segunda-feira, 31 de março de 2014

a serviço posto

Bastassem palavras, mas não, elas não bastam...
Significados, também não passam...
Quase sempre são atribuições viciadas...
Mais importante seriam as intenções...
mas também estas, muitas vezes já partem enganadas
distorcidas por ilusões, paixões e crenças estereotipadas.
Mesmo a razão, pode ser uma serva, a serviço posto,
e algumas vezes, não serve para realmente nada, é cegueira e desgosto...
Tão difícil lucidez, por tantas indevidas impressões abafada
Tão impossível altivez, de doar-se sem querer
exclusivamente para si...nada.
ralleirias(fragmento)


É como um valentão, roubando crianças.

É um pouco aflitivo...
Vejo como o império,
travestido de sonho corporativo...
e muito sério,
promete, venturas e bonanças.
Mas, quer apenas servir-se de nós...
É como um valentão, roubando crianças.
Nos crê indefesos e sós
Ele elabora e nos mostra, oportunidades inventadas...
Apresenta-nos uma farta isca
e faz seguirmos à risca
até o caminho de suas fisgadas...
ralleirias(fragmento)


Sobre o por do sol...

Sobre o por do sol,  muito posso dizer.
Sob o por do sol, muito mais posso também fazer...
Mas, não dê tanto crédito para minhas estórias...
Afinal, são muito mais confusões, do que lembranças...
aquilo que carregamos em nossas memórias.
E assim, do vermelho intenso, como o sangue...
ao amarelo, o roxo... e o alaranjado
São tantos os matizes mutantes
e não por acaso, mudam magicamente,
mesmo enquanto observados?
É como a vida, que muda descaradamente,
com a gente nela, sem que nem mesmo,
necessitemos olhar para outro lado...
ralleirias



é tudo o que queremos.

Então, o demônio... é tudo o que queremos.
O que podemos e o que devemos.
Mas, o demônio... é tudo o que não queremos
O que não podemos e o que não devemos.
O que seria dele se não fossemos nós..?
No entanto sem ele, estaríamos daí, tão sós...
Mesmo nossos infernos, seriam lugares mais agradáveis...
não fossemos assim, em matéria de bom senso... tão miseráveis.
Lenha pobre, fogo fraco e um caldeirão tão vagabundo...
Não é a receita para um bom inferno, mas sim, de um péssimo mundo.
ralleirias

domingo, 30 de março de 2014

o concreto e o palpável ao intangível e ao inefável

Não é de se esperar, que as mesmas forças que atuam
torcendo e moldando o concreto e o palpável, se apliquem
também ao intangível e ao inefável?
Ascendem como vontade, crescem como sentimento,
transcendem multidimensionalmente o espaço,
o tempo e o momento...
Se formam, ainda que aparentemente de maneira causal,
conformam-se naquilo que enxergamos como realidade...
O ciclo... desdobrado de energia, compreenderia
desta origem, ao particular zênite do observado,
para o futuro desencadeado pelo próprio passado...
E o começo, então é o mesmo fim... quem diria?
ralleirias


sexta-feira, 28 de março de 2014

Há uma fronteira, entre o que existe e não...

Há uma fronteira, entre o que existe e não...
Após ela, encontrei um emaranhado, nem tanto o sagrado...
Mas, algo como a pura, simples percepção...
Já o bem e o mal são fardos, que optamos carregar.
A vida, a morte e os sonhos, são bardos, e todos vamos experimentar.
Curiosamente não se deixa nada, e nada se leva... é mais como um continuar.
E os desejos, são como uma estrada, alguns nos levam a lugares,
mas estes... não dão em nada.
O que nos trás de volta para esta roda de loucos, então?
As coisas que amamos... são os melhores motivos...
Continuamente nos tracionam aos poucos...
A emoção, nos mantendo sucessivamente, eternamente cativos....
ralleirias

Querer acertar sempre,

Querer acertar sempre, é no mínimo inocência...
Olhássemos um extrato de nossas ações
sobre os nossos anseios,
perceberíamos que na prática,
pulamos desajeitadamente
de um erro à outro,
freneticamente e à esmo...
ralleirias



Fronteira entre o nunca e o sempre...

Onde encontra-se
a fronteira
entre o nunca
e o sempre?

Volátil o agora
é como o conhecimento,
Existe num inconstante...

