domingo, 31 de janeiro de 2016

fazer para ver...

Descomplicar a vida, pode parecer impossível,
porém, há práticas que nos permitem exercitar
um poder sobre a própria necessidade de controle constante
e dos nós que isso dá em nosso cotidiano...
Não tem que crer em nada, o esforço aliás, é mínimo
e além de tudo, empodera quem de direito ...
Foca 'apenas' a tua consciência.
E poder sem controle é possível?
É só fazer para ver...
ralleirias

imagem Acervo Ral

precipitadamente...

Sentado numa nuvem, movia-se, 
disparando relâmpagos,
para o alto e para frente, 
tomava carona em correntes 
de ar ascendentes...
e de acordo com o relevo
eventualmente, deslizava para traz 
e para baixo, precipitadamente...

Molhava as casas, seus telhados 
e aquelas pequeninas pessoas
que corriam para um e outro lado, 
fugindo da tempestade com seus 
guarda chuvas molhados, 
e alguns eram repentinamente
pelo vento, tombados...

ralleirias - Cartoon escrito

os enganos mais estúpidos...

Sim, há lutas externas.
Mas as mais difíceis são internas...

E no entanto, quando a vontade apaixonada prevalece, 
nossos devaneios nos arrebatam, e nada nos impede de 
cometer todos os enganos mais estúpidos...

E às vezes, lutamos pelos sonhos errados,
e que sequer são nossos ...

Escolha bem seus combates... 
ou acabará lutando contra si próprio.
ralleirias

Vai o velho corcunda

Vai o velho corcunda
carregando dores,
numa estrada vaga e estranha, 
cadê seu mudo, sumiu? 

Arrasta o tempo junto...
Ele é o seu mundo curvado.

O velho corcunda é o único legado
ele representa um mundo, nele,
moram estas últimas instâncias
dum passado que não mais será lembrado...

E perdendo-se
adentra becos errados
seus caminhos,
são sem saída!

Destino marcado
escorreu-lhe assim
em demoras vagas
esta maldita vida...
Que agora
em dor acaba.

Tomando assim,
todo o tempo do prazer que sentiu
...destruidora, traidora...
Puta má e sádica 
que lhe pariu.....

(...)
ralleirias - Das lutas de classe

imagem: Google imagens

Metáforas co-emergentes

Nossas metáforas,
são quase sempre mais que idiossincráticas, 
pois, ainda que falem duma percepção incomum, 
serão compreensíveis aos nossos interlocutores 
graças às nossas intersecções de mundos comuns. 

Assim, me parece que podemos ser iguais nas nossas diferenças, 
diferentes nas nossas igualdades, indiferentes nas nossas ignorâncias 
e co-emergentes em nossa realidade....

Será que as virtudes e defeitos de cada coisa,
são de valor igual à sociedade que às produz?

Parece que exatamente nestes pontos comuns
de nossos mundos compartilhados, é onde realmente
poderemos fazer uma transformação do ideal de real
da coletividade, e somente assim, à partir de nossos mundos privados...

Será?
ralleirias
crédito na imagem

O olho, enxerga poemas.

O olho, enxerga poemas.
Estão em gotas de chuva,
e mesmo nas manchas de óleo...
E por todo o ecossistema...
O olho, enxerga poemas.
Quase prontos, sem problemas
de dialética e de lógica,
e de outros tantos teoremas...
O olho, enxerga poemas.
Onde há dor e padecimento
e nos bons ou maus acontecimentos...
é onde ele os enxerga, às centenas...
O olho, enxerga poemas
quando o olhar,
toca em todo
e em cada lado
afinal,
o que é bom e
o que é mau
não tem
de ser desvendado?
Não tem que ser revelado,
desmistificado e desvelado?
É que em poemas,
tudo é melhor sintetizado
nem tudo fica explicado,
mas, fica bem convencionado...
que o olho, enxerga poemas
talvez,
pra diluir
aos poucos
os problemas
deste mundo
infestados de
lobos e de loucos...
E assim, nas coisas maiores 
e mais pequenas
o olho, enxerga poemas
aonde poemas, são 
tudo o que há...
ralleirias -meta teatro






Piamente.

Vai pro inferno!?

Então, não seja paciente!

Mas, ande sem sair da fila,
e aguente quieto, cusparadas na nuca,
e todo o bafo fétido e quente...

Das que serão eternas baforadas
em falas espúrias,
e fascismos fáceis...  muito aderentes.

Seja mais um puxando a corda,
ainda que sempre de forma displicente!

Beba da mesma fonte do fedor pútrido,
defecado em certezas cruas, maléficas
siga cego em ódio, 'auto-centradamente'
mas, vá em frente!

E conte com atrasos e problemas,
criados por você mesmo, permanentemente...

E não se esqueça...

No inferno, todos os demônios
também pensam que são gente...

Assim, quando lá, faça como 'eles'...
E creia em si, piamente!

ralleirias (Das lutas de classe)

Imagem Acervo Ral

Sete mil setecentos e setenta e sete hertz

7777
Sete mil setecentos e setenta e sete hertz
permanentemente...
este zumbido infernal...
dia e noite... e noite e dia...
Atormentando cada instante
da minha existência...
Preenchendo minha angústia vazia
testando minha paciência...
emudecida... pelo não amor...
confuso com tua ausência...
instância zunida de extrema dor...
dia e noite... e noite e dia...

