segunda-feira, 30 de maio de 2022

do fim ao começo

 Rogo aos meus ancestrais, o meu grande apreço.

Pois, sou todos vós em movimento, do fim ao começo.

E aos outros muitos que fazem acontecerem as vidas,

afirmo que suas lutas, nunca são preteridas, ainda 

que todas as formadas estórias desvaneçam e sejam 

esquecidas...

Somos no agora, o resultado de suas andanças 

e das muitas glórias, fracassos e perseveranças.

Assim, fortalecido nestas complexas heranças

humildemente os compreendendo, 

vos agradeço, enfim.

E nunca os abandono em mim...

- meta teatro

quarta-feira, 25 de maio de 2022

Não faz sentido o perder...

O que será da esperança, que já não há...

E no amanhã incerto, assim, chegará?

Ora... quão suave é dar conselhos na dor alheia...

Saber apontar o certo norte a quem se desnorteia

e mesmo sem nunca ter ido lá, pisar...

Trocas... seja qual for o nosso lugar 

é o que sempre ele irá nos ofertar.

Pois é o que nos resta ter 

e o que há para ser

quem sabe 

nos cabe 

primeiro aceitar

para então, isto, aprender..?

E decerto já estamos tão perto

do que podemos então, viver...

Já o que nos acontece

quando a atenção padece

é o que há para acontecer...

A realidade é fatalidade,

só quando então, esquecemos 

de vividamente, viver...

Não faz sentido o perder...

- meta teatro

o mundo muito incompleto

 Hoje sinto o mundo 

muito incompleto.

E o sol, parece que brilha, 

muito menos do que um dia, 

já brilhou.

Os pássaros que cantavam, 

emudeceram por completo

pois o calor que havia, 

em toda a vida, 

se esfriou.

Não brilham as cores

elas empalideceram

e eu não encontro mais as flores 

parece que já as colheram...

E assim, nem sinto mais o teu perfume

ou tenho agora ainda o teu Amor

Sim, sei... na natureza tudo finda

mas saber disto, não impede 

esta minha profunda dor...

Que haja paz, portadora 

da harmonia e da beleza

estejas aonde estiver

irreparavelmente seguirei 

existindo sem a tua presença

até quando eu puder...

- Para Évelyn, com amor.

terça-feira, 24 de maio de 2022

Descansa em paz...

23 de maio de 2022.
Hoje, perdi uma pessoa que eu amava muito, muito...

E que me ajudou a ressignificar minha vida, que me deu 
motivos para acreditar e ter fé no amor próprio e ao próximo, 
e ter esperanças num mundo melhor...
E a entender o que de fato é amar, o que é o amor, 
e a cultivar uma verdadeira amizade.

Hoje, perdi uma parte significativa de mim, irremediavelmente, 
eu perdi parte de um sonho, foi-se com Ela, uma boa parcela 
de minhas esperanças sobre a felicidade.

Minha alegria e vida foram golpeados mortalmente.

Dói muito, há dois dias, ainda na sexta-feira, ríamos juntos 
e planejávamos realizar um trabalho em vídeo. 
Mas, de repente, o mundo muda e as coisas acabam...

Dói muito, mas achei importante compartilhar isto,
para dizer, amem agora, façam agora, busque contato com 
quem você ama já, não espere, pois o depois pode ser tarde 
e pode ser algo impossível.

Querida cabocla amada Évelyn Alves, gratidão pelos tantos 
momentos absolutamente únicos e maravilhosos que compartilhamos, 
gratidão pela tua sabedoria e pelo amor e carinho e a espontaneidade 
e a integridade com que sempre te manifestastes... e gracias amada, 
por essa nossa grande amizade, te amo muito cabocla amada querida,
pessoa linda, descansa em paz...



ocupação da vontade.

Ingenuidade também é por 
ocupação da vontade, como ato.
E ainda, a verdade transcenderá
naturalmente o fato...

No que resta desta atenção,
estará entregue quanto de real ?

Nas singularidades, no plural ?

Nas composições das normalidades
daquilo de excepcional, 
sequer precisa do essencial... 
Parece que nem mesmo
nossas vontades...

ralleirias- meta teatro


segunda-feira, 23 de maio de 2022

Para sempre?