Não perde-se
nem em ser
o mesmo...
move-se
momento após momento,
à esmo.

Daí, a certeza é coisa matreira
ressabiada, não se manifesta...

Incerta está.
Quem diria!
Mas, não diz...
Suspeitaria?

... assim se contradiz...

Eis a certeza, por um triz...

Numa balança
aonde também há
a esperança
do ser
ou não ser
infeliz...

Sabedora, que,
sob o seu manto de invisibilidade,
talvez ali, agora
a esperança habite...

E esta,
transige-se
em sua natureza
Oculta-se
da certeza...

E mesmo
que um coro uníssono
de bilhões de vozes
por ela grite...

Ela resiste...

A certeza é a esperança revelada?

Quem, sempre sentiu, nunca pensou?

Quem nunca temeu, sempre amou?

A enxergam como alegria...

Clamam por causa dela,
que então é como dor.

Sustenta-se ela nesta energia...

A que transita,
entre o medo e o amor...

A certeza é beber, e a esperança é a sede...

A certeza é o comer, e a esperança é a fome...

A certeza, é o voo de Dédalo,
e a esperança é o voo de ícaro?

A certeza é viver...
e a esperança...
é a morte!?

Pois tão perto da certeza
está a esperança
que à ela, por bem ou mal,
nunca se alcança...
(...)
ralleirias - Das lutas de classe


Lugares de outro mundo

Meu velho amigo centenário, me conta de lugares de outro mundo,
mais simples porém mais profundo, no entanto...igualmente difícil
de viver, nas suas simplórias causas e consequências.
Cíclico, é o que ele me disse...
O que há de novo no moderno? Perguntou.
Carregamos como aqueles do ontem, hoje, os mesmos infernos.
Cínicos ou cegos? Todos nós, tão imersos estamos em nossos egos...
ralleirias (fragmento)


quarta-feira, 26 de março de 2014

É o que te parece?

Estava no centro da roda, como se fosse eu o eixo.
Muito rápido ela girou, tudo acontecia na máxima velocidade.
O mundo, muitas vezes se transformou, radicalmente e de verdade...

Estava no meio da roda, como se eu avistasse, possivelmente um eixo.
Algumas vezes suponho que ela girou e quanto à velocidade, talvez nem fosse
 tão grande na verdade...
O mundo, algumas vezes se transformou, mas com muita intensidade...

Estava na borda da roda, como se não fosse roda e nem houvesse portanto um eixo
não notei se ela  girou, e quanto à velocidade... Nem mesmo sei se havia alguma na verdade.
O mundo, nenhuma vez se transformou...maldita danação, maldita eternidade.
ralleirias



desejando amor...

Teu corpo, tuas mãos... delicadas e pequenas...
As nossas brincadeiras... divertidas e obscenas.
Teu olhar, teu sorriso, teu jeito leve
O cheiro suave dos teus cabelos... e da tua pele.
De noite, ao acordar só na cama,
tateando, ainda te procuro...
Às vezes sonho com nós dois...
Estamos novamente tomando juntos,
banho morno no escuro...
Mas certamente, nada mudou para nós
Andamos por aí no mundo, desejando amor...
E no entanto, tão sós...
Não deixe que minha observação te irrite
Sei muito pouco de nós... isto é apenas palpite.
ralleirias


Não era bem assim, como contam nas estórias...

Um velho diabo que encontrei, apresentou-se, e eu claro, duvidei.
Me disse que ser diabo, não era bem assim, como contam nas estórias...
Pois um diabo se descobre como diabo, apenas nas suas próprias memórias...
ralleirias

quase não coube

Sonhei que era pós moderno...
Inventava um agora múltiplo...
Onde havia a construção por módulos...
O da loucura, o da sensatez...
Eram os ingredientes de tudo:
O ódio, amor e paixão...
O céu e inferno? Uma opção...
E a razão, quase não coube
Ficou por último...
ralleirias


Um consistente legado...

Patético....
É perceber, que todos os amores do passado
nem deixaram um consistente legado...
Aqueles que amávamos
nunca existiram tal qual os enxergávamos...
E como esses, aqueles que fomos... também não.
Basicamente, nos relacionamos com nossa própria elaboração...
E daí, o que nos resta ?
I M A G I N A Ç Ã O...

