Reza a lenda, que nos reinos
dos mortos, todos acham que
estão muito vivos...
Lá, estão todos escravizados,
uns pelos outros e sempre
prestes à tornarem-se
combustível e alimento, uns
para os outros... mas de uma
forma ou outra, todos se
percebem como soberanos
incorruptíveis, inconsumíveis
e poderosos reis de tudo.
E mesmo que tudo por lá, dependa
de continuados, descarados e
incessantes holocaustos e mortes
de absolutamente tudo o que há lá,
jamais... de forma alguma
eles percebem, nunca...
Mesmo o evidente e gritante
fato e atos dos desgastes
continuados, das mudanças
e transformações perpetuadas,
das imparáveis reabsorções e
conversões, destruições,
tudo lhes parece diferentes
processos de algo correto, certo
'evidentemente' natural e 'vivaz'...
E assim, a morte, o único elemento
que há em tudo e no todo, lhes passa
inobservada e incólume aos seus saberes
e visões, em suas totalidades.
E quanto mais avassaladora ela é, mais
eles à tem como um imperioso vigor,
de pujante vivacidade...
E assim, eles são terríveis, e como
devoradores, tal como a própria morte,
vão imparáveis e absolutos e demoníacos,
e ferozes e vorazes predadores de tudo,
e nessas mortíferas, famintas manifestações
pelas destruições, nas suas mortes, nunca param...
seguem morrendo ad eternum
- crônicas das asceses místicas