sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

De tanto que navego...

Então, de tanto que navego...
tenho a nítida impressão, de não haver um rumo certo.

E admito que nem sempre quando o vento sopra
ele coincidirá com as velas abertas...

Sem medo do inoportuno, por vezes insisto em
atracar nestes portos incertos...

Pois, em qualquer cais, sempre encontrarei fantasmas
que foram minhas versões noutrora ...

E agora, como outros tantos seres,
parecem-me impossíveis,
mas não irreconhecíveis ...

Sim... foram meus desejos mutantes,
que geraram estas mortes constantes,
para as varias dimensões de mim...

E somos de alguma forma então, todos iguais, assim...

Não volto, escolho seguir ocasionalmente
por devaneios de felicidade...

Neles vago com minha mente,
mas, nem sempre prossigo...

Enveredo às vezes, nas mesmas rotas tortas e
nos mesmos caminhos, que então revivo,
de forma apaixonada e involuntariamente...

Mesmo assim, não estou perdido...

Ando até mesmo lucido,
sem muitos devaneios
me deixo ir além, ao mar...
vagueio...

Sou o próprio meio... sou o navegar,
O céu, o mar, o sal e o ar...
permeando-se equilibradamente.

E muito embora, minha razão pareça
incontinente, permaneço seguro, e não pereço...

Longe de meu passado,
mesmo que agora, não obscuro...

E também do incerto futuro...

Como as diferentes velas dum mastro, insisto
transformando o vento em caminho do agora
então, nestes tantos presentes, existo...
Múltiplo... Mundo à fora.
ralleirias



quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Saudade se constrói

Saudade se constrói, como qualquer outra idealização,
muito menos com a cabeça e muito mais com o coração...
Saudade se desconstrói, reconhecendo nela, a ilusão...

Saudade nos torna heróis, numa saga particular...
com feitos homéricos, entre o viver e o amar,
e que tão somente nós, poderemos recordar.

Saudade essa, que ao passado nos prende
e para a qual nossa alma nostálgica... se rende.
Embora seja, um tanto ritual e solene..
possui sim alguma verdade...
Mas é antes pela vontade,
que ela se torna perene...
ralleirias - Das mortes não morridas



Circular em qualquer dimensão

Circular em qualquer dimensão
não é uma necessidade,
nem obrigação.
Mas ante a universal transitoriedade,
pode ser um pedaço importante,
do que compõe nossa realidade...
e talvez, não exista maior liberdade,
do que na aceitação,
de que toda verdade,
é também uma invenção
da objetividade.
ralleirias

A palavra que te entrego...

A palavra que te entrego
É víscera exposta
Pergunta sem resposta
Flagrante descontentamento.

A palavra que jogo
Requer resposta logo
Deseja contradição, e ainda...
Quer equalizar a nossa razão...

Não tenho pressa,
Mas quero agora...
Somente a construção
De um novo 'real'
Me interessa...

A palavra que te empulho
Está contaminada, é entulho...
De certezas falhas, e de opiniões pífias e mesquinhas...
Eram para ser, legitimamente minhas?...

Malditas palavras que me encarceram
Me afastam pelo que foram, e não são mais o que eram...
Também em ti chegam, tortas e carregadas...
Eu quero palavras novas, descompromissadas...

Quero palavras, para uma nova era
Não estas malditas palavras mortas
Fantasmas, filhas das quimeras...
ralleirias



A etimologia

Acho também a etimologia, 
coisa pouca pra definir palavras.
Uma palavra, é como um vírus...
E resulta coisas diferentes, 
em diferentes sistemas e meios...
Como, 'ventura' que tive, tornou-se 
a 'desventura' que no final obtive?
Como é que uma história, 
migra por dentro das palavras,
e bota ali, este prefixo infeliz..?
Mas daí, vem disto, quem sabe,
um outro desdobramento...
E volto-me assim para ele,
o que se passa, é só pensamento!
Ventura e desventura, são aventuras!
Uma bandeira, tremulando 
ao sabor destes ventos...
Ventos loucos, dos pensamento,
pensamentos e pensamentos...
ralleirias -meta teatro
 


Enganos da felicidade...