Quando a paixão
se manifesta
cria um mundo,
desbanca o antigo...
Se instala um limbo
corremos perigo?
Mesmo o que presta
e o que não presta
viram ao avesso
querendo ou não...
E daí, o que nos resta ?
I M A G I N A Ç Ã O...
ralleirias


Ponto por ponto

Ponto por ponto
Estudo a reta
Ângulo por ângulo
Meço o triângulo
É só matemática
É só geometria
Minha fantasia
Minha mente insistente
Em uma única temática
Renega as matemáticas
Em nome da poesia...

Todos os motivos técnicos são obsoletos...
Em nome do amor
Faria mil, dez, cem mil sonetos...
Talvez por medo, por fuga da dor...
De ser detentor... de uma alma vazia...

Ponto à ponto...
Ângulo à ângulo...
As dimensões são maiores
A compreensão não alcança
A consciência se turva
Desconhece as proporções
Mas nunca perde a esperança...
De desvendar o amor, cálido amor...
E nem pelos cálculos, mas quem sabe...
Dada a matemática estatística da perseverança...
ralleirias

domingo, 23 de março de 2014

Um Tango!

Tango maldito,
Bendito tango...
E é o que a vida é...
Incontrolável vai e vem... que cansa.
Antes fosse apenas como a dança,
Mas se faz um tango eterno,
por apaixonante e terno...

Tango maldito,
Bendito tango...
Quem dera amor
não rimasse com dor...

Quem dera a vida
não precisasse ser sofrida...

Mas a vida é um belo drama
onde o palco é o dia e a noite

E a apoteose da cama,
vai do prazer ao açoite.

empurra e puxa,
pega e larga
segura e rodopia...
dia e noite, noite e dia

Tango maldito
bendito tango.
ralleirias (Um Tango!)

terça-feira, 18 de março de 2014

Feito um peregrinar pelo deserto...

Antes há uma solidão, feito um peregrinar pelo deserto...
Optada, onde há essencialmente paz e imensidão.
Aí, o destino é acharmos o caminho certo,
pois é tudo potencial então...

Mas há também, a solidão
como num turbulento inferno,
onde mesmo acompanhados,
seguimos destinos caóticos, incertos,
perdidos involuntariamente em meio à multidão...

Ou entramos numa condição de solidão ignorada,
aí, não há caminho, não há nada...
Desconhecemos a necessidade de nos encontrar
em que inexiste um referencial sobre o que buscar...
Pior que o inferno, num deserto de inverno
num vagar eterno de infinito caminhar...
ralleirias -Meta teatro


desgraçadamente só...

Preso em fragmentos intermitentes da eternidade...
Quais as chances de modificar o mundo de verdade?
Todas...ele muda a cada segundo.
Quando a mente acordava...Disparava.
Transportava-se numa bala de prata...
Até uma ilha remota...
Uma maldição mágica...
Onde era soberano, imbatível, mago,
Insuperável e desgraçadamente só...
Acessava outros tempos
Dominava todas as artes
Sabia sobre o absoluto
Tudo sobre o todo
E também o todo em partes...
Dominava todas as artes
Insuperável e desgraçadamente só...
Ralleirias ([blues] - Em fragmentos)


reverência

Interessante como a barbárie a morte e o trucidamento,
nos são apresentados em horários nobres e integralmente,
até na hora do almoço...

Já uma bunda, ou peitos e qualquer menção sobre sexo
ainda são tabus, malícia, coisa proibitiva e falta de respeito...

Decerto que há tempos e ocasiões para vermos tudo,
e até podemos pensar assim...
Mas claramente há uma intencional dicotomia velada
quase subliminar, entre expressões da vida e da morte,
e nela, explicita está uma indução para a reverência ao medo
e banalização da violência...
ralleirias




tua partida...

Tão triste saber de tua partida...
Estas rupturas são sempre inesperadas
E então, assim serão todas, sempre sofridas...
E cada memória, cada alegria
Agora... tornam-se alegorias
De quem te tem na lembrança
E nada resta mais, nem há alguma esperança...
De te ver quem sabe, num outro dia...
Que tenha valido à pena
E que tenha sido plena...
Que esta grande mudança
Te seja como uma epifania...
Sobre os teus caminhos 
agora, nas tuas eternas andanças
ralleirias- Crônicas das mortes não morridas


onde eu a conheci...

