domingo, 29 de novembro de 2015

um olhar infinito

Havia um cego cantando
e era um blues o que ele ia tocando
para todos os que o quisessem escutar:

'Se só existimos por nossas mentes
e cada um, carrega sua cruz...
Se há inferno e somos os agentes
então de onde vem esta luz?'

Cantava com um olhar infinito
nada nunca vi ou ouvi de mais bonito!
E ele chorava, e continuava
cantando este lindo blues...

'Sonhei!
que ti perdi
sonhei
Em horas mortas
Sonhei
Então morri
sonhei
morri sem ti
sonhei
morri e senti
sonhei
que te perdi
sonhei'
(...)ralleirias (Das escórias dos desejos)

Mas não é!

E parece
tão pouco...
Mas não é!
Não é que, 
o que implica 
em amar, 
é uma 
amostra 
legítima 
de fé?
- Bravo amar

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

mundo inobservado...

E é o olhar...
É nele, que residem o compreender,
o ceder, o crescer, o amar e o viver...

E o olhar, não se pode escolher..?

Viver a própria história, é preciso.
Vive-se momento à momento....

Mas, acontece do máximo possível
ser um esperar, talvez,
dar tempo ao tempo...

E assim, às vezes, podemos fazer muito pouco
pelo que amamos, e nós inclusos...
Muitos desejos, dão em mundos confusos.

Pode ocorrer, de ante ao olhar,
surgir um mundo inobservado
pronto a se revelar...

Ou d'outras tantas paisagens ilusórias,
e todas sobrepõem-se...
Compulsórias.

Sobra o quê nas nossas realidades..?
Legitimidade?

Aquilo que desejamos,
naquilo que enxergamos,
fica tudo misturado...
Dentro e fora, mesclado.

Defina então o que é ... 'própria' vontade...
e agora, redefina esta complicada realidade,
que se deforma e conforma em crenças,
veja, na frente da sua retina,
não são apenas avenças?

ralleirias -meta teatro
Crédito na imagem.

tão perto

Olho o infinito,
está tão perto

E é de um silêncio brutal!

Único destino certo
Onde dilui-se
o bem e o mal...

É como o vazio
que permite as formas

É na linguagem,
a mãe das normas

Como onda

Num vem e vai...

Não o toco,
mas,
respiro ...

Não sou
o que entra
Tudo sou
do que sai...
ralleirias
(o nome disto é esperança?)


quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Dos dogmas que encarceram a realidade, o quanto há de verdade?

Dos dogmas que encarceram a realidade, o quanto há de verdade?

imagem: © Ilhan Marasli

Os nossos horizontes

Quer mesmo, dar
asas ao destino...?

Olha através do teu tino,
mas, descole-se
um pouco
de si....

Aonde vou,
apenas eu sei,
e saberei,
mas...
Ainda
será aqui.

Será que este,
não é mais um lugar
que eu mesmo criei?

Esse tu, que
também já fui eu,
e este nós,
já padeceu...

E de todos estes entes,
tão transitórios...
Qual restará por aí?

São mesmo os nossos horizontes
                  tão externos à nós?

Alguém nos empresta
um quorum para razão,
esta, que por nossa voz
tem vazão?

Em verdades de imbróglios,
o viver
não trata-se de lealdade ao ser...
pois ser, não é apenas estar...
tem mais à ver com migrar,
e mudar...
permear, evoluir...
e muito mais
com o morrer...

Como morre
o um
da semente,
quando então
onde brota
sempre, o um novo
e assim, outro ente
de horizontes
crescentes.

ralleirias

Imagem : Michael Vincent Manalo,
The Earth Room, 
Digital Mixed-Media, 2010

a luz dum sol, como um sorriso!

E tenho feito,
mesmo, tanta coisa
quase sem pensar..?

Vivido 'perigosamente'...

'Perigoso' é para mente, transitar
em qual lugar?

Toda instância não é como um imaginar?

Andar na beira de tantos abismos,
fazer absurdos mergulhos às cegas.
Correr feito um louco, pra alcançar
paraísos... e o que parece pior:
Viver de sofismo...

E eu confesso, às vezes,
tenho perseguido horizontes
até cair de exaustão...

Fiz besteiras aos montes,
dei chiliques, fiz pataquadas
e afrontes
incontáveis vezes
desafiei sozinho a multidão,
que ainda bem, me ignorou
em sua 'comunhão'...

nu, eu, abraçado aos joelhos
e com um olhar vidrado
passei dias num cantinho,
como encantado...

Perdido, chorei sujo, no chão,
inquieto, sozinho, desconformado...

E em público, fiz papelão,
tudo que um louco não poderia,
e tudo que deveria.

Obediência é servidão!

Não deixei barato
quando era o que servia
e fiz quase sempre
o que não podia...

Eu pirei na palhaçada,
e então entreguei tudo
por merda,
por coisa pouca
e quase nada ...

Eu tenho amado
cada besteira,
pedrinhas empilhadas,
curtas e compridas
flores feias
não desabrochadas,
palhinhas flutuando na água,
cisqueiras multicoloridas...