Enganos da felicidade do devir e do porvir...
Pão e água aceitos em troca do banquete.
Ideais rasos, num mundo de glórias pífias distribuídas à varejo.
Papeis secundários diante da real existência.
Bois de moinho na moenda das próprias vidas...

Muitas de nossas pressupostas conquistas,
detêm também o dom de sugar nossas almas.
Nossas provisórias propriedades e a maioria
de nossos requisitados méritos, são cárceres.
Sentenças voluntárias que cumprimos,
pagando por um valor imaginário numa
dívida herdada de nossos antecessores...
Bois de moinho, rodando na mesma trilha...
Moenda de nossos sonhos, farinha de nossas vidas...
Pisamos nas migalhas dos grãos que semeariam a
lavoura de nossas reais existências.
E todos vencidos por estes devaneios, existimos em
vidas que nunca são nossas...
Deixaremos também um amargo legado, um mesmo brete,
para um mesmo gado...
Caminhos que nunca trouxeram a tão esperada satisfação....
a tal verdadeira realização.
E poucos irão atinar, e então lançar o olhar, acima e além
do que prende a manada...
Eis que a maioria, resignada e com o olhar fixo nesta trilha,
morrerá em vão...

Bois de moinho na moenda das próprias vidas...
Papeis secundários diante da real existência.
Ideais rasos, num mundo de glórias pífias distribuídas à varejo.
Pão e água aceitos em troca do banquete.
Enganos da felicidade do devir e do porvir...

ralleirias (das lutas de classe)


É tão simples pra tua cabeça...

É tão simples pra tua cabeça...
queria saber ser assim...
Espero francamente que o tempo passe
sem que nunca esqueças de mim...
Que as mornas tardes de primavera
onde nos conhecemos,
se repitam e repitam... indefinidamente....
E que um sol, como o daquelas tardes mornas
esteja sempre e sempre disponível, pra gente...
ralleirias


quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Há muito tempo no agora...

O tempo corre e as vezes, parece não haver muita graça...
E nada impede o todo... de mudar
Realmente manter o instante é improvável... tudo passa
Mesmo e ainda mais, se você ficar parado no mesmo lugar...
Há muito tempo no agora, eternidades...
E o próprio existir é o transformar...
Mas a atitude é muito importante...
Sem ela, toda eternidade parece atrasar...
Ralleirias

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Tão comuns existências...

Embora possam ser, estas tão comuns existências... redundantes.
Ante à percepção, que se transforma de maneira incessante ....
Quem sabe, talvez... também já não sejamos como antes..?
E se sim... ou se não... qual dos seus 'eu's' temporais,
que isto, agora lhe garante?
ralleirias



E pode ser, que você nem mesmo seja, aquele que pensa ser...

E pode ser, que você nem mesmo seja, aquele que pensa ser..
Quantos papeis múltiplos você exerceu ultimamente?
Algum deles é absoluto e dominante em sua vida, efetivamente?
Seu cargo, função, seus papeis transitórios e a lembrança que você
ocupa nas mentes de seus pares... qual deles é você?

Filho, pai, avô, namorado, amante, empregado, chefe, patrão...
Cada um é único e também múltiplo em uma ou outra dimensão...
Não fica muito difícil compreender, que o mundo não é universo...
mas sim, multiverso e mutante, e em plena expansão?

Agora, pense de novo, mesmo que você e eu, não estejamos concordando...
Se sim ou se não, não alterou-se já a sua visão um pouco, objetivamente?
Pois então, você é como o mundo ... e que é como a sua mente..!
ralleirias


É tão bom se fazer contente...

É tão bom se fazer contente...
Vamos brincar um pouco, eu e tu, de ser gente...
Eu e tu, fazendo aquilo que o outro fizer...
Como num espelho... não é o que tu quer?
Sorri pra mim e eu te faço sorrir...
Me dá um beijo na boca, eu então te dou outro...
Daí é só prosseguir... mais um pouco... e um no outro.
Pega na minha mão e sim, diz que sim...
E não diz que não... nada de mais, nada...
Eu te namoro e tu, é minha namorada...
Assim te garanto... nem precisa ser exigente...
Pois é...
É tão bom se fazer contente...
ralleirias


segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

partícula de um infinito móvel...

