(...) Sem surpresa, dei- me por conta, daquela sua aparência de fauno,
como nas imagens mitológicas, e ele, devia ter uns três metros de altura...
Pensei por um instante, que isto fosse algo como uma alucinação ou sonho,
pois eu notei que não sabia como havia chegado ali.
Caminhávamos lado à lado, eu e esta figura, a qual muitos imaginam,
como a figura do próprio diabo, e, não me parecia o caso, tratava-se de
um ser de natureza tranquila, sábia e bem humorada.
Conversávamos animadamente, como bons e velhos amigos.
Falava-me, o porquê e qual a necessidade de agora eu cumprir alguns
papeis fora dos eventos de meus próprios universos, e que assim,
naquelas inesperadas situações, grandes complicações poderiam ser evitadas...
Garantiu que, contudo, nada mudaria nas minhas possíveis trajetórias.
Então, explicava-me que antes daquilo que conheceríamos como o nosso
nascer, 'algo' aproximado ao que designaríamos como uma permanente entidade,
incitou uma proposição:
Pausada uma ínfima parte da eternidade, sucederiam-se assim, alguns
proto-eventos, e ainda que causais e fugazes, seriam muito importantes.
Isto me pareceu um tanto confuso, mas, entendi o suficiente, para que ele
como se, telepaticamente notasse e assim prosseguisse a explicação...
Dizia-me que entre algumas coisas acordadas, estavam estas setenta e duas
instâncias, que não poderiam deixar de se desenrolarem da forma como ele às
apresentaria.
E estas 'coisas-instâncias' de condão humano, estavam todas ligadas
há alguns entes nascidos entre a humanidade atual, e seria essencial que
um novo ser, agora, ocupasse este lugar, o qual daria sustentação com seus
desencadeamentos lógicos, para uma importante mudança necessária,
em um dos rumos da história da humanidade...
Então poderiam vir à ser, assim, desta forma:
Uma instância, seria como filho de uma mãe dedicada;
Outra, como um filho de um pai sábio e amigo;
Mais uma, para cada irmão ou irmã;
Outras quatro como neto querido;
Outra, como um grande amigo de infância de uma linda e meiga menininha,
que não chegaria a idade adulta;
Outra como amigo infantil 'preferido', de uma senhora solitária e de alma
muito jovem, e que já estava de partida;
Mais duas, como amigo leal e sempre presente de dois bons amigos que
viriam a se odiar...
Outras, como o amor marcante para duas mulheres muito especiais;
Outra, como um pai de um garoto, que carregava uma alma muito antiga,
e também que viria a ser um dia uma entidade muito sábia;
Outra, como referencia de bondade, para um ente de alma muito má e perversa;
Também uma outra como um mau exemplo;
Outra, como um eventual demônio irado;
Outra, como louco;
E também, como um sábio insuspeito;
Outras tantas como alguém que ensinaria e aprenderia coisas muito relevantes,
às quais fariam legados úteis à humanidade;
E também, mais algumas, inspirando pessoas bastante especiais, e que tanto
já haviam realizado pelo desenvolvimento de outras potencialidades sobre
estas dimensões do desenvolvimento do que chamamos lógica e filosofia.
Haveriam de serem cumpridas também, algumas instâncias não objetivamente
de elo humano, estas, mesclariam-se entrelaçadamente, também conforme
aquele acordo, e em todas estas situações anteriores, e espalhariam-se de
tal forma, que seria praticamente impossível distingui-las à partir dali,
como alheias à própria história desta nova humanidade...
E eis que neste novo 'então' surgido, estas instâncias não existiriam da mesma
forma que são.
Seriam revolucionadas para que só houvessem enquanto existisse humanidade
e mesmo que, de certa forma, pudessem ter continuidade por algum tempo, e
mesmo sem os entes humanos...
Até agora, conhecemos estes desdobramentos, como, o ódio, o amor, o fascínio,
a fúria, a vontade, a certeza, a vaidade, a beleza, e tantas outras coisas que
marcam o mundo... Infinitas nas nossas finitudes...
Guardadas como informação flutuante, migravam de um ente para outro
independentemente das suas compreensões, percepções e vontades.
Outro veículo essencial de manifestação do devir, para estas instâncias,
conforme o mesmo acordo, seria algo como um espírito, este que jaz guardado
dentro de cada som, e que muta constantemente nas palavras, transformando
os seus significados nas mentes que às guardam e às contêm, criando assim,
novos avanços na realidade e mesmo resgatando para novos paradigmas do agora,
e também, mesmo alguns mundos, muito mais velhos e multidimensionais.
Segredos, guardados bem à vista de todos, que combinados adequadamente
por aqueles seres já acostumados e preparados, criam desta forma novos universos.
ralleirias - fragmento