segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

repertório

Somos
a soma
de tudo

de bom

e ruim

em que estivemos 
envolvidos...

Mesmo
a pior circunstância, 
até
a maior dádiva,

tudo somado 
é o que somos. 

Nossos desafetos, 
nossos grandes amores... 

teclas do mesmo piano, 
e o show é ao vivo. 

Melhor caprichar 
no repertório escolhido...

ralleirias

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

ad aeternum

Como fossem minhas mãos
pintadas numa parede arcaica
duma caverna, marcas de um
desconhecido
que agora foram descobertas.

Escrevo para quem
é quem eu nem sei.
De tempo algum,
época incerta.

Mensagem compreensível somente
num domínio magicamente compartilhado
mas, curiosamente, de instancias pessoais secretas.

Vê este tempo que te tomam estas palavras?

Rendido, teu pensamento às persegue.

Não fosse isto, ele provavelmente estaria
consumindo outras verdades prontas.
Quase tuas certezas.

Elas vão ficar, depois de ti.
As palavras e as certezas.
Cárcere histórico do logos corrente.

Na luta contra as intempéries do mundo
formado em significados pragmáticos
mal se percebe o consumo de linguagens.
que nos transformam
em mutantes lógicos ad aeternum (...)

ralleirias

domingo, 18 de dezembro de 2016

sempre atrasado...

Magoado
meu relógio
anda sempre atrasado...

Foi trocado pelo celular...
e este se presta a mil coisas

Mas é especializado principalmente
em me controlar.

Meu bom e velho relógio,
apenas marcava o tempo para mim.

Já meu celular
insiste em me convencer,
que meu tempo não tem fim...

Sempre há o que fazer,
com quem falar
e o que escrever,

simples assim...

O tempo
pode ser um cárcere
da lógica e da realidade 
nos impedindo de
viver de verdade..

ralleirias (Definitivamente Perdidas )


quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

poética...

A natureza,
os dogmas,
as leis,
a ética...
transcendemos 
pelo humano.
Numa existência 
quase artificial, 
mas,  sobretudo
poética...

ralleirias

sábado, 10 de dezembro de 2016

Observar...

Observar, 

sem sofrer.

Não refutar, 

nem reconhecer...

Observar...

ralleirias




arbitrariedades

Mesmo acreditando,
no que parece ser tua vontade
nota que até tua identidade
não forjou-se à esmo...
Sempre houveram certas
arbitrariedades, impostas,
construindo teus relevos...
E o teu gesto é honesto
mas talvez, a tua razão
seja um engano, ledo...
O que se passa na verdade?
E da realidade, há segredos?
Vontade, identidade e razão...
Crescem com o
meio onde florescem...
Tudo não passa de construção,
devaneios em dissolução...
E findam mais tarde,
ou mais cedo.
ralleirias

sábado, 3 de dezembro de 2016

Acreditamos!

Onde estamos, para onde vamos?
O que queremos? E com quem andamos?
Mas, o que realmente sabemos?
Se somos, quem somos? E gostamos?
E esperávamos o quê? Acreditamos!
ralleirias - Solipsismos


quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Avante!

Em quem miras tu atenção,
se não, naquela estrela bela
e de brilho fulgurante!
E vais em direção à ela
intrépido, qual cometa errante...
Mas... não mais naquela,
além, há outra mais bela!
e mais adiante...
e outra... e outra... 
Avante! Avante!
ralleirias -Solipsismos


desnecessárias

Se há mente,
dissolve estas
desnecessárias identidades escravas
formadas entre o arcabouço de palavras.

Se há mente
Não outorga sólida resistência
para as coisas que determinam
tua restrita existência...

Se há mente,
não negue
ou nutra.
Não, jamais um sutra
nem não ou sim
início e fim...

Se há mente
há espaço
amplo
único
o potencial do vazio
vai ao imutável
e ao infinito

Se há mente
não há
necessidade
de um todo tolo
nem um tudo...
só de um
silêncio
mudo...

ralleirias - (das mortes não morridas)





quarta-feira, 30 de novembro de 2016

afeitos

Quais são os eleitos,

diferentes do que parecem,

afeitos a sua eleição...

Os do sistema, os colegas, um irmão?

Cada qual escolhe pelo afeto
o que lhe cabe à própria ilusão.

ralleirias - Crônicas das lutas de classe 


quarta-feira, 23 de novembro de 2016

para sempre!