Neste silêncio produzido pelo cessar de tuas falas...
Há um limbo bendito,
que se esconde, como partícula de um infinito móvel...
Mas que só existe,
enquanto tu fala... de teu amor por mim...
ralleirias

à partir de ti...

Então... tem esta chama,
e que se ascende,
cada vez que eu te vejo...
E ela, pode ser mesmo muito perturbadora...
Uma obsessão que me desconcerta.
Não consigo pensar em mais nada, durante horas...
Um... muito, muito agradável inferno...
E de onde, não quero sair.
Teus cabelos vermelhos,
têm um pacto com o fogo...
Este, que queima em mim à partir de ti...
ralleirias


Vivo mergulhado em enganos...

Vivo mergulhado em enganos.
Emerjo, para respirar certezas.
A vida, tem esta seriedade cômica:
Às certezas são como fraquezas...
E embora sejam enganos,
são força nestas correntezas...
ralleirias - Meta teatro

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Identidade pode ser construção...
existe, mas é por opção.
Prerrogativa do ente...
Ou imposição de sua sociedade.
Ou quem sabe... uma vontade latente?
É na mente que reside ou é realidade?
ralleirias

O que espera o mundo?

O que espera o mundo?
Marca lugares, para que os ocupemos ...
O que esperamos do mundo?
Resignarmo-nos aos papeis... que nós mesmos 'escolhemos'?
Que mundo é esse? Quem somos nós?
Somos um único sujeito, e 'pensamos' com a mesma voz...
ralleirias

como a água

Expresse, crie ou... explode sim...
mas é como uma bomba d'água...
que jorra distorcendo a lógica.
em uma confusão, sem um aparente fim...
noite adentro, extravia o sono...
E o dia, toma do dono...
A história, o texto, os personagens...
a motivação...
jorram como uma cascata de sinapses,
desaguam numa convulsão de imaginação...
são imagens, reações, metalinguagens com pretensões...
carreiam as inspirações e emoções que são líquidas
e assim, como a água, elas derrotam qualquer obstáculo...
e cuidado... principalmente, ainda que não fluam...
Ao herói, narrativa e saga...
reunidos num pináculo
destroem inclusive o narrador
e o próprio receptáculo.

ralleirias
Quadrinho: Diego Sanches

A violência, permeia nossa sociedade de diversas maneiras...

A violência, permeia nossa sociedade de diversas maneiras,
o assassinato por homicídio, sem dúvidas é a sua forma mais brutal.
Mas há outras tantas formas de violência, que são quase incontáveis.
Numa sociedade absurda que se intitula civilizada, a violência sorrateiramente
chega despercebida, ela está nos descartes, na alimentação industrializada,
e muito na  educação e até mesmo via comunicação, diversão, aspirações e linguagem...
Mas primordialmente, nas relações pessoais desequilibradas...
E na covardia da presunção de superioridade.
ralleirias

o caos decifrado é e está acima do bem e do mal,

De Fibonacci, seguindo por Alan Turing, até a matemática Fractal,
o caos decifrado é e está acima do bem e do mal,
que reside no olhar daqueles que não o entendem,
ele é a própria força de expansão do Multiverso causal...
independente de tudo e de todos ...
Ironicamente... ele, também os compreende.
Ralleirias

Dogmas, regras e construções morais.

Dogmas, regras e construções morais, já foram um refúgio contra a selvageria,
até que se tornaram um requintado instrumento dela própria.
ralleirias

sou ego?

Te vejo todo dia
Teus espelhos
são as minhas janelas

Sou a busca do desejo que angustia...

E das todas mentiras tuas...
Sou sempre a mais singela.

Nas brechas de teu vazio obscuro,
Entre devaneios particulares, vivo seguro...

Nestes cárceres voluntários,
luxuriosamente,
Tomo tua vida
ao enganar tua mente...
ralleirias - Sou ego?


são ainda as mesmas...