Como os fantasmas
dos sonhos não realizados...
Cacos do passado...

Palavras não ditas...
Vontades malditas
Renegadas pelo medo.

Um por do sol não visto...
Um ente solitário
Um amor otário...

E o sorriso dela, que nunca foi pra ti...
Sempre tão bela... nunca esqueci.

Pudesse mudar tudo
Não mudaria o mundo...

Apenas apagaria aqueles segundos
E os malditos instantes onde eu a conheci...
ralleirias

segunda-feira, 17 de março de 2014

Quem sabe a vida é uma vaidade de tua alma...

Feita como promessa, 
no surgimento de tua vida.
Ainda que, sem nenhuma 
pressa ela seja vivida...
Em todos os teus sonhos... 
e incluindo aqueles de realidades.
Te esperei nas vontades, 
nas glórias e nos lamentos...
Sempre perto e disponível 
e em todos os teus momentos
Tua verdadeira parceira e consorte...
O que resta se não dar-te como prêmio
toda liberdade frente à própria 
causalidade... milênio após milênio
Quem sabe a vida é uma vaidade de tua alma,
e a morte, eis que é a única verdade...
E te guarda com calma, serena, 
e para toda a eternidade...
- das asceses místicas

Restritas às nossas compreensões.

Há portas e janelas inusitadas...
complexidades, são sempre restritas às nossas compreensões.
Por certo que as escolhemos em nossas miradas...
Possíveis ou impossíveis somente porque partem de nossas decisões.
ralleirias

O mundo espera...

O mundo espera...
que o ódio e violência distribuídos
permanentemente
façam algum sentido
e desçam suavemente
por sua goela...
e... sem sequelas...
é o que mundo espera...
ralleirias
Quadrinho da MORsense
Metáforas para vida:
Mídia sensacionalista.

...

Era uma vez...

Era uma vez...
Um tempo, em que nem eram assim tantos os porquês...
Mas apenas no meio de um sonho burguês...
E... não foi o que aconteceu com vocês?
ralleirias (fragmento)

Quadrinho do Bruno Maron.

a parte que me cabe...

Frente ao que resta...
das marcas do ruim ou bom
o que mesmo presta?
E a parte que me cabe...
Quem sabe?
Pois quase tudo é escolha...
Nossas tristezas e alegrias
são como breves fantasias
dentro de uma bolha.
ralleirias

a redenção...

E existe alguma solução para um problema
que não envolva necessariamente
a redenção dos nossos dilemas?
ralleirias

Já não deveria bastar?

Sim, o que mais nos resta,
senão tudo!
Mesmo o que não presta
e o absurdo...
Nada é maior que nada...
e o tudo, nem é o todo...
É nós, correndo feito bobos
tentando todo o tempo,
nos equilibrar...
No entando,
somos maiores que o mundo
E ele, só acontece
em nosso entorno.
Parte de nós e nosso interior profundo...
E isto já não deveria bastar?
ralleirias
Oquadrinho é do genial Gervasio Troche

domingo, 16 de março de 2014

No mesmo momento...

No mesmo momento em que te vi
Me apaixonei.... não resisti
Na primeira conversa que tivemos
Nós dois... um ao outro lemos.
Mas eu li: 'romance'
Tu leu: 'aventura'
E nossa história, de fato
Era mesmo sobre loucura...
ralleirias


sábado, 15 de março de 2014

Mais alguns minutos...

Queria apenas, mais alguns minutos...
segurando tuas mãos...
Olhando em teus olhos
mesmo com tantos senãos...

Teu coração palpitando...
Tu apertava minhas mãos...
E ainda olhava em meus olhos
mesmo com tantos senãos...

Queria apenas mais alguns minutos...
Como aqueles, carregados de eternidade
nos amávamos tanto...mesmo
em meio a tanta maldade...

E por amores conjurados
escolhemos a solidão
Pois não há eternidade que dure
em meio a tantos senãos...
ralleirias(fragmento)


Tão breves

Tão breves somos 
em nossas sensações...
No entanto, nos
inconvenientes 
o 'agora' em frente,
pode parecer como 
uma eternidade!
Pois, vivemos pelas emoções
e por nossas humanidades...

