouro de nossas ousadias... de estar e de permanecer em qualquer
posição, qual seja... Existiríamos realmente nela, sem o desafio de mantê-la?
Não se engane, com as percepções de mérito ou de culpa...
Este condão, de permanecer no próprio inferno ou céu, lhe consumirá todos
os segundos, minutos, horas e dias... da mesma forma... Ele foi, e ele é uma decisão.
Ajuste-se em sua auto-programação, e defina seu caminho e sua história desejada,
ainda que incerta, ou pague o preço do acaso, pelo próprio descaso, e ou então
lhe levarão de roldão, mesmo às intenções alheias, invisíveis à sua percepção...
ralleirias

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Encruado na percepção e de difícil transcendência

Encruado na percepção e de difícil transcendência, a própria razão nos encarcera na certeza do impossível.

No entanto sabemos desde sempre que o possível é uma habilidade da construção humana.

Ou por bem ou por mal, a humanidade mudará com o mundo.

Podemos ser mudados por ele ou muda-lo...

De forma que possamos elevar-nos  na condição de humanidade, diferente do que aparentemente  ocorre agora...

Mas se fizermos esta escolha, isto irá requerer um esforço que transcenderá mesmo nossas gerações.

ralleirias


na cidade só não se paga o ar respirado...

Havia um ditado que dizia,
que na cidade só não se paga o ar respirado...
Acrescentaria... é porque ele já nos foi cobrado.
A busca irresponsável pelo enorme lucro destas companhias
atropela nossos direitos naturais à um ar saudável.
Nosso pulmões contaminados, nossa qualidade de vida decadente
tornam estes milionários mais sorridentes... O lucro é inquestionável?
É pra fazer graça? Ontem já não deu, nem hoje nem amanhã
e o riso nunca se fará nesta desgraça terçã...
ralleirias


A identidade parece algo subjetivo...

A identidade parece algo subjetivo,
em que, o onde e o quando,
às vezes, se sobrepõem
a quem e ao quê nós pensamos ser....
E, nem bem conhecemos o jogo,
mas, pagamos pra ver...
ralleirias


quinta-feira, 5 de junho de 2014

ela veio... enfim.

Sem qualquer cerimônia, ela veio... enfim.
Não havia nada de especial naquele dia, assim...
Um acordar imposto,
um desjejum sem gosto(?), o vestir-se, o sair...
Não estava com pressa, talvez um pouco cansado...
Não aguardava promessas...
Provou quem sabe, uma verdade com sabor amargo
de que nunca houve ninguém que fosse muito real ao seu lado.
E toda tristeza e solidariedade que talvez, alguém possa ter sentido
Já não lhe interessa, nem amenizam os sofrimentos vividos.
Mas importam agora, pesos e medidas?
Existem mesmo o azar ou a sorte?
O quanto custaram perante a vida!
Mas o que valem diante da morte?
Não há mais cárceres em intrincadas condições...
Nem guarda a vida, então mais segredos...
Pífios todos, são agora seus medos...
Sem sede por mudanças ou revoluções...
Nem haverá mais rumores, sobre possíveis amores
ou mesmo vastas solidões...
ralleirias


Imagem: Nothing Interesting

fazemos história e construímos mundos.

Parece que é exatamente disto que se trata...
Como apoio e referência, apenas um ao outro.
O ser quase desnudo...
Num mergulho em meio ao nada, esperamos tudo...
Ainda assim, fazemos história e construímos mundos.
ralleirias

imagem: Nothing Interesting

Produzindo sua própria estrada...

O tempo das lesmas às vezes me parece outro...
Produzindo suas próprias estradas...
Gosmas fabricadas por intenções.
Da onde saem na verdade estas estradas?
De sua natureza, de suas mentes... ou teriam elas paixões?
Tão metafórico animal...
Um tão particular mundo...
Ou é só comida, água e sexo?
Sem nenhum mistério profundo...
E são as lesmas iguais à maioria de
nós todos, que assim andamos pelo mundo?
ralleirias
imagem: Nothing Interesting

evoluções latentes...