Só o nada, assim, é resistente.
Nada, dura para sempre!

O contrário existe,
só pelo certo...
O mundo é aqui
mas, nada
fica ali,
não tão perto...

O melhor ser que conhece,
deseja deixar de um eu ser.

O pior ser que conhece,
quer o eu, fortalecer.

Segue então a vida,
que só pode até morrer.

E eis que mesmo a morte é
apenas
até o completo esquecer.

(..)ralleirias



quinta-feira, 3 de novembro de 2016

O invisível crível.

Parece que pouco se nota
que toda sabedoria
também forma o ignorante...
Inocente positivo e operante...

Será que qualquer alegria
que for,
num tempo de dor
como utopia
fica muito mais importante?

Olha a carga inconsciente,
carregada na escolha
das palavras...
Não parecem como o ar
dentro duma bolha?

O invisível crível.

Vê só, como carregam junto, um mundo todo
fazendo isto, apenas no reflexo daqueles conteúdos...
Côncavo não, nem convexo... os complexos?

Então, quem cria
o que te entregam
pelas tuas decisões?
São delas ou ... são elas,
as tuas emoções?

Onde se escondem
as outorgadas liberdades
das tuas escolhas?

Num saber fácil e imediato
de apenas muitas luzes, sons e cores?
E numa tentativa perpétua de realização
dos aprendidos prazeres e dos quase amores..?

ralleirias - Crônicas das lutas de classe




domingo, 16 de outubro de 2016

um lugar mágico, encantado...

Eu fui engolido
por uma serpente
cobra luz, reluzente
de ares astecas...

Sua goela era amarela
com arcos dourados,
um tapete rosado,
colunas de marfim,
muito branco, num
teto carmim, abobadado...

E a boca dela era assim
como, um lugar mágico,
encantado...

E, logo feito, sorriu!

E eis que a serpente
após, sumiu...

Passou um século
e, num instante...

Fiquei velho,
talvez
pouco sábio...
mas, ainda
maluco errante...

...e então,
percebi sorridente
o que se deu...

A serpente geométrica
asteca, maia ou tolteca...

era ainda eu...

ralleirias (Das mortes não morridas)




quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Faz um voto...

Faz um voto...
De acreditar nas palavras,
não perceber o momento
e sempre retornar
para as mesmas sagas

Faz um voto...
O de embarcar nas vontades
acreditar que ser
é um acumular de vaidades...

Faz um voto...
De ceder ao desejo
de viver outras verdades
que são recheios de devaneios
sobre o que é a tua realidade...

Faz um voto...
E de novo,
encarcera a paisagem...

Pedra, pau e fumaça...

Afinal, nestes existires
há quem ache graça...

Faz um voto...

ralleirias-(das mortes não morridas)

créditos nas imagens

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Enfrente.

E então, diante 
de todas as ameaças, 
às vezes...
surpreendentemente,
o que resolve...
é apenas...
dar um passo em frente...
Enfrente.
ralleirias
Imagem.La Révolution surréaliste Cannon Bernáldez

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

prerrogativas

Ser dragão,
tem sim 
prerrogativas.

Onde porém, 
é sabido 
que bem ou mal, 
tudo, são perspectivas...

E em dragões,
convenhamos, 
fazer o quê,
se há fogo dentro...

E muito à vontade 
em seu elemento...
 
Aquele que não teme a sorte,

não teme também a morte,
 
nem tampouco teme o tempo...

Consumir-se, como num fogo...

É pois, a prática corriqueira
deste elemento.
ralleirias

este negócio de admiração

Não é tu meu amor,
que apenas está presente, 
quando encantado te admiro...
Tua aura pra mim tão envolvente, 
trás-me calma, ainda que também suspiros...

E eis que este negócio de admiração, certamente
brota na mente, mas é impulsionado pelo coração.

Sim... este coração demente treme 
de tanta paixão...
ralleirias

Crédito na imagem

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

É roubo...

A lascívia do desejo sem entrega...
É roubo...

Imagens de steampunk plague doctor art

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

turbilhão...

Há dias de turbilhão...
algumas vezes, na mente...

daí é que se espalham 
as sementes...

algumas vezes no coração...

e que causam as mudanças 
nos mundos...

Desfazem-se assim
tantos mistérios profundos...

O universo é o inverso 
daquilo que foi prometido?

Altera-se assim tudo o que já foi estabelecido...