Mas, o tempo e espaço são cruéis...
logo mais, já haverá outra singularidade.
E quem sabe, estes são os nossos papeis?
Todos como instâncias, e em transitoriedades!
Neste entra e sai... elo, anéis, correntes
nestas realidades recorrentes.

ralleirias - Metateatro




Inútil, qualquer pretensão de glória.

Não tenho e acho que é inútil, qualquer pretensão de glória,
ou preservação de minha específica memória.
Tenho certeza absoluta, que todos seremos esquecidos em algum tempo.

Talvez um ou outro verbete em algum dicionário, numa cômoda
empoeirada, reste dos que marcaram suas trajetórias em ações que
interessam aos que contam as histórias.

O esquecimento não é problema e não me incomoda.
Mas, descobri algo que considero precioso sobre a arte que se faz...

Seria a arte, ao meu entender, a legítima expressão da vida...

A arte, somos nós e nosso mundo, nossas idiossincrasias, em
um amalgamento contínuo, com quem nos lê e entende e vê e aprecia...

E isso é para mim, excepcionalmente lindo.

Creio que esta é uma legítima expressão, não apenas da arte, mas da vida...

Isto é a vida comungada por mentes e viveres que jamais se repetirão.

E o mais fantástico é que, este ente, que passa a ser esta própria compreensão,
segue vivo, às vezes, mesmo latente de uma mente para outra mente,
propagando-se, melhorando, replicando-se, em versões diferentes e melhoradas
e sempre vivas e transformadas ...

Os grandes mestres do passado estão aqui, não apenas do meu lado,
mas em mim, e em ti, nas suas poesias eles ainda existem, nos tocam,
nos moldam, e nós, os reconstituímos em cada compreensão, e assim, os vivemos...
Nas suas obras, nos ajudam a construir ideais de beleza e de vida, e a expressa-los.

Meus poemas, minhas prosas, estas odes, crônicas e ensaios, não são meus
integralmente, sou fruto desta amálgama eterna que é a humanidade,
meus poemas, são da humanidade 'do' e 'no' enquanto...

Mas por isso mesmo, faço questão de assina-los,
responsabilizando-me por fazê-los... mas, é muito mais como quem
estende a mão para cada um que lê e diz :

Muito prazer, está aqui este pequeno escrito, eu o fiz, é também para nós,
e entrego-o aos teu cuidados, toma-o inteiramente para ti...
ralleirias
Cartum do genial Troche

Similaridades

O que nos torna diferentes ou iguais?
Similaridades, conveniências, 
sociabilidades, tendências...
Coisas elevadas, coisas banais?
Nosso desejo de aceitação... 
ou a necessidade de dominação?
Quando elegemos nossos pares, 
o fazemos por quais gestos e olhares? 
A realidade talvez seja uma eterna 
construção com blocos de amor e maldade, 
unidos pela servidão... ao fato ou ao ato. 
Intensão e consequência não tem o mesmo 
compasso em nossas existências, 
logo se desdobrarão até a completa dissidência.
Se há um sim ou um não... importaria descobrir 
quem elege a razão?
Há quem deseje realmente o estado de liberdade 
enquanto não a compreende nem em si, e de verdade?
E a verdade... talvez só exista em um pequeno lapso 
de espaço e tempo, assim como as felicidades
e suas lucidas consciências...
Porem, sempre acompanhadas 
de possibilidades e reticências... 
ralleirias -Metateatro

A tirinha é do Ricardo Siri Liniers (a de cima é original e a de baixo uma colagem 
que eu fiz, inspirado e em conformidade com o que  acredito que o mestre ...
Marcel Duchamp  aprovaria :D ) 

sexta-feira, 14 de março de 2014

Os mesmos problemas, as mesmas capacidades, dores e incapacidades...

