sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Meu pensamento é nuvem.

Meu pensamento é nuvem.
Às vezes chove.
Às vezes é bolha, ou balão, e estoura
com as mais sutis mudanças.
Às vezes, dança num redemoinho,
é um pé de vento, tempestade...
Às vezes é sol ao fim da tarde...
E é céu aberto...
Especialmente, quando estás por perto.
ralleirias


Repercussão de uma certeza

O sentimentos despertam na repercussão de uma certeza.
Toda certeza é relativa, também assim, ela é uma das
faces do engano.
E o sofrimento assim, é uma versão de certeza,
alimentada por um doloroso enredo,
e mantido pela atoafirmação...
Assim também é o ódio, mas este,
além de tremendamente visceral,
e mesmo o ódio fruto de militância
e condicionamento mental, é como uma
possessão onde fazemos o impensável...
(...)

Este poema está em andamento, e provavelmente continuará...
ralleirias

Aquilo que a fantasia cria, pode também vir a ser verdade?

Aquilo que a fantasia cria,
pode também vir a ser verdade?
Informação como seleção da contemporaneidade ...
Eis aí, uma secreta transitoriedade da realidade...
Especial fragmentação de vagos simulacros
Essencial classificação dos novos e influentes sacros...
ralleirias


terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

seu conto vivo

Em seu conto vivo, começou narrando sobre a forma irregular do moinho,
como algo mágico, e que lhe dava uma vantagem sobre todos os outros,
era uma espécie de moto-perpétuo. E era como um segredo a céu aberto,
escondido na obviedade, e que ninguém notava.

Mas, como envolto nesta mesma mágica fantástica do moinho, seu relato,
não era um simples contar de histórias, estávamos eu e ela,  lá... na história...
talvez, um pouco afastados, assistíamos não um passado de eventos remotos,
daquilo que já foi, mas estávamos no instante, não que era, mas, o do que ainda é.

O moeiro, conversa com um sujeito, que acaba de chegar num cavalo baio,
ele tem na frente de sua cela, sobre os joelhos, um saco de alguma coisa,
eu presumo que seja de milho. Estão parados, e o moinho, rodando em boa
velocidade, mas quase sem água, o cavaleiro, não parece notar, talvez distraído,
ele está acertando preço, falando de safra, relatando brevidades até que chegue
a hora da moenda de seus grãos e de fazer a sua farinha.

Então, passa pela estrada em frente ao moinho,
um outro sujeito a cavalo, e ela o nota, mas, sobretudo, reconhece o cavalo,
e não o cavaleiro. Segundo ela, lembra-se deste evento, e do fato que será relatado
à partir deste mesmo instante, e a história refere-se principalmente ao cavalo.
A narrativa nos leva de imediato ao alto de um cerro, numa trilha estreita,
marcada na grama e na areia, nos cascalhos e entre as pedras e barrancos,
rastros deixados pelo tropear de cavalos, mulas e gado.

ralleirias (fragmento)




Certezas? Dúvidas? São como nunca e o sempre.

Há um código de comandos,
e eles apresentam-se
irrefutáveis em teus caminhos.

É um acervo
do catálogo oficial de normas da existência,
ainda que dependam de verdades transitórias
esculpidas em leniências.

O saber, pode ser vago e
sempre necessitará de paradigmas...

As dores e os sofrimentos,
podem ser banidos por um tempo,
mas resilientes ressurgem na tua mente,
na tua carne e ossos e delas,
tua persona, quer-se mesmo digna...

Certezas?
Dúvidas?
São como o nunca e o sempre.

faces da mesma moeda
girando indefinidamente...
ralleirias


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Poesia em P&B 6

Se esvai meu tempo
hora à hora
A impressão clara, 
é de que a vida 
vai-se embora.

E tantas coisas 
não realizadas
perdem-se para sempre.

Nunca terão um agora...
pois já é  
'daqui pra frente' 
ralleirias


Poesia em P&B 4

Minha mente, coitadinha
não para - fala sozinha
só coisas que lhe convém.

Não quer calar um segundo
pensa que sabe do mundo
distorce qualquer porém...

Mas lhe aguarda, espreitando
uma verdade, um fato,
não há sobre esta terra
qualquer ato
que não seja mera 
interpretação...