Talvez, esta sorrateira e subjetiva banalização
de tudo que é sagrado, como, o amor e até a espiritualidade,
se dê, quem sabe, por consequência da cultura do descarte?
Percebo que há um agravamento da violência no cerne
das sociedades contemporâneas, em todo o mundo,
e, esta 'aculturação' da violência parece que está transformando tudo...
Mas, já não era assim há muito tempo?
No entanto, as carências humanas seguem as mesmas,
ainda que hajam transformações na forma da linguagem,
esta tenderá adaptar-se para suprir as necessidades de comunicação
dos entes sociais que também são ainda as mesmas...
ralleirias -das lutas de classe

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

uma busca por lucidez...

A realidade é como um mosaico para a percepção, e um labirinto.
As tradições mais antigas, já tentavam nos ensinar como,
com uma mente clara, se pode perceber melhor o entorno,
e assim, conseguir uma distinção objetiva de cada dimensão,
e as correlações do que alguns julgam como realidade absoluta...
Me parece que não há uma 'verdade' estática sobre nada,
o próprio 'tempo' cósmico nos mostra ser esta,
a mais provável 'possibilidade'...
A linguagem, cumpre um papel direcional na informação,
e este aspecto funciona como encarcerador objetivo
de conteúdos e de realidades...
Para vencer esta prisão, é necessário lucidez sobre
as versões possíveis de cada comunicação.
Talvez a chave, esteja em simplesmente praticar uma busca por lucidez...
Examinemos pois, esta origem interior de nossas palavras...
e mesmo...uma à uma, de cada vez...
ralleirias

curvo.

Muito curto é o tempo,
muito curvo.
Num espaço indefinido
é como um espasmo construído.
Como contorções aleatórias,
em meio a referências não objetivas...
caiu, subiu, esticou, encurtou,
veio ou foi, pras beiradas ou no meio?
Nele, meus fantasmas de seres
que nunca haveriam existido
seguem construindo devaneios...
E em toda parte,
mesmo o mais grotesco,
se torna também como arte...
Moldam-lhes as energias
dos desejos exprimidos, e
por necessidades suprimidos ...
A compreensão é como uma
cidade eterna, que é e será ruína,
assim como a vida e a morte, e
com a mesma sina ...
e que com ela combina...
Morte e vida, daquilo que
por sorte, nem sequer existiu,
senão apenas como referência,
assim como um norte
que ninguém nunca seguiu...
Algo já chegou ao norte?
requer paciência ou sorte?...
Torce o espaço, torce o tempo,
e quanto mais torce
mais é o mesmo momento...
Realidade de fato não há,
objetivamente, apenas 
um pressentimento do que 'é'
em meio a devaneios sobre
lembranças e esquecimentos...
Segue este rodeio perpétuo
de nada, e por isso mesmo,
nunca haverá parada....
Sairemos na tangente,
de uma das curvas
fechadas da lemniscata?
Cata o espaço e cata o tempo,
como quem cata o vento
que ainda não existe, agitando
freneticamente um cata-vento
dando 'a' vida ao movimento...
E é assim é que a existência
persiste... criamos cada momento.
ralleirias -Metateatro

Imagem: Troche - http://portroche.blogspot.com.br/

A vida é foda...

A vida é foda.
A vida coça, a vida assa...
É como moda que não passa.
E sim... ela arromba e esgaça...
às vezes é coito furioso, de fazer fumaça.
Contudo, não é desgraça.
A vida é uma baita foda, é certo...
e talvez, seja esta a graça!
mas pra curtir, na realidade...
não basta viver extravasando vaidades
mas tem é que estar desperto...
e... de verdade.
aí a vida é foda!
mas com toda a vontade!
ralleirias

O amor é um tango

O amor é um tango,
que nunca sabemos dançar suficientemente bem...
Mas num tango, pode-se ter...
Potências de potência...
Sem que seja necessária paciência.
Auto suficiência, acompanhada de extra resistência.
Não dois loucos, em uma demência... mas... cadência,
Uma clareza, percebida por mais de uma consciência.
Sincronicidade com naturalidade...
E sem desnecessárias exigências.
ralleirias

Somos mais do mesmo...