Para sempre? Só se for o passado.
Mas, somente aquilo que for lembrado.
E, enquanto quem lembra
também não for desmanchado.

Para sempre? Só se for o antes.
Este, de onde vem um agora que não finda,
que será, só enquanto for o durante,
depois não há, nunca ainda...

Para sempre? Só se for o impossível,
das coisas que nem existem,
pois desistiram delas, ou
estão no limbo do incrível...

Para sempre? Só se for com o tempo,
com espaços e instâncias, com desejos
e medos, e existências nas gêneses
ralleirias -meta teatro

devorado

Decifra-me ou te devoro,
disse a esfinge
desaforadamente
ao logos

Compreendedor que é maior 
do que o compreendido
extrapola a realidade e o sentido.

O real significado de tudo, não sai do todo 
como se o possível novo ali estivesse 
incorporado?

Te decifrando, compreendo....
És assim o devorado?

O conhecimento 
quase sempre parece maior que o sabedor
e ainda que o saber transcenda o ente,
não é este que o perpetua?

ralleirias -meta teatro



quarta-feira, 18 de maio de 2022

Se eu pudesse

 Se eu pudesse não amar...

acho que ainda assim 

eu a amaria...

será que o amor é como 

uma droga que vicia?

Será isso como uma loucura 

das que não se pode evitar?

Formosa singela

perfeita e tão bela

nada nela se pode 

contestar...

- Bravo amar

Preto velho me falou

 Preto velho me falou pra eu entender

que a cura, se eu a quero, eu me entrego

e que ela vem em eu saber

de tudo que já sei, mas que eu me nego

de tudo que já vi, 

mas que eu insisto em resistir 

e que a dor, ela é como sou eu mesmo, 

nessa falta de amor que eu carrego...

Toma fio, pega um galho de arruda

faz um banho e peça ajuda

pra que o grande curador 

te acolha e te acuda

na misericórdia e grande amor

de Deus nosso senhor...

ralleirias- crônicas das asceses místicas

O problema do lixo

Junto com o lixo, são descartadas horas de trabalho
que nos roubam no presente, no passado e no futuro, 
em instâncias imateriais e materiais e além dos 
recursos energéticos, também em nossas funções 
e identidades. 
Assim, talvez o maior problema do descarte e do lixo, 
seja não apenas o desprezo com o mundo e seus sistemas 
naturais, recursos e riquezas e nosso tempo, trabalho e cultura, 
mas o mascarado desprezo com todas as nossas vidas... 
e talvez por isso, nesta nossa moderna cultura, todos somos 
considerados como descartáveis, pois enquanto for assim, 
seremos exatamente como o lixo que produzimos...
O que nos roubam no lixo, é o que mantém o lucro.

ralleirias- Crônicas das lutas de classe

Dai-me senhor...

 Dai-me senhor...

Este sagrado alimento

naquilo que me sustento

dai-me amor, 

Daime senhor...

Dai-nos nossa senhora

a cura e a revelação

de nossa salvação

e do mal que se vai embora

Daime nossa senhora!

Bendito mestre ensinador

que tanto nos qualifica

na vida pobre ou na vida rica

onde se aprende na dor e no amor

E eu balanço, mas não caio

me derramo mas não me espalho

Bendito Daime ensinador!

Dai-me senhor...

- Crônicas das asceses místicas

       Mestre Irineu

quarta-feira, 11 de maio de 2022

inquietação

A inquietação cresce, fermenta,
respinga, dispara...

Daí, intenta contra o conformismo ...
Seu esforço, seu grito
parece que está abafado
pela mediocridade reinante... e itinerante...

Mas embora a cretinice grasse...
já não o é na 'mesma mesmice de antes'...

A inquietação é um agente de criação
propondo um mundo novo.

A inquietação é um produtor cultural maldito
que tem idéias fantásticas
e que aparentemente, não darão certo,
mas que acabam por reinventar o mundo.

Aceite o cutucão,
transforme tudo à partir deste seu mundo,
agora já tão absurdo...

E às novas ideias, estenda-lhes à mão...
e passeie de mãos dadas
pela praça
diante da multidão,
sendo feliz sem pressa....
debochadamente fazendo graça
e revolução...

