sexta-feira, 30 de setembro de 2016

prerrogativas

Ser dragão,
tem sim 
prerrogativas.

Onde porém, 
é sabido 
que bem ou mal, 
tudo, são perspectivas...

E em dragões,
convenhamos, 
fazer o quê,
se há fogo dentro...

E muito à vontade 
em seu elemento...
 
Aquele que não teme a sorte,

não teme também a morte,
 
nem tampouco teme o tempo...

Consumir-se, como num fogo...

É pois, a prática corriqueira
deste elemento.
ralleirias

este negócio de admiração

Não é tu meu amor,
que apenas está presente, 
quando encantado te admiro...
Tua aura pra mim tão envolvente, 
trás-me calma, ainda que também suspiros...

E eis que este negócio de admiração, certamente
brota na mente, mas é impulsionado pelo coração.

Sim... este coração demente treme 
de tanta paixão...
ralleirias

Crédito na imagem

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

É roubo...

A lascívia do desejo sem entrega...
É roubo...

Imagens de steampunk plague doctor art

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

turbilhão...

Há dias de turbilhão...
algumas vezes, na mente...

daí é que se espalham 
as sementes...

algumas vezes no coração...

e que causam as mudanças 
nos mundos...

Desfazem-se assim
tantos mistérios profundos...

O universo é o inverso 
daquilo que foi prometido?

Altera-se assim tudo o que já foi estabelecido...

E então, um multiverso novo, 
é parido...
ralleirias


no engano de ser quem não é

no engano de ser quem não é
fazia tudo o que não queria
e nem pensava no que dizia...

no engano de ser quem não é
contava vantagens sobre o
que nem sabia
na vida loca, vulgar e vazia...

no engano de ser quem não é
preso estava no amar errado
e no odiar desnecessário...

no engano de ser quem não é
só tomava identidades
e dava nascimentos
em coisas de otários...

no engano de ser quem não é
morreu a lucidez
cresceu a estupidez

no engano de ser quem não é
passou a vida
perdeu a vez...

ralleirias

O impossível é uma acomodação desconfortável.

E preso naquele inferno, sem opção alguma de escapatória, 
com seus cinco sentidos, inundados constantemente com 
toda aquela insalubre tralha, que chegava aos borbotões...
Começou o lento e gradual processo de desconstrução das 
significâncias que suportavam o que conhecia como realidade...
Buscava os rastros de cada referencia fictícia ou pressuposta
como o real, até mesmo na raiz das palavras 
e de todo o logos... 
E tão próximo chegou da essência, que viu extinguirem-se 
o mal, o bem, e o que conhecia como identidade ... 
Mergulhara perceptivamente, em uma dimensão amorfa, 
ampla, maior, onde um estado de permeabilidade abrangia o todo...
Parecia algo, não como uma especie de presença, 
mas, uma indefinível constância, onde não há referenciais, 
e há as possibilidades, 'todas'...
Então, reencontrou a paz absoluta 
na liberdade daquele silencio...
Neste instante, tudo o mais que há, 
pode ser simplesmente uma opção.
O impossível, é uma acomodação desconfortável.
Ralleirias

domingo, 11 de setembro de 2016

biscoitos tão bons...

Ela só gosta de biscoito fino.
(pensa) -Só tem este, e é muito extravagante!

Ele acha estas bolachas maravilhosas!
_Mas, nesta embalagem, parece cara,
e tão arrogante...

Tantos defeitos inexistentes
nestes dois biscoitos tão bons...

Acabaram mofando na estante...

ralleirias(...)
Crédito na imagem

sábado, 10 de setembro de 2016

idiossincrasias

Um olhar dentro de outro olhar...
pode ser impossível explicar...

Olhar além do espelho
causal do tempo

O reconhecer é conceber
realidade, por vontade e quorum.
E é olhar o passado, o referido.
Talvez, tão somente 
e apenas
talvez, 
a realidade seja processada 
um pouco diferente para cada um, 
cada qual com suas idiossincrasias e daí, 
esta noção de realidade objetivamente 
encarcere o observador, 
e de tal forma 
que sob sua ótica 
outras possibilidades 
além da sua 
apresentam-se 
como 
impossíveis...

condenando-o
em suas próprias
certezas e
ignorâncias
cíclicas 
ad eternum 

ralleirias(das mortes não morridas- Movimentos)


mas não inteiramente...

Estou indo, 
mas não inteiramente...
Lucidamente enganado, 
oniricamente consciente.
Uma parte de mim, insiste 
em ficar por aqui, 
está obcecada e renitente...
Tento liberta-la, 
dissolvendo meu passado, 
visitando-o esvazio minhas 
memórias,
mesmo as mais dolorosas, 
e principalmente aquelas 
em que presumi  
alguma glória...

De lá, o 'agora' é futuro... 
e então, tal qual como 
neste instante, este futuro, 
só pode ser alterado, 
em construções do presente... 
e por isso... é que
estou indo,
mas, não inteiramente...
ralleirias (das mortes não morridas - Bardos)

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

paradoxo próprio

Num paradoxo próprio
onde sem estar no tempo
olhando atento ao porvir
consegui transcender
qualquer momento,
e ultrapassei
todo o devir.

Girando
e não circulando
afastei
todo pensamento
e os transcendi
tal qual sufi...

Flutuava
dissolvia
não instância
ou relevância
nem há dor
nem alegria
nem verdade
ou fantasia
e identidade...

Fui ou não
ao antes
do nascer
onde
não havia
um morrer
nem nada,
ou tudo
existia
ali...

(...)
ralleirias(das mortes não morridas )

crédito na imagem


quinta-feira, 1 de setembro de 2016

buda interno

Não, não há mistério,
para desvendar
nem há quem seguir
até uma 'iluminação'... 

O que pode haver, 
talvez, 
seja um abandonar 
as nossas convicções
encarceradoras... 

Porém, 
não trata-se exatamente
também 
de uma negação do eu, 
mas sim, 
abdicação 
dos pesos
das nossas certezas, 
e de nossas
travas
e cercas
existenciais... 

Troca-las 
por uma
liberdade maior.

A de tentar
'ser' feliz 
sem um severo compromisso 
com as dores
de nosso repertório
e com qualquer permanência 
em uma identidade construída
sobre as lembranças
que decidimos
portar... 

E mesmo 
aquela que supomos 
ser a do nosso próprio 
buda interno... 
(...)
ralleirias
crédito na imagem