E então, um multiverso novo, 
é parido...
ralleirias


no engano de ser quem não é

no engano de ser quem não é
fazia tudo o que não queria
e nem pensava no que dizia...

no engano de ser quem não é
contava vantagens sobre o
que nem sabia
na vida loca, vulgar e vazia...

no engano de ser quem não é
preso estava no amar errado
e no odiar desnecessário...

no engano de ser quem não é
só tomava identidades
e dava nascimentos
em coisas de otários...

no engano de ser quem não é
morreu a lucidez
cresceu a estupidez

no engano de ser quem não é
passou a vida
perdeu a vez...

ralleirias

O impossível é uma acomodação desconfortável.

E preso naquele inferno, sem opção alguma de escapatória, 
com seus cinco sentidos, inundados constantemente com 
toda aquela insalubre tralha, que chegava aos borbotões...
Começou o lento e gradual processo de desconstrução das 
significâncias que suportavam o que conhecia como realidade...
Buscava os rastros de cada referencia fictícia ou pressuposta
como o real, até mesmo na raiz das palavras 
e de todo o logos... 
E tão próximo chegou da essência, que viu extinguirem-se 
o mal, o bem, e o que conhecia como identidade ... 
Mergulhara perceptivamente, em uma dimensão amorfa, 
ampla, maior, onde um estado de permeabilidade abrangia o todo...
Parecia algo, não como uma especie de presença, 
mas, uma indefinível constância, onde não há referenciais, 
e há as possibilidades, 'todas'...
Então, reencontrou a paz absoluta 
na liberdade daquele silencio...
Neste instante, tudo o mais que há, 
pode ser simplesmente uma opção.
O impossível, é uma acomodação desconfortável.
Ralleirias

domingo, 11 de setembro de 2016

biscoitos tão bons...

Ela só gosta de biscoito fino.
(pensa) -Só tem este, e é muito extravagante!

Ele acha estas bolachas maravilhosas!
_Mas, nesta embalagem, parece cara,
e tão arrogante...

Tantos defeitos inexistentes
nestes dois biscoitos tão bons...

Acabaram mofando na estante...

ralleirias(...)
Crédito na imagem

sábado, 10 de setembro de 2016

idiossincrasias

Um olhar dentro de outro olhar...
pode ser impossível explicar...

Olhar além do espelho
causal do tempo

O reconhecer é conceber
realidade, por vontade e quorum.
E é olhar o passado, o referido.
Talvez, tão somente 
e apenas
talvez, 
a realidade seja processada 
um pouco diferente para cada um, 
cada qual com suas idiossincrasias e daí, 
esta noção de realidade objetivamente 
encarcere o observador, 
e de tal forma 
que sob sua ótica 
outras possibilidades 
além da sua 
apresentam-se 
como 
impossíveis...

condenando-o
em suas próprias
certezas e
ignorâncias
cíclicas 
ad eternum 

ralleirias(das mortes não morridas- Movimentos)


mas não inteiramente...

Estou indo, 
mas não inteiramente...
Lucidamente enganado, 
oniricamente consciente.
Uma parte de mim, insiste 
em ficar por aqui, 
está obcecada e renitente...
Tento liberta-la, 
dissolvendo meu passado, 
visitando-o esvazio minhas 
memórias,
mesmo as mais dolorosas, 
e principalmente aquelas 
em que presumi  
alguma glória...

De lá, o 'agora' é futuro... 
e então, tal qual como 
neste instante, este futuro, 
só pode ser alterado, 
em construções do presente... 
e por isso... é que
estou indo,
mas, não inteiramente...
ralleirias (das mortes não morridas - Bardos)

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

paradoxo próprio

Num paradoxo próprio
onde sem estar no tempo
olhando atento ao porvir
consegui transcender
qualquer momento,
e ultrapassei
todo o devir.

Girando
e não circulando
afastei
todo pensamento
e os transcendi
tal qual sufi...

Flutuava
dissolvia
não instância
ou relevância
nem há dor
nem alegria
nem verdade
ou fantasia
e identidade...

Fui ou não
ao antes
do nascer
onde
não havia
um morrer
nem nada,
ou tudo
existia
ali...

(...)
ralleirias(das mortes não morridas )

crédito na imagem


quinta-feira, 1 de setembro de 2016

buda interno

Não, não há mistério,
para desvendar
nem há quem seguir
até uma 'iluminação'... 

O que pode haver, 
talvez, 
seja um abandonar 
as nossas convicções
encarceradoras... 