Somos mais do mesmo...
Em tantos devaneios de glórias
nos proliferamos a esmo...
repetindo às mesmas histórias.
Seguem-se milênios
uma era, um éon...
E a humanidade agora é sedimento
mero pó de calcário no chão.
Pra onde foram as vaidades?
E tantas conquistas?
Socialistas, os democratas, e os anarquistas?
Nem verbetes, nem lembranças, nem legados...
nem o pó dos vermes, que consumiram
os últimos humanos putrefatos...
ralleirias

Bem mais que uma galáxia

Bem mais que uma galáxia,
trata-se talvez, de um universo complexo.
Um mundo que nos vira do avesso...
gerador de pensamentos disléxicos
onde liberdades que confundem ensejo ...
especificidades daquilo que não é, não o que vejo,
mas esse desejo... por teu sexo!
E no entanto primeiro, rogo o teu beijo...
e o teu e o nosso nexo.
ralleirias


Por motivo de força maior...

Entendo o suplício dos que não podem,
por motivo de força maior,
lutar pelos seus próprios sonhos.
Há dimensões estranhas entre nossos mundos
multidimensionais,
onde a realidade, por vezes,
pode ser mais estranha que a ficção.
Conheço várias tradições religiosas...
experimentei a maioria delas,
e alguns de seus dogmas perversos...
armadilhas que imobilizaram e detiveram vidas de gerações...
Fosse possível delegar a realização de sonhos e desejos...
Pudéssemos não precisar agir...
A fé pode ser uma trincheira de resistência,
para aqueles que por algum motivo perderam a capacidade
de empoderar as suas próprias vidas, mas pode, também ser um túmulo.
Distorções à parte, a espiritualidade é talvez,
o que há de mais humano na humanidade,
e seu valor como um enorme esteio para a vida, é incontestável.
O mundo é co-emergente com o ente,
a significância das atribuições e do poder que move
os seres e seus particulares mundos... de fato, podem mover montanhas...
ralleirias

Pode ter algo além disto aqui...

Pode ter algo além disto aqui...
Um espaço interposto entre nossas realidades.
uma dimensão acessória...
emulada simplesmente pela boa vontade em acreditar...
Pode ser... pode acontecer... pode-se isto tecer.
um quê de magia captado, capturado, e que acontece
através dos seus sentidos...
uma extra-vontade... além do olho, tato, do olfato ou do que é ouvido...
tem uma aura... percebe? faz sentido?
só se quiser...
só se desejar...
só se sonhar...
não deixe isso ficar despercebido...
viva e veja, sinta e seja!
ralleirias

Na minha aurora, descubro agora, a morte como grande libertadora.

E em seu poema de morte, a despedida do herói circunstancialmente derrotado 
ainda enlaça a elã numa apoteose iluminada num cântico de auto piedade 
e gloria redentora e escatológica...

Na minha aurora, descubro agora, a morte como grande libertadora.
De angústias e devaneios, de dores e de destinos opressores.
Em minha morte descubro agora, a aurora como grande redentora.
De todos os complicados desejos e destinos, da minha falta de tino,
Da minha lógica torta e comprometida com todos os devaneios da vida.
Que grande sorte que existe a morte, um vasto espaço em imensidão...
Querida morte venha então... que o medo é inútil, e um apego da mente fútil...
Minha nova prometida, venha morte querida, dar-me a tão sonhada redenção.
Cura da solidão, cura da insensatez, dissolve minha imensa estupidez...
Vem, e varre tanta torpe iniquidade... tanta vaidade e desnecessária complexidade...
Minha mente cansada, que lembra de tanta coisa passada e de vidas que nem vivi...
Livra-me então, mais uma vez daqui, que este tempo já semeei,
Deste agora já me cansei, do tempo morto aguardo o fim...
Livra morte o mundo de mim,
Livra morte, imploro... esta vida que ainda há em mim...

