O herói é solitário
e marcha na gloria de si, mas
na desgraça de quem ele protege
e no infortúnio de quem ele ataca...
O herói derrota e achaca
o outro herói de um outro
povo ao qual ele mata...
- crônicas das lutas de classe
Não vou como trauma que choca
ou estou nas todas palavras duras
nem sou com o demônio assombroso
que por ventura se desloca nas muitas
sutis ranhuras, das rugas destas tantas
almas roubadas e já tão impuras ...
Dou transito avesso em culpas
e nos medos e nas loucuras, e
nas dores que não calam, mas
escalam no mal geral das feiuras...
Capturo o mau ornado, atravessado
e disfarçado em cintilantes imposturas...
Rasgo o real, o despedaço, do fato do ato
da verdade narrada na vontade da
fantasia e formação das identidades
geradas até o pós tudo e o nada
a também o aquém e o além da loucura...
ralleirias - Vajra
Parece a palmeira
nutrida de vontade de si...
E sem necessitar desejar
superar tudo, apenas
vai subindo e florindo
e frutificando e assim
também nutrindo
com amor e vida
todo o seu mundo...
- Metateatro
Daime é doutrina, trabalho, é colheita, corte, lenha, panela, fogo e água, Jagube e Chacrona, rezo, envazo, oração, seriedade, é sessão, é hinário, é maraca, é postura, é firmeza, benção e cura, é o fato, tem pessoas também, o motivo da doutrina é a cura destas.
Então o Daime tem amor e nisso então o Daime tem Deus que é esse amor na caridade, há a inteligência da humildade e nela há o respeito dos justos e a paciência dos sábios. O Daime tem.
Há algumas cruzadas acontecendo no Brasil e no mundo, envolvem fanatismo e preconceito, a Cannabis é um ser que cura, sabido já é por tanto tempo como outras sagradas medicinas, está na baila a saúde o bem estar e a cura de muitos, devemos saber separar as coisas, o Daime é o Daime, ser sagrado que muda mundos e assim, há outras vertentes, porque a criação divina não para de nos ajudar. Que saibamos do que estamos tratando, nossos futuros, que tenhamos visão ampla e decisão acertada de escolher como e contra o que lutar e como acolher outros irmãos... Os fanáticos que nos odeiam crescem e nós, crescemos como?
-crônicas das asceses místicas
ralleirias - aonde está o blues
Lala pisou na bola...
não driblou, mas ludibriou Lelé...
E lá se foi a bola deles quicando
pro lago, cair nas bocas dos jacarés...
Que se morderam entre os próprios rabos
na luta tola pela bola da Lala e do Lelé...
E a bola ficou toda furada, estraçalhada
e assim findou o jogo, nas bocas dos jacarés....
- crônicas das lutas de classe
E então, que saibamos
que as durezas
da vida, são as
da real natureza
do mundo,
esse, pois que
se desmancha
aos poucos,
segundo à segundo...
As aceitemos como
aceitamos a beleza
que é como um nácar
de extrema dureza
mas não muito profundo
Pois tomemos nossas dores
como dádivas,
elas nos permitem
que nos transformemos
cada vez mais
em nós mesmos...
E após cada passagem
sentirmo-nos mais vivos.
Poder? Pelo saber...
de quem sabe...?
Poderíamos realmente
numa nova dialética
de quem sabe...
Remover a violência
esquemática
das certezas
de quem sabe...
E a patética avareza
dos donos do jogo
e da mesa...
de quem sabe..?
Poder? Pelo saber...
de quem sabe...?
Dos que falam a mesma coisa
ensinam na mesma lousa
para tantas bocas diferentes
entre si coerentes,
repetirem entre nós,
loucas, roucas, dementes...
estas verdades aparentes
de quem sabe..?
Poder? Pelo saber...
de quem sabe...?
(...)
ralleirias -fragmentos 2013