Porém, 
não trata-se exatamente
também 
de uma negação do eu, 
mas sim, 
abdicação 
dos pesos
das nossas certezas, 
e de nossas
travas
e cercas
existenciais... 

Troca-las 
por uma
liberdade maior.

A de tentar
'ser' feliz 
sem um severo compromisso 
com as dores
de nosso repertório
e com qualquer permanência 
em uma identidade construída
sobre as lembranças
que decidimos
portar... 

E mesmo 
aquela que supomos 
ser a do nosso próprio 
buda interno... 
(...)
ralleirias
crédito na imagem


terça-feira, 30 de agosto de 2016

vontade e esperança

Uma  potencia
da verdade
é a vontade...
e  da vontade,
é a esperança.

Mas, vontade e esperança
são subjetividades
tão móveis..

Assim,
faz-se o frágil agora
em lapsos de desejos,
compreensões e memórias..

Será um 'ser' como
reservada instância..?

Na consciência deste
reverberará
o logos do todo

mas, ao tudo,
este, espraiado em
plenas liberdades
nunca alcança.

Talvez, por isto,
para um  real
consistente
de verdades
reste apenas
vontade e esperança.

ralleirias - Meta teatro




sábado, 20 de agosto de 2016

humildemente

Fazer o melhor
à partir de si
é legar
ainda que
humildemente
o melhor
ao mundo.
ralleirias

...e, nem não ao Tao

Emana onde o agora?
Mas, bem certinho
e preciso... desde
qual hora?
...e, nem não
ao Tao,
não sim
também...
E, do então 
dum ente,
ele vem?
Num aqui
que é quando?
... O estranho,
é aquilo com o que
não nos conectamos?
E é qual tempo,
o que se afasta
enquanto ando?
O que é que passa?
Havendo ontem,
e, aonde foi?
Onde mudando fui?
E o aqui, de onde vem?
Chega, quando é hora?
Aqui é um 'só' ou 
é um 'também'?
Emana onde o agora?
ralleirias - dos solipsismos 





sexta-feira, 5 de agosto de 2016

é noite tarde

E é noite tarde
no breu o
fogo arde
crepitação
quebrando
o silêncio e
a escuridão

E é noite tarde
No ócio da
eternidade
dispensa-se
sanidade
na despensa.

E é noite tarde
no piso gelado
o corpo vivo
enrolado no
papelão
Embrulho
social
refutável
largado
no chão.

E é noite tarde
bêbado
confessa ao
poste
que está
perdido
mijado
e fodido.

E é noite tarde
ninguém mais
me ama, já
morto sobre
minha
cama
minha
última
palavra foi:
- 'Solidão.'

E é noite tarde
vivemos mais
um dia.
há menos...

E é noite tarde
vagalume
sem alarde
lume
ilumina

E é noite tarde
não ouço mais
tua respiração
sincopada.
Nem nada.

E é noite tarde
num campo
próximo, correm
raposas
apaixonadas
brincando
durante
a caçada.

E é noite tarde
ressentimentos
e paixões
convertem-se
em combustível
para um novo dia
no inferno
do impossível

E é noite tarde
sexo é só
o que resta.

E é noite tarde
e na estrada
nem sempre
é o caminho

E é noite tarde
bilhões de sonhos
confundem entidades
sonhando serem deuses
sonhando serem humanos,
que sonham serem deuses
sonhando que são
humanos.
E é noite tarde
ralleirias - das lutas de classe


quarta-feira, 3 de agosto de 2016

polifônica

 ela
e eu...
sutra
surto
solta
volto
cultua
pontuo
destoa
concluo
entoa
entulho
ela, a maravilhosa
e eu, o bagulho...

(...) ralleirias


quarta-feira, 20 de julho de 2016

pródigo.

Contorcendo a realidade
misturando com imaginação.

Existem amores, que são
como fixar-se
estabelecendo novas
verdades.

Tem deste mesmo jeito
o medo, o perdão e o ódio
dai, constroem-se em ficção.

Pois do desejo, além de vontade,
é lealdade, assim como
é o que é a razão...

Um compromisso lógico
de forçada submissão.

O entregar-se pródigo
ao pressuposto...

Em quase total rendição.

ralleirias - das lutas de classe.
Crédito na imagem




sábado, 16 de julho de 2016

de soslaio

Traçado o real, ideal,
gabaritada uma
humanidade,
ponto?