Livra morte o mundo de mim,
Deste agora já me cansei, do tempo morto aguardo o fim...
Livra-me então, mais uma vez daqui, que este tempo já semeei,
Minha mente cansada, que lembra de tanta coisa passada e de vidas que nem vivi...
Vem, e varre tanta torpe iniquidade... tanta vaidade e desnecessária complexidade...
Cura da solidão, cura da insensatez, dissolve minha imensa estupidez...
Minha nova prometida, venha morte querida, dar-me a tão sonhada redenção.
Querida morte venha então... que o medo é inútil, e um apego da mente fútil...
Que grande sorte que existe a morte, um vasto espaço em imensidão...
Da minha lógica torta e comprometida com todos os devaneios da vida.
De todos os complicados desejos e destinos, da minha falta de tino,
Em minha morte descubro agora, a aurora como grande redentora.
De angústias e devaneios, de dores e de destinos opressores.
Na minha aurora, descubro agora, a morte como grande libertadora.
Ralleirias

Quando a lucidez revelar para ti.

Quando a lucidez revelar para ti,
esta tua tão pobre mente,
eis que te descobrirás encarcerado em devaneios
que sequer eram teus (e o são agora?)...

Mas que te envolviam tão densamente...
E tuas dores, quase todas, se revelarão pífias...
frutos de meros caprichos.
E toda tua vaidade, decerto desmascarada,
apresentar-se-à como crueldade aplicada...

E estarás também entre as vítimas,
que cozinharam nos infernos que impusestes...

Serão teus algozes, eternos e invisíveis,
empoderados por tua estupidez...

De novo e mais uma vez ...
... E então novamente...

Esta certeza redundante, mente...
E eis que esta, é a tua mente.
ralleirias

Essa co-emergência

Talvez, esta co-emergência, que está ligada à compreensão e criação
também opere à partir de símbolos 'apreendidos' via linguagem,
esta, recebida pela mimética das significâncias culturais e pessoais. 
Contudo, a compreensão pode vir à transcender o próprio
significado, criando uma nova dimensão de percepção e assim
expandindo o próprio universo de significâncias, e ainda,
trazendo para a realidade, potências de novas realidades
ampliadas, e estas, podem ser levadas pela linguagem
circulante aos demais...

Poderá este despertar, desencadear novamente o processo,
num looping de expansão contínuo..?

Contudo, este processo causal de re-significâncias nos
dá uma pista clara, de que, antes de tudo, talvez o que
'há' é efetivamente vacuidade, sendo esta, ligada ainda
ao mais longínquo instante da manifestação primal,
desta suprema liberdade de emular o todo,
e ainda o que está contido em nada...
E eis que isto é o feito: a criação.

ralleirias- das asceses místicas


O tempo só existe, para quem o assiste.

O tempo... foda-se o tempo.
O tempo só existe para quem o assiste.
Quem fica parado, olhando o passado...
É tudo montado por causa e consequência...
Percamos a paciência, o tempo deve ser mudado...
O futuro é um desdobramento do que se faz de um dos lados do muro...
E saiba, que ficar sobre ele, o fará menos seguro... e aliás...
o resto é devaneio puro, pois parte é vivido na consequência e parte é inventado...
Quer uma existência legitimamente sua e não estas estórias do tempo?
Absolutamente e integralmente engajado...
Viva então com paixão, o seu único momento....
ralleirias

ecoou na lembrança...

Um pedido vago, ecoou na lembrança...
Veio de um tempo remoto...
D'um lugar perdido...
De algo agora tão distante...mas contudo, ainda não esquecido...
E mesmo em meio à nova realidade e esta
quase desconexa, com toda esta herança ...
Restaura agora sua esperança...
Devolve-lhe novamente sua soberana vontade,
O fato de ser, totalmente responsável... pela força geradora,
de sua própria... liberdade.
ralleirias


O quanto um amor resiste?

O quanto um amor resiste
quando, num peito só ele existe?
Quando o querer bem é um vai que não vem...
Um grito que não ecoa, uma esperança atoa...
E importaria o tempo, quando
se trata de sentimento...?
O amor é atemporal
mas morre ainda deste mal:
o de ser maltratado.
perde-se, como se fosse queimado.
...uma confissão de amor
não são meras palavras,
são aliás, muito mais que sentimentos.
Mas estas desprezadas, são cinzas ao vento...
não há como resgatar...
E mesmo que um olhar mais atento
diga que isso, mais que tudo
ainda é amar...
ralleirias.

E o mar, tornou-se mente à navegar eternamente, não há paz, tão simplesmente...