Parece que em alguns momentos somos extremamente dependentes,
tanto das respostas que obtemos do meio externo, quanto das nossas
expectativas internas sobre estas respostas...
Amar, tolerar, odiar... quando este ciclo se intensifica, e numa frequência alta,
fica tudo meio misturado...
Um atenuante à esta dependência das respostas que recebemos destes estímulos
externos é a nossa própria compaixão.
Num mundo de expectativas e sofrimentos comuns, fica mais fácil entender o outro
como um ser que tem os mesmos problemas, as mesmas capacidades,
dores e incapacidades que nós temos...
A compreensão desta similaridade pode ser a ponte que torna possível nossa
compaixão chegar ao próximo...
A compaixão pode até obter reciprocidade,
mas partindo de cada um, é um caminho de mão única...
Ocupados com ela, por este mesmo caminho
não trafegarão então as pesadas cargas de ressentimento e mágoas ...
ralleirias


O ponderável e o imponderável,

"Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. 
Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você."
- Friedrich Nietzsche -

Muito mais que filosofar sobre o ponderável e o imponderável,
Nietzsche sintetizou nesta frase os desdobramentos que se revelam
nos comportamentos que assistimos agora no dia a dia, a barbárie
dos justiceiros, a estupidez de um crescente grupo de fascistas que
se espalham e pipocam por todo o globo...
As elites de ultra direita, também se enquadram nisto,
e se valem disto... Pois elas são o próprio monstro...
E através da manipulação midiática e do arroxo monetário,
do alastramento da cultura rasa e da cultura do medo, maliciosamente
trabalham na manutenção de seus privilégios e tentam realizar o sequestro
das liberdade e do poder de decisão e de justiça das populações por suas
demandas sociais e humanas .
ralleirias


'cebola filosófica'...

Já fazia algum tempo que não encontrava
um quadrinho da categoria 'cebola filosófica'...
são tantas camadas para explorar e pensar...
por exemplo...
partindo do fim para o início...
toda essa tralha acumulada ,
é necessidade ou é capricho?
que posições ocupam a vida e a alma
na sociedade do lixo?
ralleirias

Nathan Bulmer - Pig Death.

Quais os caminhos que devemos trilhar?

Quais os caminhos que devemos trilhar?
Nem sempre se anda por onde se quer andar...
Nem sempre é possível...
Nem sempre é prudente...
E o mais incrível é querer então ser consequente.

O caminho está posto... E está?
Ou será que também é imposto este caminhar?
Que forças moldaram o percurso da estrada?
E se o trajeto proposto à você, lhe conduzir a nada?

Talvez sejam apenas, como metáforas polifônicas...
Sua diversidade finita, se mostre infinita,
Apenas porque partem de matrizes randômicas...
ralleirias




te transforma

Um saber no então, novo, que te transforma
também é uma força que te conforma...
E hoje como renovadora ação
nesta base agora anotada
será a mesma prisão arrombada
na tua próxima pessoal revolução...
ralleirias -das lutas de classe


mais metáforas polifônicas...

Mais e mais metáforas polifônicas...
Alimentamos tantos sistemas
Somos pilhas genéricas,
Para continuações autômatas?
ralleirias

maldição de minha alma aflita...

Maldição, maldição de minha alma aflita...
Mil vezes mil vezes... maldita...
Jurei que não deixaria...
Como diabos foi acontecer....
Mas, e como impedir,
quando acontece... e o quê fazer?
Mal sem cura, dor que é prazer...
Maldita catarse de bem querer...
Vou, me entrego nesta enorme convulsão...
E foda-se toda lida, e foda-se o mundo...
Eu só tenho a certeza de que quero é beijar tua boca, querida...
Maldito esse meu coração vagabundo...
Ele não dá à mínima, para as complexidades do mundo...
E nem as da vida.
ralleirias


terça-feira, 11 de março de 2014

O que vejo em ti...

O que vejo em ti, além do tempo percorrido,
estampado no teu semblante, e estas muitas estranhezas...?
Me parece que somos bem parecidos, apesar delas,
igualmente temos tantas certezas...
Essa tua vida curiosa, não é diferente da minha.
Tão confusa e belicosa, tão sedenta e tão mesquinha...
Freneticidade compulsiva,
buscando felicidade
em meio à tantas tentativas...
...nos falta quem sabe, sincronicidade
e talvez, alguma perspectiva...
E o tempo, ele está ao nosso lado,
mas muito despreocupado,
...com o "fim da 'nossa' linha"...
ralleirias- Das mortes não morridas- fragmento.



do contrário ...