Passando ao real
confronta com a verdade
que não quer assumir
pronta identidade.

Rapidamente
e de soslaio,
mostra para alguns
a sua cara
e ela,
se transfigura
como raio.

Turva olhada
na fachada...
Quem notará?
Certa? Errada?
E, padronizada?
...
Traçado o real, ideal,
gabaritada uma
humanidade,
ponto?
ralleirias(Do real)

quinta-feira, 14 de julho de 2016

compulsório

O transformar
compulsório das realidades,
que transfigura mundos,
com o moinho das causalidades,
muda seres e instâncias,
faz um 'talvez',
assombrosamente,
parecer às vezes,
maior mesmo do que
o 'nunca e o sempre'
de todas as identidades
e mundos possíveis...

Zero, um, zero, um - presença, ausência
modula a frequência
particularizando o real
por incidência.

Instâncias ânsias
códigos sonhados
lógicos causados
em auto relevância?

Todos são móveis, e
tudo é no agora, também
o próprio 'depois' nem
tem futuro...
e o que era,
é como um 'já foi',
tão subjetivo e escorrido,
que não é como um
passado.

Um não mais ser original vinga.

Nem mais haveres alguns, existirão de vida própria,
e onde ser, é um não estar em si, mas, estar nas coisas
e o estar, é como se fosse o perceber viciado inercialmente
nas formas, marcas, linguagens e regras cegas postas
pelo logos coletivo,
ditando, emulando,
concatenando assim, causas, e
produzindo 'seres instâncias exploratórias',
auto-replicantes, de programadas colheitas,
e suas consequências e por fim, irrelevâncias...
(...)
ralleirias (crônicas das mortes não morridas)


sábado, 2 de julho de 2016

Me derrote

Me derrote sabedoria!
Perco com alegria...

Perda é um pecado 'fato'?

Fato é onde encerra qual ato?

Antes, depois... ora pois
verdade de história
não é sempre,
perda ou glória?

Registro de
memória
do que
viveu
sempre
um pouco
como
todos,
quase assim
como nós,
e como eu?
(...) ralleirias (das lutas de classe)


terça-feira, 28 de junho de 2016

de boca fechada...

Na ponta da língua, de muita gente
que ainda está de boca fechada...
Haveria em revolução, uma 
palavra que pode estar trancada...
'Reconstrução', 
é o que parece 'soar' à mente,
mas, não claramente...
E não parece apenas um engano
dos que não percebem, que 'construção'
é uma instância ou 'algo' permanente.
A lógica, destorce pelo conforto
de uma identidade fragilizada
dum ser tomado, mercadorizado.
Mas, a vontade não mente
e oportunamente a palavra
há de ser falada...
E secretamente, já foi contada.
Ela é a senha para a estrada.
ralleirias - das lutas de classe


sexta-feira, 24 de junho de 2016

adiante...

O mundo só parece diferente do que deveria ser, 
pra quem acha, que ele tem que ser de alguma forma específica...
às vezes, o mundo 'não' parece diferente do que deveria ser, visto 
de qualquer ponto... ou não.
O óbvio é um recheio baseado em arcabouços pressupostos 
do que deveria ser o real, o justo e o certo... 
Nada disto tem importância em qualquer instância...
ou, tudo isto é relevante, antes, após e durante cada instante? 
Não sei... não sabe?
Passe a dúvida adiante...

ralleirias


quarta-feira, 22 de junho de 2016

Entre as dobras dos limbos...

Entre as dobras dos limbos...

É onde trafegamos, quando solitários.

Essencialmente, é num lugar paradoxo ...

Há solidão, se inexistem co-relações
ou associações ?

... E dissociado de tudo, não, nem inexistiria...

Saem de onde, o 'conceito' o  'ser' e o 'só'?

ralleirias - (das mortes não morridas -da co-emergência - fragmento)



terça-feira, 14 de junho de 2016

quem deixou a porta aberta?

...os demônios saíram do inferno, quem deixou a porta aberta?
Olhava a procissão de demônios, todos como monstros, alguns
com muitas cabeças, outros sem nenhuma, todos imbuídos em
ódios semelhantes, e iguais em virulência e estupidez.
Todos tinham certezas de sobra, como o combustível de seus
movimentos, assim trafegavam fazendo estragos nos mundos
alheios, gerando nascimentos cíclicos de mais situações
de insanidade e barbárie...
ralleirias (Do rabo do diabo- fragmento)


quarta-feira, 8 de junho de 2016

Descaso

Quem nos fará pagar estas contas,
que os operadores deste golpe estão
agendando para nossos futuros? 