E o mar, tornou-se a mente
a navegar eternamente,
e não há paz,
tão simplesmente...

O tempo, que foi mar,
agora é vida
e mais navegar...

A vida que foi amar,
então é espera
e sendo o porvir enganador,
nunca aplacará nenhuma dor...

E a espera que foi angústia,
até um fim...
eis que verteu-se em paz
E então a paz, que nunca fora,
agora, é mais do que há.

E o mar, tornou-se mente a navegar
eternamente em paz,
tão simplesmente... amar é paz na mente.
ralleirias

E lembro quando voltei...

E lembro quando voltei...
quando novamente, dei-me por conta...
mais uma vez estava aqui...
Como, 'caindo' em uma mesma armadilha...
É como um grande e belo parque...
é admirável, a vida... em muitos aspectos e formas,
parece mesmo uma maravilha...
Mas antes de tudo é uma complicada e terrível prisão...

O que de fato aprisiona em tudo isto?
Nessa roda de ciclicidade insana...
Quantos bilhões de voltas até o fim?
...trilhões de detalhes...entre os incontáveis eventos diferentes,
que dadas as limitações sistêmicas e não apenas potencialmente,
mas de fato, mesmo em todas as escalas macro ou ínfimas, ainda assim,
serão repetitivos... infinitamente.
E ainda, há essa ilusão maior que é o maldito tempo...
Esse maldito apenas acontece, mas da forma como o conhecemos
ele não existe!
Ralleirias

Cada um que o conto conta...

Parece, que de fato, o mundo é antigo,
e a antiguidade tem o condão da continuidade...
Velho mesmo, talvez sejam nossas histórias e glórias... repetidas!
Um gozo é um bônus, o medo, um ônus... e assim vai...
Sempre em 'novos' papeis, novas vidas, o mesmo enredo,
os mesmos prantos...
Tragédias e odisseias de um mesmo encanto, girando, girando...
E, eis que cada um, que o conto conta, espicha-lhe mais e mais a ponta...
ralleirias

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Talvez seja o mais nobre legado

Há coisas simples sobre os dons de cada um,
emanações atemporais e marcas, que quando deixadas,
podem extrapolar o que seria comparável aos poderes de uma divindade.

A sua Arte, seu talento, talvez seja o mais nobre legado
à ser compartilhado com toda a humanidade,
e mesmo se relativamente poucos fizerem contato com ela,
eis que o mundo, mesmo assim então,
será transformado para uma melhor criação.
ralleirias


Bastasse...

Bastasse pensar com a própria cabeça,
Bastasse não temer nada, nem a morte.
Bastasse então... ser rico!
Bastasse ser mais:  absolutamente independente!
Bastasse ser livre, e ter saúde...
Bastasse saber de todas as culturas da terra, compreender todos os povos.
Bastasse entender o amor e não temer amar plenamente...
Bastasse ter controle real sobre a própria vida ...
Bastasse transcender mesmo à mente.
Bastasse pouco, ou mesmo que fosse tudo isso...
Bastasse viver mil vidas em uma, de novo e novamente.
Bastasse que a bendita experiência de ser feliz,
não fosse assim vivenciada, tão complicadamente...
ralleirias

... não prima por fazer sentido.

Parece que vida, 
não prima por fazer sentido.
Ela é linda, mas tão breve, 
e faz tantas exigências 
no que nos é incumbido...
amores... fortuna... sorte...
são, demasiadas reticências...
A vida é como sonho, demência!
- pensou então a Morte...
que sem a vida,
nem teria existência...
ralleirias

Imagem: Carlos Torres 
http://www.carlostorresart.com/

Tão humano e tão ingênuo...

Tão humano e tão ingênuo...
Esta muito própria, quase despercebida e oculta vontade
de desejar que o problema seja sempre externo à nós...

Pudéssemos fazer existir sempre que necessário um diabo...

Um pobre diabo, para expiar nossas culpas e medos,
e mesmo nossas paixões e nosso ódio, o desejo e a repulsa,
nossas covardes preguiças, em tomar as ações em nossas mãos...