A palavra, direciona 
a razão...
É apenas um trilho
nos campos da liberdade
e até a própria verdade,
em sua instância maior,
não passa de mera invenção
ralleirias

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Anda ele, a serviço de quem?

E pra quem o diabo reza?
Anda ele, a serviço de alguém?
O esforço que ele faz no inferno,
e que ele muito preza,
transcende todo mal por causal
e assim mesmo, daí, todo bem..?
Nenhuma das preces dele falha...
Sabem por conta do quê?
Adivinhem para quem o diabo trabalha...
por quem... e quando se cria o 'mau', e porquê?
- meta teatro


quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Instrumento de afirmação do poder dominante

Mais sórdido ainda, do que a opressão sexual e cultural,
a religião é e sempre foi instrumento de afirmação do
poder dominante, por isso, não aceita ser questionada e mata,
devasta e destrói sempre que achar necessário,
não perdoa mulheres, crianças, velhos, inocentes...
Nada fica em seu caminho...
As mentes estúpidas e fanáticos de qualquer tipo,
são seu instrumento preferido,
são eles que fazem as fogueiras
e são eles que puxam os gatilhos.
ralleirias


meio sonâmbulos...

Um dia, ele  abandonou o corpo.
Não, ele não morreu,
apenas o deixou no piloto automático...
E este, circulou como um bom cidadão
durante muitos anos, dormindo em meio ao cotidiano...
Estranhamente numa espécie de sonho obediente,
às vezes quase acordado,
mas, sempre meio sonâmbulo...

Talvez, futuramente ele volte...
vai ser puxado,
quem sabe pela dor
de ter estado inconsciente...
ralleirias


De onde vêm

De onde vêm estes pensamentos
que se pretendem como idéias
justas e ordenadas, e no entanto,
mesmo numa rasa análise,
mostram-se mal acabadas...
Assediam, e sussurram
aos meus ouvidos
os defeitos do mundo
que por meus olhos
foram paridos...
ralleirias


Imagem: © A N T O N I O • M O R A

estou não agora...

Estou onde já estive antes e sempre.
Mas, toda via, nem sempre presente...
Estive preso, e distante...
Em cadeias de flores amores e desejos,
e em tudo, nem mesmo houve
um pequeno lampejo
de coincidência e verdade...

Estou onde estive, preso a vaidade,
preso a raiva, a loucura e o ódio...

Em desejo e fúria,
em mansidão por tédio
a que o egrégio, fadado
ao carma sem alma,
e ausente...

Estou mas,
nunca estive presente,
como estive neste agora...

Em mente consciente.

Estou em mente,
dentro e não fora,
porque, estou sempre,
não agora...

ralleirias -13/02/2008

todas as instâncias...

O que nos serve e o que não serve?
Testadas todas as instâncias,
cada uma, por um longo tempo...
O certo e o errado, o côncavo e o convexo
o imponderável e o nexo.
Todas parece, encerram-se inconclusivas, repetem-se
até desejarmos, que elas nos façam sentido...
E logo, estaremos assim, seguindo rumo à outros enganos...
Somos como o louco, percorrendo cada um dos arcanos.
Estes mundos, que jorram de nós,
com todos os aceites e outorgas
são como pipas que alçam voo... ou pandorgas
em ventos fortes, mas, seguros por uma linha ruim...
logo, terão em pleno céu, toda sua glória
que será então, daí, também o seu fim...
Somos como uma fonte de enganos,
entre todos os possíveis nãos... e sins...
ralleirias - arcano XII
 - crônicas das asceses místicas 




quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Silêncio puro.

É bem poético, mas sobretudo é verdadeiro
dizer que o silêncio permeia as melhores músicas e
também os mais impressionantes discursos.
A estrutura dos sons que nos são caros e são familiares na língua
e mais naturais em nossas tradições culturais,
só existe e é compreendida como tal, por conta dele...
Mas para mim, o silêncio é algo muitíssimo apreciado
em grandes doses,  assim, puro mesmo...
ralleirias


Cedo, tarde...

Conceitos limitados...
Cedo, tarde.
O que importa
mesmo, é a vontade,
quando bate à porta...
Tendo o espirito forte,
e a mente calma...
Faça, o que lhe diz
a sua alma...
ralleirias