- Crônicas das lutas de classe

está aqui,

O passado ainda está aqui,
caminha ao meu lado.
Melhor... eis que caminha comigo
O passado foi e é o meu fado..
O passado é meu melhor amigo...
Ele acolhe também meus significados
Por isso, há vezes em que é o maior inimigo.
ralleirias - meta teatro


Amor, amo tanto,

Amor, amo tanto,
e vejo só as tuas belezas
em todos os cantos...
Amor, teu nome é vida
tu é meu aporte e norte..
Amor, mais desejada saga,
guarida...rumo à verdadeira sorte... 
Amor, amo tanto
- aonde está o blues

esfarrapa

Kamikaze do amor, esfarrapa em
franjas todas as bordas e bandeiras.
Qualquer paixão é praia,
como o vento, passa ali, cortante.
E atira-se, sopra-se mergulhador,
em imersa força ...intensa
mergulha dor e emerge ...
Difícil é ventar num raro
poço profundo
do amor real
e rico do mundo.
- meta teatro

Do esperto

Do esperto para o desperto,
há diferenças...
E está nas presenças.
E nas vontades,
nos desejos que fazem nascer
novos mundos
com reais sinceridades,
fora do idealizado arquétipo próprio,
de muitas particularidades
mantido inerte pelo oprobrioso ópio
sorvido de onde é forjado pelas vaidades...
- meta teatro

impar...

No servir-se
ao amar,
e sem desejar,
é o bem criar
e ainda é somar.
O amor,
assim acontece
e alastrando-se
cresce, sem parar...
Mas, contudo
é ainda impar...
- meta teatro

para que sigas

E, na espera de alcançar
o labor pelo amor,
de ser folhagem e dar em flor...
quem capturou os desejos 
que norteiam tuas vidas,
nas personas às quais te obrigas, 
em tuas encarceradas lidas?
E quem ou o que, te oferece 
apenas pálidas e obscuras
referencias desse norte, 
para que sigas cego nessa busca
tola e infrutífera, pela tua própria morte?
ralleirias- meta teatro

Com fé...

 Quem acorda na fé...

Já sabe como é.

Tudo tá certo, 

dê no que der...

E sabe como?

Com fé...


E vai fazendo

um riscado, de 

belo traçado

e de quem sabe 

como é que é...

E sabe como?

Com fé...


Nunca ofende

e também não 

se rende

E sabe como?

Com fé...

- aonde está o blues


em todas as formas

 Existir é um permanente 

confrontar das vontades 

com as normas...

Contemplando 

o respeito pela perfeição 

em todas as formas.

-  crônicas das asceses místicas


Cinza

Miro tua paisagem ... 

me parece tão amarga... 

pesada e cinza... 

Nada há aqui, que lembre 

aquele outrora belo mundo floreado.

Vejo, e assim eu me espelho...

Como nos escombros 

do campo calcinado,

 sei que tudo brota novo e melhor 

do que já foi derrubado...

-  Crônicas das lutas de classe

De onde saiu

 De onde saiu este demônio? 

Alado, intransigente, 

malvado e descontente, 

cospe falso fogo irado

e com pensares inconsequentes...

Mas, vem travestido de anjo 

a nos libertar!

Rapidamente, após autorizado

ele se pôs a nos dizimar...

E a desgraça de mãos dadas 

sorria pra vida e nos dava a sua 

pior risada... fingida e amarelada.

(...) 

ralleirias - crônicas das lutas de classe 2017

Temporalmente

Temporalmente, move.

Num perceber, gera.

Vibra, ocupa, forma,

diferente (ou não)

do que era...

Um livre para tudo, 

precipita ainda o querer...

Como o início, 

exige o fim

é embrião 

do vir à ser.

- meta teatro


no cais...

 O velho capitão encontrou um corpo... 

estava ao sol, no cais... 
O corpo morto.
O velho capitão zarpou do porto... 
sem olhar pra trás... 
pois era seu, o corpo morto... 
e daqui em diante, à porto algum 
retorna mais... 
pelo menos, não mais como antes. 
O velho capitão, agora é o mar... 
como sempre foi... 
antes, durante e doravante... 
mas agora, segue em paz... 
em paz constante
sem olhar pra trás... 
ralleirias- Crônicas das mortes não morridas- fragmento