Não creia mesmo em coisa alguma...
Em 'primeira instância'... nada sem investigar...
E depois de tudo, duvide... de tudo.
E ainda na certeza, recuse então as significações...
Estruture daí suas conclusões... que justamente nada é definitivo.
A razão é um paliativo para a lógica (mal) montada pela linguagem... será?
Mas para não perder a viagem e ficar meio sem chão... pegue um
punhado de convicções desejáveis numa mão, e na outra suas paixões...
Construa uma ponte de dentro de sua mente até o mundo
e suas impermanentes revoluções .... e seja então 'paciente'...
mas não permanentemente. Crie algumas novas definições...
e então jogue no mundo suas sementes.
Daí, brotarão novas mentes... com evoluções latentes.
ralleirias(fragmento)

Imagem: Nothing Interesting

Pois é, não somos bons em sustentar realidades...

Pois é,
não somos bons
em sustentar realidades...

Pois, acreditamos piamente
em toda construção...

Mas, de vez em quando,
o caos, nos estende sua mão...
e nos toca, através da gravidade
ou dum vento forte, correnteza em arrastão.

E assim, num tombo, vemos toda verdade,

O equilíbrio é uma construção...

E a vida segue em roldão.

Pois é, não somos bons
em sustentar realidades...

ralleirias (fragmento)

quarta-feira, 4 de junho de 2014

nado no breu

Nado no breu. E nada há!
Além de sensações e lembranças, acho...
E o tão vasto breu, (que me parece que é como o eu)
E esta água gelada ... Mais eu nado... e nada!
Já me disseram,  que a água tem relação com os sentimentos... será?
Como, capturar essências, dissolver dissidências,
permitir, revidar, acolher, rejeitar... E morrer de amar?
E quem ama assim, morre pra si e vive para quem?
E será que 'do lado de lá' há realmente alguém?
Mas, e do lado de cá, há também?...
Pode ser que às vezes o eu se invente e reinvente...
E no breu gelado deste mar de sentimentos, sigo.
Nado procurando entorpecer neste frio e diluir quem sabe
meus pensamentos carregados, destas agora, malditas lembranças
que tenho...e não consigo... pois enfim são partes de mim.
Mal sei em quê eu acreditava... e do quê já desisti... mas prossigo...sempre prossegui.
Então, este mar imenso e gelado são de águas dos confusos sentimentos guardados...
Tão escuro... ainda assim, para entender o nosso fim, eis que eu procuro sim...
E bem na verdade nado procurando muito mais a mim...
ralleirias


Imagem: Give me Light


ela brota desavisadamente

E quando, como maldição ela brota desavisadamente
Contorce toda a lógica, domina tua mente
passa de roldão por tua língua, em rima ardente
cuspindo provocação na cara de toda a gente.
Longe de ser maldita, expressa que a vida é bonita
e como pode ser excitante simplesmente, ser gente.
ralleirias
Imagem:  'André Dahmer - Ditador Emir Saad, o Monstro de Zazanov'


Como toda fera e besta vive...

Vivo um pouco
em cada inspiração.
Assim, como toda fera
e besta vive...e, mais um
pouco, por minhas animosidades,
pelas minhas lutas iradas,
pelos poucos despojos
que amealho
e que valor algum têm,
além do que lhes atribuo
valorando consentimentos...

e, outro tanto vivo, pela saciedade,
e mais outro pelo aplacamento,
desta enorme vontade
de amar de verdade
e de sublimar esse sentimento,
ainda que não no agora
e mesmo que nem
no próximo momento,

sim... e vivo pela expectativa,
de uma eternidade, e prorrogada ...
na qual vencerei esses meus tormentos
por essa enorme sede, de gozar de verdade
o amor da minha amada,
e as glórias do meu tempo...

Ainda que possam durar, não mais que nada
pois também são como a fumaça ao vento,
e como tudo, se esvanecerão em memórias vagas
e esquecidos pensamentos...
ralleirias -Meta teatro



terça-feira, 3 de junho de 2014

A vontade seria um devaneio?

A vontade seria um devaneio?

Ascende o fogo, esquenta os ferros
marca o gado e então, larga seus maneios...