Tenho observado tantos
os cães e os gatos de rua,
e lhes tenho tanta admiração...

Observo eles,
daqui da lua...
E com rara
percepção.

Também, pela madrugada,
saio para abraçar velhos mendigos
dou-lhes o que tenho,
não sei sequer seus nomes
e nem me importo
que não sejamos realmente 'conhecidos'.

Somos um só na estrada,
todos temos um umbigo...

E só por isto,
já podemos ser amigos!

E às vezes, somos...
e rimos do mesmo mundo caótico,
e à noite, corremos junto
os mesmos perigos....

E... é loucura,
sentar para conversar
sozinho?

Não!
Éramos ali, eu,
o sol, o céu e o chão!

E isto, nunca me pareceu
tão pouquinho...

Me disseram
que eu fiquei louco
e não dei aviso...

E eu, nem ligo,
dei-lhes e dou,
a luz dum sol
como um sorriso!

(...)
ralleirias (dos nexos servidos)

créditos na imagem

só sabe o que dá nas propagandas...

Teco - Tia Aimara, este outro é muito melhor, é que ele tem 5 mega pixels, tv digital
e tem também transmissão buferizada e em streaming.

Lili -  Tia Aimara, o teco, nem sabe direito do que tá falando!

Teco -  Sei sim tia Aimara, a Lili e que não sabe e não entende de nada
do que dá nas propagandas, e só sabe as coisinhas que ensinam no colégio!

Lili - É Teco? E tu nem sabe as coisas do colégio, e só acha que sabe o que
dá nas propagandas!

Tia Aimara - Teco, Lili... eu acho que, quando a propaganda
ocupa um lugar importante, como o que é para ser da educação,
esta ocupação é uma transferência indevida do poder sobre a autonomia
das pessoas,  porque destas transferências podem resultar empoderamentos
ou esvaziamentos estratégicos que moldarão não só as vontades
de qualquer ente, mas também e principalmente os seus destinos no mundo.

(...)
ralleirias (Das lutas de classe)

O natural

Nestas inglórias conquistas deformadoras

em sustentações sobre e anti humanas

para estados não naturais,

para não haver confusão,

eis uma simples definição...

O natural, é o que não requer 
esforço artificial.

ralleirias

terça-feira, 17 de novembro de 2015

investe

Capital?
Vai que a corda rebente capital..!

E se ninguém mais puder, capital?

Como é que faz?
Vai que ninguém mais acredite?

E se ninguém mais quiser, capital,
pra empurrar, pra socar mais,
como é que faz?

Capital? Tá dando muito na cara, capital!
Tá pegando muito mal!

Continua assim, apostando a mesma moeda velha e podre
de exército e religião, quem é cara, quem é coroa então?
Ela não vale nada e custa muito!
Impagável, implacável!

Tu te acha o dono do jogo..?
E todo mundo, cada um de nós,
entra com as suas próprias vidas...
Só vai lenha no teu fogo?!

Capital, sobre a liberdade, a independência,
parece que ninguém mais entende bem o que é,
mas, já manjaram que não tem nada a ver com
toda esta tua indecência, capital!

Capital? Talvez tu devesse ser menos especulativo
nestes mercados de risco,  principalmente risco de morte,
de vidas inocentes, capital! Vidas dos outros capital!
Vidas são mundos capital, te manca louco!

Capital, que palhaçada é este de juros e mercados futuros?
Trilhões! Não existe espaço nem tempo pra isto!
Como encarcerar riquezas nisto?
De onde? A conta dá 'maior' que um planeta,
que nem é e nem nunca deveria ser teu!
Mas tu foi lá, pegou tudo e fodeu!

É bem esta porra,
que também tá ralando tudo capital!
Pô! Excesso, não pode capital !
Desequilíbrios propositais, nunca capital!
Especulação, jamais capital!
Não mais, não!

Vamos parar com esta putaria sádica capital!
Masoquismo não é ideal de mundo!
Foda sem consenso é estupro.

Quem sabe tu foca em novas idéias?
Ousa de verdade...

Talvez, com algo do tipo:
Cidadão forte é em si, o próprio estado...
ou, assim, se ele é forte, faz um mundo forte!
Livre, faz um mundo livre...
Não é que cidadão bom é mundo bom,
que é mundo forte?
E dá pra combinar, que bom é do bem!

Capital, investe em gente,
em humanismo, em arte,
em matriz energética de energia limpa,
em autonomia dos cidadãos, é o tal empoderamento...

Capital, já não dá mais cara!
Te manca meu!

Muda tu, e em teu nome,
reforça em ti bons sentidos
muda tua vida, deixa desta loucura,
te humaniza!
Pois pela lógica, só
com o bem se capitaliza...
(...) ralleirias
 (Das lutas de classe)

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Cala a saga!

Cala a saga.
Nada há ,
nem tempo,
senão
nas palavras.

Cala a saga,
o mundo
é tua fome,
tua língua,
e prova
e fala
és assim
a praga.

Cala a saga,
medo e morte
vida e norte
não há, mas
fazes estrada...

Cala a saga.
Teu único real
lugar
é no silêncio
Cala a saga!
ralleirias - Meta teatro