Da aflição, foi dito, que não é uma real dor...
Mas ela irrompe, e acaba com a própria paz.
Quem disse isso, não sabe sobre aflição de amor,
e que de levar até à loucura... ela é muito capaz...
Nos transforma em meros fantasmas,
e como assombrações...
Ficamos, feito miasmas...
Famintos por nossas paixões...
espíritos atormentados... almas vazias...
dia e noite... e noite e dia...

Os meus...
Sete mil setecentos e setenta e sete hertz
são meus... infeliz e permanentemente.
não parecem tão ruins,
ainda que me atormentem...
nem vão me levar à demência...
assim como o nosso 'fim'
assim como a tua ausência...
pois esta, zune sim, a tua total indiferença...
e a tua falta, enfim, pra mim representa...
Sete mil setecentos e setenta e sete hertz
de dor, aflição e agonia...
dia e noite... e noite e dia...
ralleirias




é por esta gênese

Claro, tudo vai ficar bem,
tudo fica.

O amanhã tem este condão,
e a esperança
também
como um lenitivo
pra qualquer situação
principalmente
o que não nos convêm.

Mesmo porque,
quando se trata de transformação
o mal que vivemos, é o que nos qualifica.

E acho que é por esta gênese
é que tudo também se complica...

ralleirias



...respirando..

Muito de vez em quando,
olho para um eu que não mais existe,
e embora saudoso não fico triste...

Este eu, de certa forma
está quase aqui
traz tudo isso ainda em si

e assim continua vivo

...respirando...

Muito de vez em quando!

ralleirias

Imagem acervo 2015

E pulsam nas minhas veias.

Meu legado, pífio ou valioso,
talvez nem seja importante para o 'depois',
mas seja sim no meu ' durante'...
E assim, possibilita-se um olhar diferente
sobre a morte,  não colocando-a em um todo ruim...

Gosto de pensar, que um pouco
deste todo em que habito,
só vive e sobrevive por mim...

Mas, que isso vai também morrer,
e renascer, continuamente... sem fim. 

Talvez porque me pareça, que o cerne de cada cultura 
migra pelas cabeças, e não importa se mais ou menos atentas...

A cultura é como um ente vivo,
que não tem os sofisticados melindres humanos, 
desconhece significados como os da nossa justiça,
assim como nós a entendemos,
e muda como todos nós, ocupando-nos de novos papeis,
nos migrando, entre realidades múltiplas...

Meus antepassados, sabe-se lá por onde andaram
no que acreditavam, ou com o que sonhavam
e que demônios temiam, e para quais deuses rezavam
mas, sem dúvidas, todos estão ainda comigo aqui... 

Não lembro todos os seus nomes, mas conheço e 
entendo as suas glórias e seus medos e conheço as 
suas mesmas certezas relativas... 

Corre nas nossas veias, algo deles, que se mistura
 num resumo de nossas essências, nos recompondo 
em novos e melhores mundos, e aonde pode-se às 
vezes enxergar mesmo a força pulsante de todas estas vidas...

ralleirias

Imagem: © Like_He

sábado, 16 de janeiro de 2016

sem discernimentos...

Entre meus fantasmas
incluía-se a senilidade
como uma espécie de monstro
sem discernimentos...

Agora sei que na verdade
ela é como um anjo
dos esquecimentos...

Eu, sou o eu que esqueço?

Assombro-me
com este alguém do espelho
que de algum lugar reconheço...

Parece ter o que me contar?
Padeço...

Eu, sei do eu, que doeu,
e não vou e nem quero lembrar...

Eu, nem preciso de um eu...
Pois vou me reinventar.

(...) ralleirias
crédito na imagem

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Consciência, acorda como uma meta?

Tento à tanto tempo...

Consciência,
acorda como uma meta?

Saber é cárcere?

Ser é mesmo algo além de coisa,
quando crê em ser?

  Há uma curva
       de retorno da intenção
           dum emissor
                que convencionou-se chamar de resposta,
                       e que, quando atendida
                            cria um looping
                              dentro de uma bolha
                               e este percurso lógico
                               vai afinando
                            as já frágeis paredes,
                        que por transparentes,
                    parecem projetar realidades alheias
               que são assimiladas erraticamente
         até que ela estoure
   num 'Bummm' transcendente...

verte-se daí, o então em
intentar consequências
inventar experiências
inverter tendências
e numa resposta, o  um...

Ele é!
E não é.
E nem é,
nem não é.
Contudo...


ralleirias - meta teatro
crédito na imagem


sei eu ser?

Ninguém, quer amar ?

Ninguém, quer ser?

Ninguém, quer lembrar
ou fazer-se lembrar ?

ou... esquecer?

Tudo é mais pesado
só quando comparado.

Ninguém
me acuse de querer,
sem nem saber se...
sei eu ser?

ralleirias -aonde está o blues

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sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

'Não'

O 'Não'
é agora o meu signo preferido,
significado em selo proibitivo de outorgas
aos preteridos significantes...

Subversão das vontades alheias,

cárcere inexpugnável
aos votos dos externos,

rede de proteção
contra os infernos

no não quero,

 há  o  eu posso.

ralleirias -Crônicas das lutas de classe


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