O lucro realizado dos patrocinadores do golpe
acontece imediatamente, e é nada obscuro.

Mas, quem financia o golpe e o torna possível? 

Onde estão? Olhe ao redor, já percebeu?
Não parece incrível? Quem financia de fato o golpe é você e eu.

Num fenômeno quase invisível, nós também o afiançamos
continuamos comprando na translucida ação cotidiana,
e pagando caro por tudo, e principalmente por futilidades
coisas às quais nos fazem crer, que são muito
necessárias ou bacanas...

A permissividade, se infiltra, não pela inocência, mas, 
sempre pela ignorância e muitas vezes ela é também 
patrocinada pelo descaso.

terça-feira, 7 de junho de 2016

cachimbava

Assim, cachimbava a vida,
parado, no balcão...

Um copo, em dois dedos
de canha na mão...

Na fumaça do fumo
pensava sem rumo...

A vida, parece enredo
de estória de luta,
novela, labuta, filme
de assombração...

Que mundo bruto...
Aonde a canha boa,
o fumo bom e a
solidão...

São os seus prêmios
de consolação...

Assim, cachimbava a vida,
parado, no balcão...

ralleirias



quarta-feira, 1 de junho de 2016

controvérsias

Há controvérsias 
em toda percepção... 

Enquanto um olhar 
vê a consagração
tem o outro, que vê ilusão...

Alguém enxerga tragédia,
alguns compreendem: há comédia!
Mas, poucos se dão conta,
que é tudo um faz de conta
...com produção,
bem enjambrada...

Um gesto, um fato ou um ato
dependem da intenção
neles incorporada..?

E eis que também da compreensão,
aprendida, ensinada e compartilhada...
ralleirias


segunda-feira, 30 de maio de 2016

incuta oculta.


Absolutamente, 
incuta oculta.
Culpas e desejos 
em sutras
E um mundo múltiplo 
então, luta.

O jamais, será durante.

Os porquês não causam,
o antes, nem acontece.

Ante causa do agora,
não há decisão lá fora.

Existir não transcende o verbo,
assim, ascende o nada.
Maior, menor, igual
incidental, e afinal...parada
Matriz dos enganos zerada.
(...) ralleirias - meta teatro



Crédito na imagem - gdore-divine

quinta-feira, 26 de maio de 2016

como antes

Numa panela
ela fritava ele
ou ele fritava ela..?
E parece, que já fazia
tanto tempo,
que  nenhum mais sabia
quem era, qual era...
Confusão de alguns éons
e tantas, tantas eras...

Demônio carcereiro algoz,
açoite, maldição,
ou pai, ou irmão,
diferente, e então igual...
Amante, marido-esposa, ficante
encosto, assombro, demolição
filho, anjo, deus e demônio...

O mesmo em tantas variantes.

Numa panela, fritos como antes.
ralleirias()

A imagem é de Matthieu Bourel

sexta-feira, 20 de maio de 2016

No coração das certezas

No coração das certezas é onde se escondem os enganos...
Será que todos os mistérios, pertencem aos arcanos?
E o que é, e não é, e nem é, e nem não é..?
O que é a certeza sobre o real, não
passa antes, pelos gabaritos significados
do que previamente moldou o normal?
E toda a referência sobre a verdade
é assim mera regra, em jogo pactual..?

ralleirias

Imagem:  @rostamqbic.

Ocupar, sim!

Ocupar, sim!
Principalmente as mentes....
Preponderantemente as bocas, e as opiniões correntes... 

Não aceite mais boçalidades, não escute
o seu vizinho e o seu familiar fascista,
discorrerem impropérios lógicos impunemente...

Combata e ocupe, feche estas brechas
 para o tempo das cavernas, 
soterre estas lógicas e esta passagem,
destas gentes servis de personalidades espúrias,
que cavalgam informações prontas e erradas...
ecos de um tempo rude, 
configurado por gente estúpida
e de má fé...
Não deixe barato,
ou você continuará recebendo
este lixo que estes pensares
toscos despejam na sua vida...
Até o soterro último.

ralleirias (das lutas de classe)


O que é radical?

O que é radical?

Longe da simples definição etimológica,

é quando nos bate lá 'uma sensação,

um sentimento'..?