Eis que mesmo num frenesi de medo e fúria,
não somos senhores nem de nossos berros.
O poder a ganancia e maldade parecem ser a cúria...

Lutamos pela supremacia no curral... Lutamos?
Pensamos sobre nossos domínios no plural... Pensamos?
Entre o pastar e seguir ruminando ideias... por melhores pastos...

Erguendo a cabeça alto e acima da manada,
vislumbra então o horizonte... há tantos campos vastos...

Ah! vontade... brete invisível... prisão intangível...

Carreia nossas mortes como o próprio lobo e também o pastor.
A vontade é laço que prende com as fibras da vida e inclusive do amor...
Se é possível correr campo afora livre do medo e livre da dor?
Ah! liberdade! Revela teu norte..!

Eis que, somente na morte
...de morte, como gado,
mas, principalmente...
na morte das vontades de lobo
e de pastor...
ralleirias - das lutas de classe 

Imagem: Katsu Kaishu

segunda-feira, 2 de junho de 2014

O tempo se esvai em meio a tantas distrações e verdadeiramente ele não passa, nos engana...

Meu caro Franky, o tempo se esvai em meio a tantas distrações
e verdadeiramente ele não passa, nos engana.
Nós passamos pelo espaço tempo, construímos cada momento
com ilusões bacanas (ou sacanas).
Presos na linguagem-forma, fantasiados com nossas identidades,
nós nos acreditamos personagens principais, nada menos (e nada mais),
neste meta-teatro, como criadores e criaturas...
Percebeste? Em respeito a ti, não usei a palavra monstro!
Mas, muitas vezes é o que somos (tu não, nós sim).
Com as melhores partes do que encontramos pelo mundo,
remendamos nossas existências durante o próprio espetáculo.
Mas o improviso, sabe tu, sei eu, tem seu preço:
Nunca se sabe quanto tempo temos até o desfecho...
Porquê meu caro Franky, o tempo se esvai em meio à tantas
distrações, e verdadeiramente ele não passa, nos engana...
ralleirias


O controle é sempre uma ilusão transparente..

O controle é sempre, uma ilusão transparente
O sempre, é o controle, ilusão transparente.
O controle é sempre uma ilusão transparente.

ralleirias


Nem sinto a chuva...

Já não
sei bem,
qual foi
ou é a
verdade...

Mas,
alheio
a toda
aparente
realidade...

Nem sinto
mais a chuva,
e eu acho...
que matei
a alma
das minhas
vaidades...

E não 
seria
por
culpa,
carência
ou saudades?

Eu tenho
a clara
certeza
de que
estás
comigo
ainda
aqui...

E com o olhar 
perdido no tempo,
tropeço em meus
ressentimentos,
e vou seguindo,
pensando sempre 
em ti...
ralleirias -  Das mortes não morridas
Imagem: Troche

Se houvesse um 'fim do mundo'...

Há um tempo em que se anseia por um final.
quando tudo no entorno de nossas existências
parece ir para o caminho errado.

Amores comparados,
como se pesados em balança,
ideais ditados pela moda corrente...
A razão petrificada, torta, suja, cega e surda...
O pouco caso com as dores e os direitos alheios,
quando grassam as injustiças absurdas...
Onde a vida e dignidade são comercializados,
como moeda de troca pelo poder.

Se houvesse um 'fim do mundo',
deveria ser o desta civilização nefasta,
máquina de moer os próprios ossos.
Que usa como combustível sangue,
mentes e vidas inocentes.

Mas há quem caminhe
com as próprias pernas
e pense com a própria cabeça...
Estes provavelmente já despertaram,
e perceberam que tudo isso está errado.
Necessariamente, não precisamos trilhar esta estrada,
pois antes de mais nada, um caminho é uma escolha.
ralleirias

Imagem: teste nuclear no Atol de Bikini.

O quanto pesa um sofrimento?

O que valida um conhecimento?
Vale a morte pela crença, pela razão?
Há quem diga que sim, outros dizem que não...
O quanto pesa um sofrimento?
Em que balança e que grandezas aí são pesadas?
A  razão é como uma cepa de doença...
A percepção está sempre infectada.
ralleirias (fragmento)