Particularmente, gosto da ideia de que posso ser convencido
do contrário em relação as coisas em que acredito.
Na verdade esta é uma idéia maravilhosa, pra dizer, no mínimo.
Pois daí, percebo que minha mente não cristalizou ninguém,
e nem minhas opiniões, e principalmente minhas perspectivas.
Ao descobrir que estava enganado, ao invés de uma decepção,
vejo isso como uma redenção, onde à partir desta perspectiva nova,
se abre também um novo mundo de possibilidades,
e quando isso acontece, fico muito... empolgado...
ralleirias


labirinto de instâncias

Essa vibração disparada
abre uma porta fechada...
pra um lugar e um tempo especiais...
um mundo que já não existe mais
que perdeu-se num labirinto de instâncias
longe do bem e do mal...
e carregado de significâncias
ralleirias (fragmento)


Sua mente, ah... sinto muito, acabou de acabar...

Sua mente, ah... sinto muito, acabou de acabar...
Mas lhe felicito, ela surgiu e ressurgiu num
looping randômico, que há de se perpetuar...

Foi num universo, que acaba em cada instante...
Num multiverso que surge, mas, em que
nada nunca foi ou será como antes...
Pois o antes, assim, não aconteceu...
Mas, não é o que você percebeu...

Veja, que este universo, o que você
esta formando neste instante,
foi ele (e não sua mente) quem nasceu...
Ficou melhor? Compreendeu?

Mas... eis que tudo, nunca esteve em outro lugar...
Os seus átomos nestes bilhões de anos...
Por onde andavam? Aonde foram vagar?

Sua mente, ah... esta sua mente
nem mesmo resiste a um instante...
No entanto assim se perpetua...
Pois, o antes e o depois, é o durante!
Sinapses, peptídeos, eletricidade, ela insiste...
Tão volátil, cambiando razões... é mutante...
E assim... resiste!

E não é que, aquilo que ela queria,
já nem mais existe... e às vezes,
nem nunca existiu...
Quem diria?
Surgindo, ela sumiu..!
ralleirias - crônicas das asceses místicas


Francamente... e todas não o são assim?
Só eu que acho que sim..? 
Pois e ainda bem, pelo menos pra mim...
ralleirias

No que é subjetivamente objetivo... ali existe um perigo.
ralleirias


Vele sempre lembrar...

Vele sempre lembrar...
A felicidade também pode ser uma idealização, um algorítimo externo...
E como coisa inventada, e grande meta estipulada,
aqueles poucos que chegam até ela, podem descobrir isso tarde demais...
ralleirias



O inferno, segue sendo opcional.

O inferno, segue sendo
não opcional, é um lugar obrigatório,
mas não absolutamente permanente...
Pois nem todo inferno é igual
sempre depende, da sua mente.


O meu, é um inferno brando...
baseado em suposições
de que estou odiando
ou amando...
E mergulhado nestas ilusões
vou queimando... tudo e tanto...
Mas, até quando?
ralleirias - Do rabo do diabo - fragmento


Nunca é muito desejar por uma utopia

Nunca é muito desejar por uma utopia, 
e assim nada é demasiado complicado, 
pra quem sabe sonhar.
O desejo de amor, a certeza da morte 
como se fôssemos combustíveis, para isso deveriam bastar.
Transformar a própria realidade já é difícil, quanto mais mudar 
um mundo... 
No entanto, assim como as grandes viagens começam com 
um pequeno passo, um mundo melhor, começa na vontade e 
nas práticas cotidianas de cada indivíduo.
A construção de qualquer coisa, começa antes com uma ideia,
um sonho... Necessitamos de sonhadores, mais do que nunca, 
como dizia Galeano...precisamos do que hoje é visto até como delírio:
Um mundo mais justo, mais humano, mais pacífico... melhor.
E estes ideais, devem ser fortes o suficiente para tomar o lugar
de todo este lixo que nossa sociedade teima em considerar
como bens supremos, toda esta estupidez bélica, que os 
mandatários do mundo capciosamente teimam em chamar 
de 'liberdade e de democracia', corrompendo estas palavras 
e as tornando sinônimos de morte e abuso...
No tanto de verdade, que se constrói na realidade, 
quem são os loucos furiosos que constituíram esse mundo, 
onde massacram inocentes, trucidam crianças, destituem e 
usurpam populações nativas, dissolvem famílias,  clãs e 
culturas inteiras e destrói-se tudo, abusa-se de tudo em benefício 
do dinheiro e dum sistema monetário que se sobrepõe à vida? 
Você e suas vontades (as legítimas e as herdadas) dão quorum 
pra qual mundo?
ralleirias