Pegássemos então, no rabo do diabo e o puxássemos,
veríamos que está ligado às nossas próprias bundas...
ralleirias - 'Do rabo do diabo'- fragmento


'quem conta um conto, aumenta um ponto'...

Quando me deparo com algum poema,
ou algum escrito, que me traduza um sentimento,
ou uma lógica ou sabedoria, percebo que esta,
pelo menos em grande parte, eu 'no então" já conhecia.
E daí, quando escrevo, apenas revelo o que muitos já me
presentearam com às suas sabedorias...
Assim, noto que todas as compreensões reveladas são 'nossas',
Claro que é como a brincadeira onde 'quem conta um conto, aumenta um ponto'...
Sempre que disseminamos impressões, estas, nós às incorporamos,
mas também e principalmente por isso às enriquecemos.
ralleirias


Meu olhar te inventa...

Meu olhar te inventa...
É tu, meu lenitivo...
Outro tanto, é que tu representa...
Mas reconheço...
tu é mesmo tão linda...
e sem um especial motivo...
Vê se por favor me aguenta...
Pois quero ser teu preferido.
Te beijar o pescoço, sussurrar no teu ouvido...
São idealizações, enfim...
Mas o que importa...
Não é tudo mesmo assim?
Bota um vestido ousado... ou tira...
Mas desfila só pra mim...
É... sou um tipo ultrapassado...
E nem todo mundo é assim.
Mas sou muito interessado...
Pois agora, eis que o mundo... é quase irrelevante
se tu não está perto de mim...
ralleirias




Novamente meu..!

Então, depois de todas as promessas,
Eis que fui esquecido...
Este tempo chegou e tirou-me daquela vida sem pressa,
e nisto incluído, tudo o que eu imaginava que havia construído...

Os modos mudaram, a terra girou,
o sonhos passaram, e o teu amor..?
Se esgotou?

No entanto, o que me sobrou,
foi agora, a possibilidade da construção
de um outro mundo...
Não necessariamente melhor,
mas,  novamente meu..!
ralleirias

blues da proposta...

Em que mundo tu andas?
Bem que eu queria saber...
Tem uma porta pra entrar nele?
Queria ir aí...
pra que pudéssemos, verdadeiramente, tentar nos conhecer...
E há nisso uma certa urgência...
Pois o tempo, tá impregnado desta maldita gravidade...
quando se vê...
nos arrasta pra cova, e sem a menor dificuldade.
E então, me diz...
Tu quer mesmo ser feliz?
Tu me deixa tentar?
Quem sabe eu consiga...
Assim... te encantar.
E, vai que eu acerte
a tua felicidade... 
Pode ser que eu te mostre
o que é amar de verdade...
Queria eu...
Ser esta tua melhor opção...
E quem sabe ganhar de vez,
Esse teu coração...
Eu tenho coragem... 
Eu e tu..?
Sim ou não?
ralleirias - blues da proposta...

Simplesmente acontece...

Conhecêssemos
melhor as implicações
do amor,
respeitaríamos mais
a loucura.

Pois, quando um ou outro
bate à porta,
são como febre
de difícil cura.

E como o dia
que a noite encontra,
sem que para a terra
o sol preste qualquer conta...

Não são como um plano,
que como pano,
fio à fio se tece...

O amor, a loucura
o dia e a noite...

São como algo
que simplesmente
acontece...
ralleirias


Quatro da madrugada

E as quatro da madrugada
uma dor passada, se reapresenta...
Vem como uma poesia inacabada, 
e com cara de rabugenta...
Quer satisfações sobre os porquês 
que ela mesmo inventa...
Mas, não há respostas possíveis 
sobre esses lugares inexequíveis...
Forjar assim novas memórias, 
decerto ela intenta...
Mas a mente, assim me cobra, 
como seu melhor dom e grande obra, 
pode fazer tudo possível... 
Transformar devaneios 
em verdades, (e me esnoba)...
é o seu dom  mais incrível...
ralleirias - meta teatro


Nada parece fugir ao controle... do caos.

Nada parece fugir ao controle... do caos.
E quando tudo parece dar errado,
Daí, mesmo pros bons e pros maus,
eis que sim, foi tudo absolutamente
muito bem orquestrado...
ralleirias