Radical talvez seja assim, o que te desperta

pensamentos das potências do ser.

Estava isto esperando, no hiato

entre a compreensão e a certeza?

Combustível da firmeza na vontade.

Faz querer interferir na realidade.

Propelente para a mente,

puramente é radicalidade...

Radical é fazer algo que

fica, como um legado,

quase eterno,

quase sagrado...

ralleirias


sexta-feira, 13 de maio de 2016

O recado

O recado que nos é imposto, é sobre a agenda de negócios e a visão programática de um mundo que vive de crises implantadas, pró lucro dos poucos, que pretendem-se donos dos mercados...

Mas vejam, os 'mercados' são basicamente as nossas 'escolhas'...
Pretendem que nosso aperto social resulte e justifique-se no lucro deles e seus pares.

Eis um vaticínio fácil:
Provavelmente 'Nós' permitiremos, assim como estamos engolindo o golpe de estado em curso.

Somos ainda escravos destas escolhas apresentadas como único caminho... nos mantêm acorrentados pelos nossos medos, e às nossas impossibilidades de realizar outras concepções além daquelas implantadas assim, diuturnamente, e agora, 'temerariamente'...

segunda-feira, 9 de maio de 2016

... poderia...

Eu posso mudar o passado,
se olhar para traz, e
compreender, porque fiz... 
talvez, tudo errado? 
... poderia..? 

desconstruindo os motivos, 
reinterpretando o legado, 
reclassificando minhas histórias,
novamente...
e tão somente...
o passado...

então tudo se dissolveria?

... poderia quem sabe, 
aceitando melhor os tropeços, 
que me trouxeram à este presente... 

talvez, mirando um premio maior...

... poderia eu  controlar a minha mente, 
e apagar esta dor que entendo... 
que, é até pertinente...
por não ter cultivado um amor...
talvez, um pouco mais
 resistente,
e resiliente...

ralleirias


quinta-feira, 5 de maio de 2016

cria?

O que estabelece de fato, o nosso elo de ligação

entre o evento observado e um mundo em evolução?

Seria a realidade, algo que dependa de autoria,

onde a percepção e o olhar, contém e estão

contidos naquilo que a mente cria?

ralleirias



quarta-feira, 4 de maio de 2016

o inesperado

Um caracol
me contou
num sonho,
que mesmo o
inesperado
não acontece
simplesmente. 

Ele é criado
em um jogo
de interesses
difusos e complexos
de negação, aceitação
e opressão, 
submissão e indiferença...

entre
a compreensão
de todos
os agentes 
que houverem
nas construções
e conclusões
em estórias
e histórias
comungando
cíclicas crenças

Mas,
nada é essencialmente
verdade, assim.
Não por muito tempo...

Daí, a necessidade
de percebermos
as coisas
lucidamente,
nas velocidades certas...
disse-me ele...

ralleirias


reverenciando

Aproximou-se do sábio, e reverenciando-o disse:

Mestre, posso juntar-me aos escolhidos..?

O sábio, falou à ele, daí,
sobre esta noção de separação
que cria a dimensão da separação
e os papeis que cada um escolhe
voluntariamente ou não,
na construção destas realidades frágeis...

E como uma lição subliminar... complementou:

Há lugares bons, assim, suficientes para todos.

Para que possamos permanecer unidos,
sente-se lá, próximo aquela sombra,
e fique confortável, também como estamos...

ralleirias
Imagem: © Mehmet ÇAKIR



segunda-feira, 11 de abril de 2016

a mesma fome

Transborda vontade
avança sobre tudo
em diferentes escalas
arde...

Não é a mesma fome
que sente a raiz, o que
move a mandíbula do lobo,
que dilacera a cabra?

Num sonho, medonho,
era um obcecado demônio
que fritava humanos em óleo quente
e de forma dedicada...

O senhor e esposo, que cuidava de tudo
e de toda as vidas de 'suas' mulheres amadas...

Um pároco bondoso, orientava os fieis
no santo ofício de serem obedientes...

Não, nem todos os infernos são quentes...

ralleirias(Do rabo do diabo) fragmento




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sexta-feira, 1 de abril de 2016

inteiros...

Disse-me
que mentiras,
às vezes,
são desejos
impossíveis,
mas, renitentes... 
e que às vezes, 
             são como feras,
             mas, sem dentes. 
E elas assim, 
nos engolem inteiros...
ralleirias